O Run Tejo nasceu de uma dissidência do Belém Runners. Pedro Afonso Pereira é o presidente do clube que tem atualmente 65 atletas. Os treinos decorrem no Complexo Desportivo do Jamor e todos são bem aceites. São vários os exemplos de superação de quem nunca tinha corrido.
O Run Tejo nasceu no dia das mentiras, a 1 de Abril deste ano. Mas ao contrário do que a data podia pressupor, trata-se de um clube que veio para ficar.
O Run Tejo surgiu a partir do Belém Runners, clube ligado ao CF Os Belenenses. Segundo Carlos Freitas, atitudes menos corretas da direção do clube do Restelo, conduziram então à sua saída e com ele, 52 atletas.
65 sócios/atletas
Pedro Afonso Pereira é o presidente do clube que tem atualmente 65 sócios, todos eles, atletas. As quotas oscilam entre os 15 euros mensais para os mais assíduos aos treinos e os 7,5 euros para quem treina à distância.
Carlos Freitas é além de vice-presidente da Direção, o responsável da Seção e treinador. Para além de si, tem mais seis coordenadores na orientação dos treinos que decorrem no Complexo Desportivo do Jamor.
“Qualquer um pode pertencer ao nosso grupo, basta ter gosto pela corrida”
Treinos no Jamor por níveis desportivos
Com tantos atletas a praticarem a modalidade, foi necessário estruturar o clube para responder a níveis desportivos bem diferenciados. Com atletas entre os 30 e mais de 60 minutos aos 10 km, foram formados quatro grupos com um ou dois responsáveis por cada um.
Na Elite, destacam-se Miguel Quaresma, Emiliano Vieira, Carlos Tiago, Hugo Augusto, Vasco Marta, Pedro Alves, Andreia Santos, Sandra Barros e Joana Ramalho, recente campeã nacional do Exército em corta-mato.
Convite no Facebook
No Facebook do clube, podemos encontrar um convite a quem queira praticar a modalidade e ainda não tenha clube: “Qualquer um pode pertencer ao nosso grupo, basta ter gosto pela corrida. Se pretendes iniciar-te no mundo da corrida ou melhorar as tuas performances, o nosso grupo é uma excelente alternativa para o fazeres sem pores em causa a tua saúde. Os nossos treinos são orientados por um treinador certificado e em grupo. Poderás encontrar-nos no estádio nacional do Jamor à 2ª fª e 4ª fª pelas 19h30. Aparece!”
25 atletas na maratona de Frankfurt
Os objetivos para a nova época passam pela participação em todos os Campeonatos Regionais e Nacionais, na estrada, corta-mato e pista.
O Run Tejo tem acordos com os municípios de Coruche, Entroncamento, Golegã e Salvaterra de Magos, para participar nas suas corridas populares. Mas muitas provas aguardam os atletas do clube, desde os 10 km à maratona. Neste momento, estão 25 atletas a treinarem para as maratonas de Frankfurt (22), Lisboa (2) e Porto (1). Ainda recentemente, uma delegação de 34 atletas esteve presente na Meia Maratona do Porto.
RUN TEJO
Ano fundação: 2018
Concelho: Lisboa
Presidente: Pedro Afonso Pereira
Sócios: 65
Atletas: 65
Técnicos: 1 + 6 coordenadores
Orçamento: 7.500/8.000 euros
Apoios diferenciados aos atletas
O Run Tejo não tem qualquer tipo de subsídios estatais mas conta com os apoios do Hotel Corpo Santo e Century 21 Pole Position. Este ano, o orçamento deve rondar os 7.500/8.000 euros. O clube só gasta aquilo que tem. Paga todas as despesas dos atletas de elite como as inscrições, massagens, deslocações, refeições e dormidas, se necessário. Já os outros atletas, beneficiam dos treinos gratuitos e eventualmente, de preços mais acessíveis nas inscrições nas provas.
Falta de um local para lançamentos
Para Carlos Freitas, as principais dificuldades na prática da modalidade têm mais a ver com a falta de um local para os lançamentos. “O CAR é para a alta competição. E quando estiver a chover, não teremos onde fazer os exercícios, faltará o acesso a um pavilhão”.
Quanto à organização de provas, está pensada em Janeiro próximo, a realização de um Challenge, em parceria com o Plano Nacional de Marcha e Corrida, na pista do Jamor.
“O treino é um escape para muitos de nós, no nosso dia agitado, temos vários empregos, muitos deles cansativos”
O exemplo de Maria Fortes
Quanto a estórias, Carlos Freitas fala-nos do exemplo de Maria Fortes que em Dezembro do ano passado não conseguia caminhar dois quilómetros. O médico aconselhou-a a fazer desporto. Seguiu o conselho e pediu apoio a Carlos Freitas. “Hoje, é uma ferverosa runner. Na Corrida do Francisco Lázaro e apesar da dureza do percurso, ela bateu o seu recorde pessoal. Para comemorar o facto, no almoço que fizemos a seguir à prova, fez questão de pagar a todos nós as bebidas”.
“Este tipo deve ser maluco, não me deixa correr, só me põe a andar em cima da linha da pista!”
O exemplo de superação de Carlos Alves
Outra estória a merecer referência envolve Carlos Alves, atleta deficiente de 41 anos. Conheceu Carlos Freitas numa festa do Belenenses e perguntou-lhe se podia correr. “Disse-lhe que sim, ele apareceu mas andava todo desengonçado. Se eu o mandasse correr, ele caía. Então, e para ganhar um ponto de equilíbrio, coloquei-o primeiro a caminhar em cima da linha da pista. Todos os dias caminhava e foi aumentando a distância. Ia-me perguntando quando podia correr até que passados cerca de dois meses, já conseguiu trotar direitinho. Começou então a correr, a sua primeira prova foi de 8 km no concelho da Moita. O grande desafio era chegar ao fim e conseguiu. Chorou de alegria por ter sido capaz. Hoje, já fez muitas provas de 10 km e vai correr uma meia maratona em 2019.
Mais tarde, Carlos Alves foi dar uma palestra, onde Carlos Freitas também esteve presente. Carlos Alves foi explicar como todos podem ser capazes de correr e disse o que pensou do seu treinador no início da sua aventura pelo mundo das corridas: “Este tipo deve ser maluco, não me deixa correr, só me põe a andar em cima da linha da pista!”.
Espírito de grupo no Run Tejo
A terminar, Carlos Freitas quis referir o ambiente existente no Run Tejo, onde a solidariedade é uma realidade. “Destaco a amizade, os laços que se criam no dia a dia, tudo o que se pode tirar de proveito disso. O treino é um escape para muitos de nós, no nosso dia agitado, temos vários empregos, muitos deles cansativos. Eles ainda têm a força e a vontade em irem correr. Isto só é possível através de um grande espírito de grupo”