Caster Semenya foi ao Tribunal Arbitral do Desporto para que possa continuar a correr entre as mulheres.Com problemas hormonais, a sul-africana de 28 anos iniciou uma batalha jurídica contra a IAAF, pedindo para ser respeitada como qualquer atleta.
A IAAF aprovou em Abril do ano passado uma norma que determina que atletas com “diferenças de desenvolvimento sexual” (DSD) deverão baixar a taxa de testosterona para poder participar de provas internacionais.
Semenya tem hiperandrogenismo, distúrbio caracterizado pela produção excessiva de andrógenos como testosterona, o hormónio masculino. Desde o início da carreira, a sul-africana vem tendo problemas para provar a sua feminilidade.
– “As mulheres com diferença no desenvolvimento sexual têm variações genéticas que não são diferentes de outras variações registradas no desporto”, podemos ler num comunicado emitido pelos advogados de Semenya. – “Caster pede para ser respeitada e tratada como qualquer outra atleta. A nossa intenção é que os seus dons genéticos sejam celebrados, ao invés de virarem alvo de discriminação” – completaram os advogados que defendem a atleta.
Semenya argumenta que o seu caso é diferente do que acontece com atletas transgéneros, já que nasceu e vive como mulher. A sul-africana acusa a IAAF de discriminação.
Na última sexta, o ministro dos Desportos da África do Sul, Thokozile Xasa, lançou uma campanha nas redes sociais a favor da atleta. A IAAF respondeu defendendo a sua posição, listando cinco especialistas que deverão depor a seu favor no TAS, em Lausanne, na Suíça. O Tribunal deve definir o futuro da velocista num mês.
Determinar que as atletas com DSD devem baixar de forma artificial a sua taxa de testosterona para competirem é o mesmo que dizer metam isto tudo em tribunal e ganhem a causa, tornando o desporto algo injusto. É algo completamente imoral pedir a alguém que tome medicação, medicação essa que não tem qualquer fim medicinal, mas sim apenas o objetivo de cumprir valores padrão estipulados para competir. Ou seja basicamente estão a pedir para essas atletas se “doparem” para ficarem semelhantes às atletas sem DSD e assim poderem competir de igual para igual. A verdade é que nunca serão semelhantes e nunca será uma competição de igual para igual, pois mesmo que tomem esses inibidores, os efeitos da excessiva testosterona que tinham já lhes garante logo à partida vantagem (mesmo que em determinado momento competitivo estejam com testosterona dentro dos valores padrão através desses inibidores), até porque viveram e treinaram toda a sua vida com essa testosterona toda.
Pegando na frase dos advogados:
“As mulheres com diferença no desenvolvimento sexual têm variações genéticas que não são diferentes de outras variações registradas no desporto”.
Por essa mesma razão, devido à sua deficiente condição genética, as atletas com DSD têm de ser definidas, categorizadas e consideradas mulheres atletas de desporto adaptado (integradas numa categoria paralímpica) e inelegíveis para participar em competições fora do escalão adaptado (tal como o são por exemplo os atletas em cadeira de rodas). Se os atletas de cadeiras de rodas pudessem ser elegíveis, todos os recordes globais de meio-fundo e fundo pertenceriam a atletas em cadeiras de rodas e portanto como é óbvio isso não acontece, têm as suas categorias e não se misturam na classificação das competições globais. Os únicos atletas do desporto adaptado que devem ser autorizados a participar/classificar-se no desporto global são os que comprovadamente de forma inequívoca a sua deficiência e/ou adaptação técnica não lhes possa permitir qualquer vantagem relativamente aos atletas não portadores de deficiência. Exemplificando, uma coisa é ser muito alto, outra coisa é ser muito alto ou muito desenvolvido por culpa de alguma deficiência do tipo acromegalia ou gigantismo (causados normalmente por um tumor na hipófise que aumenta de forma excessiva a secreção das hormonas de crescimento). Não só as mulheres com DSD, mas também os atletas com próteses não deveriam nunca ser elegíveis para participar em competições fora do escalão adaptado, assim como quaisquer atletas que a sua deficiência (como DSD e gigantismo) e/ou adaptação técnica (como cadeira de rodas e próteses) não lhes possa permitir qualquer eventual vantagem relativamente aos atletas não portadores de deficiência. É esse o simples caminho que a IAAF deveria tomar.