Inês Henriques acaba de estabelecer o recorde mundial feminino de 50 km marcha, com uma excelente marca: 4h 08m 26s. Fez muito melhor que o tempo mínimo que a IAAF estabelecia para reconhecer o recorde: 4 h 30m. E fez melhor que o oficioso recorde da sueca Monica Svensson, que conseguira 4.10.59 em 2007, a melhor marca conhecida.
A IAAF oficializou assim a única prova que ainda não era comum aos homens e mulheres. Em ano de Mundial (em Londres), colocava-se o problema: para quando a introdução da prova nas grandes competições, nomeadamente Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos? Vejamos como foi com as últimas provas introduzidas no setor feminino, apontando os anos de homologação do primeiro recorde mundial (RM) e a estreia em Campeonatos do Mundo (CM) e Jogos Olímpicos (JO):
RM CM JO
Triplo 1990 1993 1996
Vara 1992 1999 2000
Martelo 1994 1999 2000
3000 ob. 2000 2005 2008
Verifica-se assim que entre a oficialização do recorde mundial e a estreia em Mundiais mediaram entre três anos (triplo) e sete anos (vara), só sendo admitidas as novas provas quando estas já estavam devidamente sedimentadas.
Daí que, independentemente do natural desejo português de aproveitar esta oportunidade para Inês Henriques voltar a brilhar, teremos que reconhecer que não faz sentido introduzir já a prova no Mundial deste ano. Na Taça do Mundo do ano passado, foi permitida a participação feminina na prova masculina e só apareceu uma norte-americana, que foi ultimíssima, com mais de quatro horas e meia. No entanto, a IAAF resolveu, em relação ao Mundial de Londres, voltar a permitir a participação de atletas femininas na prova masculina, desde que satisfizessem a marca mínima (demasiado acessível para os homens, muitíssimo – e anacronicamente – exigente para as mulheres) de 4h 06m.
Uma medida que acaba por não ser nem carne nem peixe…