O blogue Fiquemforma publicou recentemente um interessante artigo acerca do excesso de peso. Dado o seu interesse, publicamo-lo, esperando que ele possa contribuir também para uma maior sensibilização dos leitores para a necessidade de combater o excesso de peso.
A OMS estima que a má alimentação, o excesso de peso e a inactividade física sejam responsáveis por 8 em cada 10 mortes na Europa.
A Direcção Geral de Saúde Portuguesa refere que a alimentação inadequada tem um peso maior nos anos que uma pessoa pode viver com qualidade que o álcool, o tabaco ou até mesmo drogas de outro tipo.
Dados sobre a População Portuguesa
42% Sofre de Hipertensão Arterial;
61% Tem excesso de Peso;
2 Milhões têm obesidade;
Mais de 4 milhões são Pré-Obesos;
Caracterização dos Hábitos dos Portugueses
A dieta mediterrânica sofreu uma erosão nos últimos 50 anos. Em Portugal essa erosão é hoje evidente e pode ser comprovada com os números apresentados pela DGC e pelas Universidades Portuguesas.
A substituição dos alimentos na sua forma natural, pelos alimentos processados por um lado, e a redução da actividade física quotidiana por outro, consolidaram o problema. As alterações no seio profissional, a massificação da utilização de instrumentos electrónicos para a realização de tarefas que antes eram levadas a cabo pelos trabalhadores, diminuíram substancialmente a actividade física do dia a dia.
Nas grandes cidades, as pessoas passam horas sentadas a conduzir para ir trabalhar e regressar a casa e têm, em muitos casos, um trabalho totalmente sedentário.
A ausência de exercício físico é um problema fulcral para a saúde a diversos níveis. Infelizmente, mesmo uma boa parte das pessoas que estão inscritas em ginásios não vão fazer exercício com a regularidade necessária e quando vão, não treinam com a intensidade suficiente para terem benefícios. Da mesma forma que os Portugueses não leem os rótulos, também não fazem ideia de qual a frequência cardíaca média dos treinos que fazem para controlarem o excesso de peso e a obesidade.
A situação é grave e é necessário fazer alguma coisa! Da nossa parte, dizemos tudo o que precisa de saber, sempre com realidade, por muito cinzenta que seja.
A solução passa pelo treino e alimentação saudável!
O resultado concreto da transformação dos hábitos, é o aparecimento de doenças em idades cada vez mais precoces. É nas idades mais sensíveis que começamos a condicionar a nossa saúde ao longo da vida.
Hábitos das crianças Portuguesas
– Aos 4 anos, 73% das crianças já comem Fast Food, 1 a 3 vezes por semana
– Aos 4 anos, 52% consomem refrigerantes diariamente
– Aos 4 anos, 65% das crianças consomem doces diariamente
Estes números são de um estudo realizado pela Universidade do Porto.
A falta de noção sobre os açúcares disfarçados é enorme. As pessoas comem sem pensar no que estão a ingerir.
Cada vez estamos a consumir mais açúcar.
O consumo de açúcar foi o que mais mudou na nossa alimentação.
A OMS recomenda 25 gramas por dia, o que equivale a 4 pacotes pequenos.
O problema é que os açúcares estão disfarçados e aparecem por todo lado e estes números são largamente ultrapassados por crianças, jovens e adultos.
Os Açúcares estão presentes em:
– Iogurtes
– Ice Tea
– Sumos de pacote
– Refrigerantes
– Cereais de pequeno-almoço
– Fiambre
* De uma forma geral em todos os alimentos processados.
Os produtos processados têm todos eles, açúcares. A maneira que a indústria alimentar encontrou de prolongar os prazos de validade para consumo é através da adição de açúcares.
Quantas vezes já leu um rótulo?
O desconhecimento da população sobre esta matéria é esmagador. Com a nossa experiência na Fiquemforma temos vindo a perceber que, nem sequer ao nível dos macronutrientes, as pessoas sabem o que devem consumir por dia e para que é que servem, como por exemplo no caso das Proteínas. Se entrarmos então no campeonato dos sinónimos dos açúcares, a situação é ainda mais grave, visto que o açúcar tem diversos nomes e as poucas pessoas que leem rótulos estão muitas vezes à procura de açúcar, e os açúcares aparecem nos rótulos com múltiplas designações, tais como: Glícidos, Dextrose, Maltodextrose, Maltose, Xarope de Milho, Frutose.
Ao lermos os rótulos, devemos procurar os Hidratos de Carbono e verificarmos onde diz «dos quais açúcares» a quantidade de “veneno” presente.
Um refrigerante de 33 ml tem em média 13 gramas de açúcar, nós, no máximo, só deveríamos ingerir 25 gramas por dia. A maior parte da população ultrapassa largamente esta recomendação.
Dependência dos açúcares
Todos os açúcares são suscetíveis de criar adição. Esta dependência é real e funciona como algumas drogas, para ter o mesmo efeito tem de se aumentar a dose. Nesse sentido, quando se instala o hábito, urge a necessidade de inverter o processo, reduzindo as doses. O exercício físico é sem sombra de dúvida um super aliado para a resolução deste problema.
Composição Corporal
Os números são dramáticos.
Aos 7/8 anos, 47% das crianças portuguesas têm excesso de peso (34%) e obesidade (13%).
Problemas Metabólicos que advêem do Excesso de Peso e da Obesidade
Os açúcares adicionados trazem problemas para a saúde, ao invés dos açúcares presentes nos alimentos de uma forma natural.
Os alimentos naturais como a fruta não têm só açúcar, também têm fibra, o que vai permitir a sua utilização do açúcar pelo organismo. Ao contrário, os açúcares processados vão ser totalmente absorvidos e serão acumulados em forma de gordura, levando ao aumento do peso corporal.
O excesso de peso está associado a problemas metabólicos que se vão desenvolvendo ao longo da vida, como a arteriosclerose.
Não obstante, não serão só as pessoas com excesso de peso que podem vir a ter problemas de saúde que são consequência da ingestão excessiva e continuada de açúcares.
As células gordas podem duplicar durante a infância em consequência da má alimentação. Mesmo que, mais tarde, já em adultos diminuam o peso já não vão conseguir reduzir o número dessas células gordas, apenas o tamanho das mesmas. O outro problema é que as células gordas em excesso vão criar processos metabólicos nefastos para o organismo, vulgarmente chamados de gula.
Aproveitamos também para falar aqui um pouco da hidratação na sua forma natural, visto que é basilar para a saúde humana. Devemos beber água de 20 em 20 minutos, e controlar a cor da urina, se estiver clara estamos hidratados e teremos menos fome, uma vez que o nosso alerta sensorial para a fome é igual ao alerta para a sede. Esse alerta ou sensação vem do Hipotálamo e é portanto a desidratação que nos leva a achar que temos fome, e em consequência disso comemos mais.
As Doenças que têm origem numa alimentação pouco cuidada
– Cancro
– Diabetes Tipo 2
– Hipertensão arterial
– Alteração de Colesterol
– Aumento do Ácido Úrico
Alimentação Versus Saúde
A Fruta e os Vegetais frescos são decisivos na prevenção de quase todas as doenças não transmissíveis: Cancro, Diabetes e Doenças Cardiovasculares.
A OMS recomenda 400 gramas de Fruta e Vegetais por dia e menos de 5 gramas de sal por dia para adultos e menos de 3 gramas, por dia, para crianças. A consequência do não cumprimento destas recomendações é a Hipertensão, que na prática, é um dos maiores factores de risco para as doenças cardiovasculares. O AVC é a primeira causa de morte em Portugal. Os Portugueses ingerem, por dia, cerca do dobro da quantidade recomendada de sal. Se as recomendações fossem cumpridas podiam ser reduzidas 6 mil mortes por ano. Em 2013 morreram 33 pessoas por dia com AVC em Portugal.
Esta é a realidade actual, mas acreditamos que com esclarecimento é possível mudar os hábitos dos Portugueses.
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