Nem sempre é fácil para um artista conciliar shows, viagens, entrevistas e o assédio dos fãs com a vida pessoal. Alguns deles encontram na corrida uma válvula de escape. Foi o caso destas três personalidades do mundo da música internacional.
O bom vício do baterista Travis Barker
Em 2008, o baterista do Blink 182 sofreu um acidente aéreo em que morreram dois dos seus amigos mais próximos. Depois de ter 65% de seu corpo queimado durante a tragédia, ele viu na corrida uma forma de fugir da depressão. “O meu pé direito não foi amputado por pouco. Os médicos disseram que provavelmente, nunca poderia correr de novo e que talvez não pudesse mais tocar bateria. Quando me disseram isso, tudo isso se tornou um desafio para mim. Assim que reaprendi a andar, as duas primeiras coisas que queria fazer eram correr e tocar bateria”, contou Travis Barker à revista Runner’s World.
Segundo Travis, que trocou “maus vícios por vícios bons”, a corrida foi uma ferramenta que lhe deu mais energia para brincar com os filhos.
“Sinto-me mal se não correr. É como uma refeição. Preciso dela todos os dias. Eu não apanho voos, então fico num autocarro entre 10 a 12 h num tour. Às vezes, quando o motorista para e vai colocar gasolina, eu digo: ‘Em que direção se está dirigindo? Vou começar a correr, apanha-me então lá para a frente. Até no estúdio, quando não estou a tocar, não posso ficar simplesmente sentado.”
O livro que aproximou o baixista Michael Balzary do desporto
Michael “Flea” Balzary tornou-se um baixista respeitado mundialmente pela sua trajetória no grupo californiano Red Hot Chili Peppers. Mas não foram só os seus solos incríveis que chamaram a atenção dos fãs. A ligação com as drogas pesadas acompanhou Flea e os outros membros da banda em muitos momentos.
Livre do vício, ele descobriu na corrida uma outra maneira de mudar o seu estado de espírito.
“Adoro a forma como me sinto com a corrida. Eu amo quando, depois de uma hora ou duas de corrida, sinto uma energia divina fluindo através de mim. A corrida abriu algo bonito na minha vida. Eu tento enviar essa energia para todo o meu corpo. Eu amo isso”, ressaltou.
A parte curiosa é que, diferentemente de muitos famosos, Flea desenvolveu o seu interesse pelo desporto depois de ler o livro “Nascido para correr”, escrito por Christopher McDougall. Na estória, o autor viaja para o México e conta a história dos índios Tarahumara, que correm o equivalente a quatro vezes uma maratona em terrenos acidentados.
“O livro afetou-me profundamente por mostrar o conceito dos nossos corpos sendo usados para os seus propósitos reais”, comentou o músico.
Mel C, ex Spice Girl: competitiva até à medula
Conhecida nos tempos de Spice Girls como Sporty Spice, a cantora inglesa Melanie C, hoje com 44 anos, chegou a enfrentar a depressão por exagerar na prática desportiva.
“Os treinos tornaram-se uma obsessão para mim durante o período das Spice Girls. Coloquei-me numa situação difícil e diagnosticaram-me uma depressão e exaustão, entre outras coisas. Tive que aprender a ser gentil comigo mesma e treinar de forma sustentável”, afirmou.
A artista agora encara a corrida como uma meditação, mas reconhece que é competitiva quando está numa prova. “Numa corrida, quando vejo alguém um pouco mais velho ou mais gordo à frente, digo: ‘OK, não me vai ganhar’.”