Carlos Calado nasceu em 5 de Outubro de 1975, em Alcanena. Representou a Casa do Povo de Alcanena (1990 a 1993), Clube de Natação de Rio Maior (1993 a 1996), Sporting CP (1997 a 2003), FC Porto (2004), Bairro dos Anjos (2005), SL Benfica (2006), Sporting CP (2009 e 2010), AA Pombal (2011), GA Fátima (2012), e CP Alcanena (2013).
Foi o primeiro saltador português de classe internacional, desde Álvaro Dias e Rui Ramos nos anos cinquenta. Chegou ao pódio nos Mundiais de pista coberta e ar livre em 2001 depois de, em 13 meses, entre Maio de 1996 e Junho de 1997, ter melhorado o recorde de Portugal em 64 centímetros, de 7,72 m de António Veiga feitos em 1991 para 8,36. Foi o primeiro português a passar os oito metros, tendo passado esta distância por 21 vezes.
Carlos Calado começou na escola, com um corta-mato no qual foi quinto. Participou depois no “Distrital” escolar e foi terceiro. Inscreveu-se no clube da terra, Alcanena, e na primeira prova oficial que correu, nos 800 metros, gastou 2.30,2. Tinha 14 anos, era iniciado e, face à situação instável do seu clube, acabou por se inscrever na Casa do Povo de Alcanena, filiada no Inatel. E foi nas provas para trabalhadores que começou a dar nas vistas. Aos 15 anos, conseguiu 5,64 m no comprimento e 11,20 m no triplo. No ano seguinte (1992), deu um grande “pulo” (6,92 e 14,04) e em 1993 fez 7,08 no comprimento e 14,95 no triplo, batendo os mais antigos recordes nacionais do Inatel, que duravam há 22 e 17 anos, respetivamente.
Colocou-se-lhe nessa altura uma dúvida: continuar no Inatel e ir aos Campeonatos do CSIT, na Irlanda, ou inscrever-se na Federação e tentar os mínimos para o Europeu de Juniores, em Espanha? Arriscou esta hipótese e acabou por chegar aos mínimos, com 7,30 e 15,66. Fora uma ascensão meteórica, apesar de apenas treinar no final de um dia de trabalho numa fábrica de produtos para calçado.
Em 1994, brilhou do Mundial de Juniores realizado em Lisboa, sendo sexto no triplo e oitavo no comprimento. Terminou a época com 7,51 e 16,09, dois recordes nacionais de juniores.
Calado continuou a progredir e em 1996, com apenas 20 anos, chegou aos Jogos Olímpicos de Atlanta. Continuando a trabalhar oito horas por dia, tornou-se, em Maio de 1996, o primeiro português acima de oito metros, com 8,02 em Medellin, nos Campeonatos Ibero-Americanos, batendo o anterior recorde nacional por 30 centímetros! A marca, realizada com a ajuda da altitude, seria confirmada duas semanas mais tarde com 8,04 no Funchal e melhorada um mês depois, para 8,25, em Lisboa. No triplo, Calado chegou aos 17,08.
1997 e 1998, já dispensado do emprego e dedicado a cem por cento ao atletismo, como atleta do Sporting, foram anos de reconhecimento internacional. Sagrou-se campeão europeu de sub-23 em Turku’97 (e vice-campeão de 100 m) e campeão europeu de pista coberta, em Valência’98, chegando aos 8,36 no Meeting de S. António de 1997, recorde de Portugal que se mantém.
Entretanto, começaram também os problemas de lesões. Esteve ausente do Europeu de 1998 (onde era candidato a uma medalha), teve um bom início de 1999 (17,09 no triplo, em pista coberta, e 10,11 aos 100 metros), mas no Meeting de S. António, depois de fazer o segundo melhor salto da sua carreira (8,34), voltou a lesionar-se. Desiludiu no Mundial de Sevilha’1999 e teve uma época de 2000 muito irregular, facto a que não terá sido estranha a inauguração, com outros sócios, de um bar em Alcanena, a “Pharmácia”. Nos Jogos de Sydney’2000, foi 10º na final, com 7,94.
Embora sem a regularidade de outros anos, em 2001 Carlos Calado conseguiu dar a volta por cima e obteve as duas principais medalhas (ambas de bronze) da sua carreira: primeiro no Mundial de pista coberta de Lisboa, depois no Mundial de ar livre de Edmonton.
Em 2002, ainda conseguiu o recorde nacional de pista coberta (8,22) mas depois lesionou-se e deixou o seu treinador Miguel Lucas, optando por uma experiência em Espanha. Não mais se encontrou. Ainda competiu até 2006, mas deixando entretanto o Sporting, clube a que regressaria aos 33 anos, bem mais pesado, para participar no triplo-salto da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 2009. Continuou nas épocas seguintes a competir por clubes do distrito de Santarém e, de forma surpreendente, em 2012, aos 36 anos, ainda chegou aos 7,31 no comprimento e aos 15,82 no triplo.
Títulos nacionais absolutos (27)
– 100 m: 1996 e 1999
– 200 m: 1996 e 1997
– Comprimento: 1994, 2001 e 2004
– Triplo: 1994 e 1995
– 4×100 m: 1999 e 2000
– 60 m (p. cob.): 1999 e 2003
– Comprimento (p. cob.): 1995 a 2001, 2003 e 2004
– Triplo (p. cob.): 1995, 1996, 1997, 1999 e 2005
Principais feitos
– Medalha de bronze (comprimento) nos Campeonatos do Mundo de pista coberta (Lisboa’2001) e de ar livre (Edmonton’2001).
– Vice-campeão europeu de pista coberta (comprimento), em Valência’98
– Campeão europeu de comprimento e vice-campeão de 100 m em sub-23 anos, em Turku’97
– Finalista (6º no triplo e 8º no comprimento) no Mundial de Juniores de Lisboa’1994
– Vice-campeão Ibero-Americano do comprimento em Medellin’96 (3º no triplo)
– 16 vezes internacional ao ar livre (incluindo 2 Jogos Olímpicos e 3 Mundiais) e 14 vezes em pista coberta (incluindo 2 Mundiais e 5 Europeus)
– Recordista de Portugal de comprimento e 100 jardas e ex-recordista de triplo.
– 11 vezes campeão de Portugal de ar livre (100 m, 200 m, comprimento, triplo, 4×100 m) e 16 vezes em pista coberta (60 m, comprimento, triplo).
– PARABÉNS CARLOS CALADO!