Francis Obikwelu nasceu em 22 de Novembro de 1978, em Onitcha, na Nigéria. Naturalizou-se português em 26 de Novembro de 2001. Representou o CF Belenenses entre 1995 e 1996 e o Sporting CP desde 1997.
Ainda na Nigéria, vivia com os pais e quatro irmãos em Onitsha, povoação com cerca de mil habitantes, a algumas centenas de quilómetros de Lagos. Deixou a escola aos 14 anos para trabalhar, descarregava camiões quando eles apareciam na cidade. Entretanto, jogou futebol, seguindo as pisadas do pai. Desde logo, deu nas vistas graças à sua velocidade, chegando a ser convidado para dedicar-se ao atletismo. Mas a mudança só se daria mais tarde, quando uma lesão num joelho o obrigou a deixar o futebol. Rapidamente se destacou e com idade de juvenil (15 anos), foi convocado para a seleção de juniores que iria participar no Mundial da categoria, em Lisboa, em 1994. A sua principal prova era então os 400 metros. Foi o melhor dos não apurados para a final, com 46,79 e participou depois na estafeta 4×400 m que foi sétima na final.
Com dois outros elementos dessa estafeta, Wilson Ogbeide e Sylvester Omodiale, optou por permanecer, ilegal em Portugal, não regressando à Nigéria com a restante comitiva.
Obikwelu apenas dissera o que ia fazer a uma das irmãs, mais velha, pedindo-lhe toda a confidencialidade. Os três atletas nigerianos dormiram a primeira noite depois da fuga, numa estação de metropolitano de Lisboa. Tentaram meter conversa com vários negros que por ali passavam, até que conheceram um ganês que falava inglês e os levou para sua casa. Depois, um amigo nigeriano que vivia no Algarve convenceu-o a deslocar-se até ao sul do país, onde seria mais fácil arranjar trabalho nas obras. Começou a trabalhar, procurou uma professora inglesa que lhe ensinasse português e foi através dela que conheceu aquele que seria o seu treinador em Portugal: Fausto Ribeiro. Este levou-o para o Belenenses e foi no Estádio do Restelo que viveu alguns anos, protegido por um casal de secionistas do clube que se tornaram como que os seus pais adotivos. Com as primeiras provas pelo Belenenses, no Verão de 1995, começou a fazer sensação. Um ano depois, ingressava no Sporting e passava a profissional.
Rapidamente se tornou um dos melhores velocistas mundiais. Foi campeão mundial júnior em 1996 e, no Mundial de pista coberta de 1997 e no Mundial de ar livre de 1999, foi medalha de bronze nos 200 metros. A naturalização chegou em Outubro de 2001 e foi já por Portugal que Obikwelu se sagrou campeão e vice-campeão europeu em Munique’2002 e vice-campeão olímpico em Atenas’2004.
Sucessivas lesões em 2003 levaram-no a mudar-se para Madrid, seguindo os conselhos do casal espanhol de treinadores Pasqua Piqueras e Maria José Martinez e certamente também os do seu empresário Miguel Mostaza. Deixava o seu treinador de sempre em Portugal, Fausto Ribeiro. Comprou casa nos arredores de Madrid e passou a treinar lá. Embora tenha mantido uma forte ligação a Portugal, continuando a representar o Sporting e a seleção nacional, ao ponto de ter escolhido as cores da bandeira para os sapatos com que correu no Europeu de Gotemburgo, em 2006. Este foi o segundo momento mais alto da sua carreira: sagrou-se folgado campeão de 100 e 200 metros.
Os dois anos seguintes não foram felizes. No Mundial de Osaca’2007, foi desclassificado após uma inexplicável falsa partida na eliminatória inicial de 100 metros, naquela que terá sido a grande desilusão da sua carreira. Nos Jogos Olímpicos de Pequim’2008, apresentou-se em forma deficiente e foi apenas sexto nas meias-finais de 100 metros. Era o ponto final na carreira como atleta de alta competição. Ao longo dos últimos anos, foi aplicando o dinheiro que ganhou em negócios imobiliários, em Espanha, Portugal e Nigéria, país onde duas vezes por ano continuou a visitar os pais.
Depois dos Jogos de Pequim foi viver para Albufeira, no Algarve, onde criou uma fundação para apoiar jovens desportistas. Embora treinando menos intensamente, continuou a participar em provas pelo Sporting. Acabou por se entusiasmar e voltou à seleção nacional no Campeonato da Europa de Seleções, em Leiria, e, no final da época, no Mundial de Berlim, integrando a equipa nacional de 4×100 metros.
Em 2010 e 2011, regressou a plano de relevo ao ser 4º no Europeu de Barcelona e surpreendente campeão europeu de pista coberta. Depois, lesionou-se e falhou o Mundial. Em 2012 contraiu grave lesão bem cedo na época, só regressando, a “meio gás”, mais de um ano depois.
Em 2014, ainda foi vice-campeão nacional de 100 m e esteve na estafeta nacional que se apurou para a final de 4×100 m do Campeonato da Europa.
Em 2015, embora competindo menos, continuou a ser muito útil na seleção de 4×100 m que conseguiu mais um recorde nacional: 38,65 no meeting de Rieti. Ainda se mantém em atividade, embora já não como atleta de alta competição.
Recordes pessoais
100 m – 9,86
200 m – 19,84
400 m – 46,29
60 m pista coberta – 6,53
200 m pista coberta – 20,46
Principais feitos
– Vice-campeão olímpico de 100 m (2004)
– Campeão europeu de 100 m (2002 e 2006), 200 m (2006) e 60 m – pista coberta (2011)
– Vice-campeão europeu de 200 m (2002)
– 3º no Mundial de 1999 (200 m) e no Mundial de pista coberta de 1997 (200 m)
– Vencedor da Taça do Mundo em 200 m, 2º em 100 m (2006) e 3º em 100 m (2002)
– Campeão mundial de juniores em 1996 (100 e 200 m)
– Campeão africano de 200 m e 4×100 m em 1999 (2º nos 100 m)
– Co-recordista da Europa de 100 m (9,86 em 2004)
– Recordista de Portugal de 100 m (9,86 em 2004), 200 m (20,01 em 2006), 4×100 m (38,79 em 2014) e 60 m – pista coberta (6,53 em 2011)
– 29 vezes internacional (por Portugal): 26 na pista (incluindo Jogos Olímpicos de 2008, Mundiais de 2005, 2007 e 2009 e Europeus de 2002, 2006, 2010, 2014 e 2016) e 3 na pista coberta (Mundiais de 2004 e 2008 e Europeu de 2011). Pela Nigéria esteve nos Jogos de 1996 e 2000 e nos Mundiais (ar livre e pista coberta) de 1997 e 1999
– 9 vezes campeão de Portugal
Títulos nacionais absolutos (9)
– 100 m: 2004, 2005, 2006, 2009, 2010
– 200 m: 2002, 2003, 2007
– 60 m (pista coberta): 2008
– PARABÉNS FRANCIS OBIKWELU!