No mundo das corridas, algumas verdades já são universais. Uma delas é o caráter de “terapia” do desporto: existem inúmeros exemplos e estudos, que vão de melhoria do humor e autoestima até ao estado de euforia, comprovando como o desporto pode mudar a saúde mental de um indivíduo. Quantos de nós não fica de mau humor por não poder ir treinar? E quando se está lesionado, ainda pior.
O outro lado da moeda, entretanto, ainda não havia sido explorado. Investigadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, utilizaram um banco de dados com informações sobre vários pacientes desde dezembro do ano passado para encontrar registros de sintomas de depressão.
Quando os cientistas observavam que o indivíduo tinha cessado a atividade física, eles conseguiam perceber que os sintomas apareciam quase imediatamente; em alguns casos, eram apenas suficientes três dias. A análise foi relacionada com dois indicadores biológicos: a proteína C-reativa e a interleucina 6. Quando a quantidade desses indicadores no sangue era reduzida, os pacientes apresentavam sintomas da doença.
Quando o indivíduo estudado era uma mulher, os sintomas de depressão eram mais fortes; entretanto, os investigadores, não conseguiram encontrar uma justificação para esse fenómeno. Um estudo de 2011 mostra que, para o sexo feminino, o distúrbio da depressão está relacionado com os níveis de proteína C-reativa, o que pode ser um caminho para ajudar a desvendar o mistério.
Os responsáveis pela investigação reconhecem que, por ser o primeiro artigo nessa linha, ainda há muito a ser explorado. Por enquanto, Bernhard Baune, o chefe de psiquiatria da Universidade de Adelaide, fez uma simples recomendação em entrevista para a Runner’s World: “É importante que as pessoas entendam o potencial impacto na sua saúde mental quando elas param com as atividades físicas de forma repentina”.