Rosa Mota nasceu em 29 de Junho de 1958, na Foz do Douro. Começou a correr em 1973 no clube local, o Futebol Clube da Foz, tinha então 14 anos.
Logo nos dois primeiros anos de atividade, sagrou-se campeã nacional de juvenis de corta-mato e ainda com 14 anos, foi recordista nacional dos 3.000 metros, sendo a primeira portuguesa a baixar dos 11 minutos (10.45,6). Bateria esse recorde mais cinco vezes (até 10.09,2, em 1976), ao mesmo tempo que lhe juntava o recorde de 1.500 metros (até 4.31,5 em 1977).
Após cinco anos no F.C. Foz, ingressou em 1978 no F.C. Porto. Nesse ano, sagrou-se pela quarta vez consecutiva campeã nacional de corta-mato e continuou a melhorar na pista, correndo provas entre 800 e 3.000 metros, então a maior distância permitida no sexo feminino. Devido a uma lesão, não participou no Nacional de Corta-Mato em 1979. Em 1980, teve uma anemia que a afastou das pistas durante vários meses e quase colocava ponto final na sua carreira.
Em 1981, ingressou no CAP, um pequeno clube dirigido por atletas, nascido a seguir ao 25 de Abril de 1974 de uma cisão no atletismo do F.C. Porto. Ali conheceu José Pedrosa, o médico que a recuperou para o atletismo e que passou a ser o seu companheiro e treinador (com a ajuda de Pompílio Ferreira até final de 1982). Em 1981, Rosa Mota voltou a sagrar-se campeã nacional de corta-mato e foi 18ª no Mundial, naquela que foi a primeira presença feminina portuguesa. Alcançou ainda recordes nacionais na nova prova de 5.000 metros (16.22,6 e 16.05,8).
Em 1981, melhorou em 7m30s na Meia-Maratona da Nazaré (1.16.30) e ganhou inesperadamente a S. Silvestre de S. Paulo (feito que repetiria mais cinco vezes consecutivas). Depois, fez os mínimos nos 3.000 metros) para o Campeonato da Europa de Atenas (9.09,9) e começou a preparar a presença na maratona.
Oito anos de êxitos
O primeiro título europeu, em Atenas, foi o primeiro de um período de oito anos de sucessivas vitórias: Europeus em 1982, 1986 e 1990, Mundial de 1997 e Olímpico de 1988. Pelo meio, um quarto lugar no Mundial de 1983 e um terceiro nos Jogos Olímpicos de 1984.
Os problemas de saúde que teve no início da década de 90 não permitiram a Rosa Mota voltar a atingir o nível anterior, tendo abandonado a alta competição aos 36 anos.
Enquanto atleta de alta competição, participou em inúmeras provas populares em Portugal e era muito popular entre os atletas do pelotão e os espetadores que sempre a chamaram pela “Rosinha”.
Nunca deixou a modalidade, continuando a participar em inúmeras provas, algumas delas competitivas, incentivando os presentes à prática desportiva. Hoje, faz parte do Comité Olímpico Nacional.
Problemas com Federação quase inviabilizaram presença olímpica
Ficaram célebres os desaguisados entre Rosa Mota e José Pedrosa e a Federação Portuguesa de Atletismo, nomeadamente com Fernando Mota, na altura diretor-técnico nacional, mais tarde presidente. A presença nos Jogos Olímpicos de Seoul chegou a estar em perigo e obrigou mesmo à intervenção do ministro da Educação, Roberto Carneiro. A dada altura, a própria Rosa Mota chegou a admitir inscrever-se na Federação de Macau. Na origem do problema, esteve a sua ausência no Mundial de 15 Km em Estrada, uma vez que a atleta e o seu treinador entenderam que seria negativo participar na competição escassos dois meses depois da maratona do Mundial de Roma’87 (que ganhou) e em época de Jogos Olímpicos. A Federação acabou por suspender a atleta. Agora, os/as atletas da alta competição vão às provas que querem…
PALMARÉS
- Campeã olímpica da maratona em Seoul’1988 e medalha de bronze em Los Angeles’1984
- Campeã mundial da maratona em Roma’1987 e 4ª em Helsínquia’1983
- Campeã europeia da maratona em Atenas’1982, Estugarda’1986 e Split’1990
- Venceu as maratonas de Roterdão’1983, Chigago’1983 e 1984, Tóquio’1986, Boston’1987, 1988 e 1990, Osaca’1990 e Londres’1991
- Vice-campeã mundial de 15 km em estrada em 1984 e 1986
- 5ª no Mundial de Corta-Mato de 1986 (18ª em 1981, 21ª em 1982, 24ª em 1983 e 1984, 13ª em 1985, 24ª em 1987)
Internacionalizações (32)
- Pista+Maratona (23): 2 Jogos Olímpicos, 3 Campeonatos do Mundo, 3 Campeonatos da Europa, 9 Taças da Europa, 7 encontros entre países (entrou em todas as seleções nacionais entre 1973 e 1987)
- Corta-Mato (7): Mundiais de 1981 a 1987
- Estrada (2): Mundiais de 15 km de 1984 e 1986
Títulos nacionais
15 vezes campeã de Portugal de 800 m (1), 1.500 m (3), 3.000 m (2), 5.000 (1) e corta-mato (8)
Recordes pessoais | ||
800 m | 2.10,76 | 1985 |
1.000 m | 2.51,5 | 1981 |
1.500 m | 4.19,53 | 1983 |
Milha | 4.41,33 | 1985 |
2.000 m | 2.56,02 | 1990 |
3.000 m | 8.53,84 | 1984 |
5.000 m | 15.22,97 | 1985 |
10.000 m | 32.33,51 | 1985 |
1/2Maratona | 1.09.23 | 1990 |
Maratona | 2.23.29 | 1985 |
As seis medalhas de Rosa Mota
Ouro no Europeu de Atenas’1982
Foi a primeira maratona feminina de grandes competições e a estreia de Rosa Mota, que fizera os mínimos nos 3.000 m. Era uma ilustre desconhecida mas surpreendeu quando aos 40 km, se isolou de Ingrid Kristiansen e chegou isolada ao antigo estádio olímpico.
Bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles’1984
No Mundial de Helsínquia, no ano anterior, Rosa Mota perdera uma medalha por 37 segundos. Desta vez, ganhou a medalha de bronze com 37 segundos de vantagem sobre a quarta, a norueguesa Ingrid Kristiansen, recordista europeia e que, tal como dois anos antes, no Europeu de Atenas, foi ultrapassada por Rosa a dois quilómetros da chegada.
Ouro no Europeu de Estugarda’1996
Claramente favorita, quatro anos depois do seu triunfo em Atenas, Rosa Mota partiu limitada pelo tendão de Aquiles e há três meses que não competia. Mas aos 15 km, já estava isolada e terminou com mais de quatro minutos de vantagem sobre Laura Fogli, que já fora segunda em Atenas’82.
Ouro no Mundial de Roma’1987
Nunca um campeão mundial ou olímpico terminou com tão larga vantagem: 7m21s! Deu para a volta de honra com a bandeira, para as fotos e os beijinhos habituais e para esperar pela segunda. Terá sido a melhor maratona da sua carreira: 2h25m17s num percurso com mau piso muito calor e humidade. Antes dos 5 km, já estava isolada.
Ouro nos Jogos Olímpicos de Seoul’1988
A vitória mais difícil mas também a mais saborosa da carreira. A australiana Lisa Martin e a alemã Katrin Dörre colaram-se-lhe e só um ataque de Rosa aos 38 km a isolou. Depois, foi a caminhada vitoriosa até ao ouro olímpico.
Ouro no Europeu de Split’1990
Foi a medalha mais sofrida. Grande favorita, cedo se isolou e à meia-maratona chegou a ter 1m42 s de vantagem. Mas, entre os 24 e os 35 km, a soviética Valentina Yegorova, dois anos depois campeã olímpica em Barcelona, recuperou e juntou-se-lhe. Rosa reagiu e ganhou ligeira vantagem, que manteve até à meta, que cortou com cinco segundos de vantagem.
–PARABÉNS ROSA MOTA!