José Pinto nasceu em 19 de Junho de 1956, em Lisboa. Foi o primeiro marchador português de classe internacional, tendo representado o país em 19 vezes.
O gosto pela marcha surgiu no Verão de 1974 quando assistia, na sua casa e na companhia de Fonseca e Costa e Rui Mingas, a mais uma jornada dos europeus de Roma, observando, com muita atenção, os marchadores que terminavam a sua prova.
Foi o primeiro marchador português a estar representado nuns Jogos Olímpicos e o único marchador masculino, até aos dias de hoje, a conquistar uma posição nos oito primeiros lugares. Los Angeles, em 1984, marcou um novo ciclo para a especialidade em Portugal. A imprensa desportiva e generalista deu então grande destaque ao resultado do José Pinto
Representou o SL Benfica (1986 a 1979), CF Os Belenenses (1980 a 1992), Individual (1993), Alfenense CA (1994), CDUL (1995), CF Os Belenenses (1996 e 1997), Alfenense AC (1998), CDUL (1999 e 2000), CF Os Belenenses (2001 a 1003) e CA Galinheiras (2004).
Para além de Los Angeles, esteve em mais dois Jogos Olímpicos, em dois Campeonatos do Mundo e três Campeonatos da Europa, com destaque ainda para um 2º lugar no Campeonato Ibero-Americano de 1983.
Foi 12 vezes campeão de Portugal nos 20 e 50 km marcha. Nos 20 km, entre 1980 a 1984 e 1990. Nos 50 km, em 1985, 1987, 1989 a 1991 e 1993.
Recordista nacional em 35 vezes, com destaque para os de 20 e 50 km marcha.
Recordes pessoais | ||
20 km | 1.24.05 | 1989 |
30 km | 2.08.47 | 1989 |
50 km | 3.52.43 | 1989 |
5.000 m | 20.00,70 | 1988 |
10.000 m | 41.20,30 | 1985 |
Hora | 14.418 m | 1986 |
Em 1997, José Pinto deu uma curiosa entrevista ao jornal “O Marchador” onde contou onde e como conseguiu os mínimos para os Europeus de Atenas em 1982.
“Fiz uma primeira aproximação no Grande Prémio de Alenquer. Os mínimos, na altura, eram muito exigentes, 1.29.00 h, quando o recorde nacional era de cerca de 1.42.00 h. Esses mínimos não eram mais do que um «pro forma». Tínhamos solicitado uns mínimos para servirem de referência e de estímulo para a nossa evolução mas nem nos passava pela cabeça fazê-los. A marca de 1.29 h era já de nível internacional e o nosso recorde nacional ficava muito longe disso.
Em Alenquer, então, fiz um tempo de cerca de 1.31 h, que já era um salto notável em relação à minha «performance» anterior. Fiquei bastante motivado mas, ao mesmo tempo cheio de raiva: por um lado, a federação tinha estabelecido os mínimos como mero «pro forma» mas, por outro, isso encheu-me de força para trabalhar mais e com mais afinco.
Nessa altura havia cá em Portugal um grande prémio internacional, o único, que era o Planície Dourada, organizado pelo Pax Julia, um clube de Beja. Vieram cá atletas com boas marcas, nomeadamente o Luis Bueno, de Espanha, que era uma das grandes promessas espanholas, tinha feito uma boa marca na Taça Lugano desse ano e me deu uma grande ajuda. Esteve o Hélder Oliveira, que também fez uma grande marca. Reuniu-se um conjunto de bons atletas e com a moldura humana que envolveu a prova estavam criadas as condições para se realizarem as marcas que se conseguiu realizar nessa altura. Fiz 1.28.50 h.
À entrada para a última volta, eu e o Hélder estávamos atrasados em relação ao mínimos. Tínhamos de fazer quatro minutos e pouco no último quilómetro, o que na altura era andar muito. Eu disse então ao Hélder que não valia a pena esforçarmo-nos porque era impossível fazer o último quilómetro tão rápido. E ele disse (lembro-me perfeitamente): «Não, senhor, vamos fazer os mínimos!» E tomou a iniciativa, acelerou muito mais o ritmo, eu persegui-o. A cerca de 300 metros da meta, disseram-nos que estávamos muito perto de conseguir os mínimos, reuni as últimas forças e dei mais um esticão. Distanciei-me um pouco do Hélder, que acabou por ficar a dois segundos dos mínimos”.
–PARABÉNS JOSÉ PINTO!