Tal como nos 100 metros, embora com menos tempo de aposta na distância, Francis Obikwelu é, de longe, a grande figura dos 200 metros nacionais. Mas, neste caso, um dedicado atleta dos anos 50 do século passado, António Faria, é quem tem mais títulos nacionais (tal como nos 100 m) e mais internacionalizações (neste caso em igualdade com Luís Cunha, duas décadas depois).
Obikwelu brilhou desde bem jovem e, depois dos títulos mundiais juniores de 100 e 200 m em 1996, sagrou-se campeão africano pela Nigéria em 1999 e foi medalha de bronze nos 200 metros dos Mundiais de pista coberta de 1997 e de ar livre de 1999, com 19,84 como recorde pessoal… que não mais melhorou. Depois de se naturalizar, bateu por seis vezes o recorde nacional, passando-o de 20,77 (Luís Barroso) para 20,01 e sagrou-se vice-campeão europeu em 2002 e campeão em 2006. Nunca foi feliz em Mundiais e foi 5º nos Jogos de Atenas’2004. Atualmente, Obikwelu tem as 11 melhores marcas nacionais. E o “recorde” de atletas nascidos em Portugal passou de Luís Barroso (20,77 em 1992) para Arnaldo Abrantes (20,48 em 2007) e David Lima (20,30 em 2017).
Há um século, Portugal estava bem servido de corredores de 200 metros: António Stromp esteve nos primeiros Jogos (1912) com presença de atletas nacionais, Gentil dos Santos esteve nos segundos (1924) e Prata de Lima nos terceiros (1928). Não houve, depois, corredores de 200 m nos Jogos de 1936 mas voltou a haver nos de 1948 (Nuno Morais) e de 1952 (Fernando Casimiro e Eugénio Eleutério). Ou seja, houve seis atletas portugueses de 200 m nos seis primeiros Jogos com presença do atletismo nacional. Depois, foram rareando…
Em termos de recordes nacionais, refira-se que Fernando Castro e António Faria foram os primeiros a baixar dos 22 segundos exatos (manuais), melhorando os 22,0 de António Faria para 21,9 em 1958 e 1959. Depois, Jorge Soares progrediu para 21,8 (1961) e 21,7 (1962), José Rocha para 21,4 (1963) e 21,2 (1964), marca depois igualada pelo moçambicano José Magalhães (1967) e por António Cachola (1974). Até que surgiu Luís Barroso, com os primeiros tempos eletrónicos: progrediu de 21,17 em 1983 até 20,77 em 1992, tempo que Obikwelu viria a superar pela primeira vez 10 anos depois, com 20,62.
Depois de António Faria, com 8 títulos nacionais, o mais campeão é António Cachola, com sete, entre 1974 e 1981, seguido de Luís Barroso., com seis, na década de oitenta. Dois atletas muito antigos (décadas de 20 e 30 do século passado), Gentil dos Santos e Mário Porto, têm quatro títulos cada. António Faria reparte com Luís Cunha o título de atleta mais vezes internacional em 200 m, com 16 provas. Seguem-se António Cachola, com 14, e Arnaldo Abrantes, com 13. Francis Obikwelu “só” tem 11 internacionalizações em 200 m, tantas quantas Luís Barroso.
Mas, claro, se passarmos da quantidade para a qualidade, a primazia vai para Obikwelu, que para além das medalhas e classificações já assinaladas em Jogos, Mundiais e Europeus, foi o atleta mais “produtivo” na Taça da Europa (atual Europeu de Seleções), com quatro triunfos na I Liga. Destaque ainda para o 2º lugar de Arnaldo Abrantes em 2009, um dos anos em que Portugal participou na Superliga. António Cachola, com sete presenças, foi o atleta mais utilizado.
Luís Barroso é, ainda, o recordista nacional de juniores e juvenis (desde 1985 e 1983, respetivamente!) mas pertence a Arnaldo Abrantes a melhor classificação em competições internacionais jovens: um 4º lugar no Festival Olímpico da Juventude Europeia de 2003. E, depois, confirmou as suas potencialidades, com numerosas presenças na seleção sénior e o recorde nacional sub’23 que ainda detém, com 20,48 em 2007.
Recordemos então todos estes dados curiosos.
RECORDES NACIONAIS | ||||
Absolutos | Francis Obikwelu | Sporting CP | 20,01 | 2006 |
Sub’23 | Arnaldo Abrantes | Sporting CP | 20,48 | 2007 |
Juniores | Luís Barroso | Sporting CP | 20,89 | 1985 |
Juvenis | Luís Barroso | Zona Azul | 21,17 | 1983 |
OS + CAMPEÕES DE PORTUGAL | |||||||
António Faria | 8 | (1953-1961) | |||||
António Cachola | 7 | (1974-1981) | |||||
Luís Barroso | 6 | (1983-1989) | |||||
Gentil dos Santos | 4 | (1922-1927) | |||||
Mário Porto | 4 | (1930-1936) | |||||
OS + INTERNACIONAIS | |||||||
António Faria | 16 | (1955-1962) | |||||
Luís Cunha | 16 | (1983-1996) | |||||
António Cachola | 14 | (1974-1983) | |||||
Arnaldo Abrantes | 13 | (2002-2007) | |||||
RECORDES DOS CAMPEONATOS NACIONAIS | |||||||
Absolutos | Francis Obikwelu | Sporting CP | 20,46 | 2007 | |||
Sub’23 | Carlos Calado | CN Rio Maior | 21,10 | 1997 | |||
Juniores | Ricardo Alves | Tramagal SU | 21,30 | 2000 | |||
Juvenis | Giulio Accondi | (Macau) | 21,99 | 1989 | |||
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Nota: a seguir à competição (J. Olímpicos, C. Mundo, C. Europa), indica-se o número de atletas portugueses presentes no conjunto de todas as edições, as classificações no top’16 (JO, CM) ou top’8 (CE), os melhores tempos nacionais na prova e os locais e anos dessas classificações.
PORTUGUESES NA TAÇA DA EUROPA/EUROPEU DE SELEÇÕES | ||
Mais presenças: | ||
António Cachola | 7 (1975-1983) | |
Arnaldo Abrantes | 6 (2007-2014) | |
Vítor Jorge | 5 (1993-2000) | |
Melhor marca: | Francis Obikwelu | 20,38 (2006) |
Melhores classificações: | ||
– Na Superliga: | 2º Arnaldo Abrantes | 2009 |
– Na I Liga: | 1º Francis Obikwelu | 2003-04-05-06 |
PORTUGUESES NO TOP’8 DE OUTRAS COMPETIÇÕES | ||||||
Campeonato da Europa de Sub’23: | ||||||
9º | Ricardo Alves | 2003 | ||||
Campeonato do Mundo de Juniores: | ||||||
11º | Ricardo Pacheco | 2002 | ||||
Campeonato da Europa de Juniores: | ||||||
11º | Arnaldo Abrantes | 2005 | ||||
Festival Olímpico da Juventude Europeia: | ||||||
4º | Arnaldo Abrantes | 2003 | ||||
7º | Vítor Jorge | 1991 | ||||
8º | Ricardo Amaral | 2013 | ||||
A seguir: 400 metros (M)
(Este artigo ficará igualmente arquivado no site www.atletismo-estatistica.pt)