Os três recordes nacionais do triplo (Pedro Pichardo), 400 m (Vítor Ricardo Santos) e peso (Jéssica Inchude), batidos este ano, tornaram-se os recordes dessas disciplinas desde sempre mais próximos dos recordes mundiais, segundo um trabalho realizado há uns anos por Luís Leite e publicado no site atletismo-estatistica.pt. E, curiosamente, o recorde de Jéssica Inchude bate aquela que era a mais antiga das menores diferenças do setor feminino, enquanto a de Pedro Pichardo bateu a que era a terceira mais antiga das masculinas.
Vejamos mais em pormenor:
– No lançamento do peso, a menor diferença de sempre entre os recordes de Portugal e do Mundo estava em 5,18 m desde 1975, quando Adília Silvério bateu o recorde nacional com 16,02 e o recorde mundial da soviética Nadezhda Chizhova estava em 21,20 desde 1973. Agora, os 17,45 de Jéssica Inchude colocam-na a 5,17m (um centímetro menos que Adília Silvério!) do recorde mundial de outra soviética (ainda!…), Natalya Lisovskaya, recordista desde 1987.
– No triplo, os 17,95 de Pedro Pablo Pichardo colocam o recorde de Portugal a 34 cm do recorde mundial do britânico Jonathan Edwards, cujos 18,29 datam de 1995. A anterior menor diferença era de 47 cm e já vinha de 1952 (há 66 anos!), quando Rui Ramos saltou 15,54, contra os 16,01 do brasileiro Adhemar Ferreira da Silva, recordista desde o ano anterior.
– Nos 400 metros, Vítor Ricardo dos Santos (com 45,14) reduziu a diferença para o recorde mundial do sul-africano Wayde van Niekerk (43,03) para 2,11s, bem abaixo da menor diferença anterior (de 2,56 s), que já era de Ricardo Santos, com 45,74 desde 2014, comparativamente aos 43,18 de Michael Johnson em 1999.
No ano passado, Tsanko Arnaudov havia reduzido para 1,56 m a diferença do seu recorde nacional do peso (21,56) para o recorde mundial de Randy Barnes (23,12 em 1990). E, em 2016, houve quatro recordes nacionais femininos que também se tornaram as menores diferenças de sempre para os recordes mundiais: Lorène Bazolo (11,21 aos 100 m) ficou a 72 centésimos do recorde de Florence Griffith-Joyner (10,49 em 1988); Cátia Azevedo (51,63 aos 400 m) reduziu para 4,03 s a vantagem do recorde mundial de Marita Koch (47,60 em 1985); Marta Onofre (4,51 na vara) está agora a 55 cm de Yelena Isinbayeva (5,06 em 2009); e Patrícia Mamona (14,65 no triplo) a 85cm de Inessa Kravets (15,50 em 1995). E é de crer que as diferenças no setor feminino continuem a diminuir, já que a grande maioria dos recordes mundiais são bem antigos e difíceis de alcançar, pois foram alcançados em condições de “limpeza” bem duvidosas…
Naturalmente que as menores diferenças (nulas) são as dos recordes mundiais portugueses de Fernando Mamede (10000 m), Carlos Lopes (maratona), Fernanda Ribeiro (5000 m) e Inês Henriques (50 km marcha). E, a seguir, há os apenas oito centésimos que separaram os 9,86 de Francis Obikwelu em 2004 dos 9,78 de Tim Montgomery em 2002.
As menores diferenças mais antigas pertencem agora ao salto em altura e ao disco, ambas no setor masculino. No salto em altura, há mais de 100 anos (1915!), Pascoal de Almeida passou 1,82 (recorde nacional que permaneceu 22 anos), a 19 cm do então recorde mundial de Edward Beeson, com 2,01 em 1914. No disco, António Cardoso lançou a 41,00 em 1928, a 7,20 m do então recorde mundial de Bud Houser (48,20 em 1926). Agora, a diferença do recorde da altura já vai em 21 cm (2,24 para 2,45) e a do disco em 12,07 m (62,01 para 74,08).
Outras menores diferenças bem antigas, são as de Manuel Oliveira, recordista nacional dos 3000 m obstáculos com 8.36,2 em 1964 (quando foi quarto nos Jogos Olímpicos de Tóquio), a 6,6 s do recorde mundial de então (Gaston Roelants, 8.29,6 em 1963); e de António Leitão, recordista de 5000 m com 13.07,70 em 1982, a 7,29 s de David Moorcroft (13.00,41 em 1982). Agora, as diferenças aumentaram de 6,6 para 26,19 s e de 7,29 para 25,47s, respetivamente.
No setor feminino, há duas menores diferenças dos anos 80 do século passado, agora as mais antigas. Em 1983, Aurora Cunha bateu o recorde dos 10000 m com 31.52,85, a 17,84 segundos do recorde mundial de Lyudmila Baranova (31.35,01 em 1983). E, em 1985, Rosa Mota correu a maratona em 2.23.29, mais 2m23s que o recorde de Ingrid Kristiansen (2.21.06 nesse mesmo ano).
Para ver todas as menores diferenças entre os recordes nacionais e mundiais, consultar http://atletismo-estatistica.pt/recordes/recordes-de-portugal/os-portugueses-mais-proximos-dos-recordes-mundiais/