A recente naturalização de Pedro Pablo Pichardo e o seu recorde nacional do triplo desta semana – quando ainda aparece como cubano nas competições internacionais – levantaram uma série de dúvidas. Há portugueses cá que não são portugueses internacionalmente, tal como há portugueses que lá fora contam como estrangeiros. Vejamos alguns exemplos:
– Irmãs Tavares (Elisabete, Sandra, Eleonor): as três varistas residentes em França (e nascidas em Espanha – Elisabete – e em Portugal – Sandra e Eleonor) obtiveram a dupla nacionalidade (portuguesa e francesa) mas só podem representar Portugal internacionalmente. Isso não impede que participem, de pleno direito, com acesso a títulos e medalhas, nos Campeonatos de França, tal como o fazem nos Campeonatos de Portugal.
– Jéssica Inchude e Otoniel Badjana: naturais da Guiné-Bissau, obtiveram em 2015 a dupla nacionalidade portuguesa e guineense. Mas já haviam optado por representar o seu país de origem nas competições internacionais (Jéssica esteve nos Jogos de 2016 e no Mundial de 2017), pelo que não poderão representar Portugal. Mas podem ser campeões e recordistas nacionais entre nós.
O caso de Pedro Pablo Pichardo é diferente. Ao naturalizar-se (não obteve dupla nacionalidade), está a cem por cento integrado no atletismo português, com direito a títulos e recordes nacionais. Mas terá de aguardar autorização da IAAF para poder representar Portugal, uma vez que já foi internacional por Cuba. E a IAAF está (finalmente!) a rever os regulamentos, no sentido de dificultar as (oportunistas) mudanças de nacionalidade (não terá sido este o caso de Pichardo), com alguns países a “comprar” atletas para as suas seleções. Pode discutir-se apenas se se justificava a urgência na mudança de nacionalidade do atleta cubano, mas a questão está ultrapassada…
“no sentido de dificultar as (oportunistas) mudanças de nacionalidade (não terá sido este o caso de Pichardo)”
Não terá sido o caso do Pichardo???? Então naturalizou-se porquê senão por uma oportunista e vingativa manobra benfiquista?