Começou a correr aos 35 anos, por influência do esposo. Apaixonou-se pelos trails onde tem obtido excelentes resultados. Tem ainda a paixão pelos animais e já chegou a correr 7 km com um gato ao colo.
Cristina Couceiro tem 40 anos e é professora. Começou a treinar há cinco anos por influência do seu esposo que já era corredor. Está inscrita na Associação Recreativa de S. Miguel e treina quatro vezes por semana, não dispensando também o ginásio uma ou duas vezes semanais. Treina habitualmente maioritariamente em grupo, guardando os treinos mais longos ou específicos para treinar sozinha. É o seu esposo quem lhe prepara o plano de treinos.
Vida muito ocupada
Para Cristina, não tem sido fácil conciliar os treinos e as corridas com a sua atividade profissional. “Faço-o com alguma dificuldade e com bastante organização, até porque dedico ainda muito tempo à causa animal, estando recentemente envolvida na criação de uma associação em Vila Nova de Poiares e paralelamente na organização do o Poiares Trail em conjunto com a minha equipa”.
“Tem-me marcado fazer mais e melhor do que acreditava ser capaz de fazer, de atingir objetivos que nunca imaginei alcançar nos Campeonatos Nacionais de Trail”
Estreia no Trail Viver Pereira
Estreou-se a correr no trail Viver Pereira, nos arredores de Coimbra. “Tinha chovido bastante, o percurso estava muito enlameado e acabei por me divertir imenso com a restante equipa”. Cristina corre em média uma dúzia de provas por ano. É uma mulher sobretudo dos trails mas não descura a estrada. “Confesso que tenho um fraquinho pelo trail, mas gosto de fazer uma ou outra prova que implique acelerar um pouco mais o ritmo”. Nos trails, seduz-lhe o contacto com a natureza, a possibilidade de conhecer outras pessoas, o convívio com a restante equipa. “Fazemos de cada ida a uma prova uma festa”
Tartan, não obrigado!
As suas provas preferidas são aquelas onde a sua equipa participa massivamente. Já quanto lhe perguntámos qual a prova onde menos gostou de participar, refere-nos a sua experiência na pista. “Fui ao Campeonato Nacional de Masters, onde fiz 800 e 1500 metros. Apesar dos resultados não terem sido maus, a verdade é que não me identifiquei com a pista e com aquele género de competição e por isso não voltei ao tartan”.
Gostar de desafios diferentes
Quanto à sua distância preferida, até à época anterior, a sua preferência ia para provas até 30 km. Mas quando começou a fazer o Campeonato Nacional de Ultra Trail, começou a ser difícil escolher. “Como gosto de desafios diferentes, gosto de intercalar distâncias e ritmos”.
Capacidade de superação pessoal
Nos seus cinco anos de corridas, o que mais tem marcado Cristina é a capacidade que tem encontrado para superar obstáculos nas provas em que participa. “De fazer mais e melhor do que acreditava ser capaz de fazer, de atingir objetivos que nunca imaginei alcançar nos Campeonatos Nacionais de Trail”. No mundo das corridas, aprecia o convívio com os amigos e o contacto com a natureza, a capacidade de superação pessoal, a possibilidade de estabelecer objetivos e de os cumprir. “São lições que transportamos da corrida para a nossa vida pessoal”. Pensa correr enquanto isso a motivar, lhe permitir conhecer pessoas interessantes de norte a sul de Portugal e ilhas, e divertir-se com o seu grupo de amigos da equipa e fora dela.
Não à carne
Cristina nunca teve uma modalidade que lhe despertasse um interesse especial. Daí dizer-nos que se não estivesse no atletismo, era capaz de estar em modalidades de giná- sio. “Nunca gostei de ficar parada”. Faz anualmente exames médicos de rotina e quanto a lesões, teve apenas uma há cerca de dois anos, num joelho. Na sua opinião, o facto de não cometer excessos quer em treino, quer em competição, acabam por ajudá-la. Não tem um cuidado especial com a alimentação, apenas não come carne.
Papel da entidade reguladora do trail no país
Cristina pensa que o trail tem trazido para o atletismo cada vez mais pessoas e que isso digno de registo, que pode aproximar as pessoas do desporto e afastá-las de uma vida sedentária. O aumento exponencial de provas de trail de Norte a Sul de Portugal é um sinal desta elevada procura. Refere-nos ainda a importância da criação da Associação de Trail Running de Portugal que terá ajudado ao seu crescimento e divulgação, nomeadamente com a organização de campeonatos de trail e com a recente organização do WTC em Portugal. “Tudo isto parece indicar muito boas perspetivas para o atletismo em Portugal, pelo menos no âmbito do trail running”.
“Com a massificação do trail, surgiram muitas provas, mas penso que a maioria tenderá a desaparecer e permanecerão apenas as que forem escolhidas pelos atletas, cada vez mais exigentes e conscientes do que procuram”
Maioria dos trails tende a desaparecer
Quanto a sugestões para uma melhor organização das provas, Cristina é de opinião que elas devem ser organizadas por pessoas que conheçam bem a modalidade e percebam as exigências dos atletas, os seus interesses, as suas motivações. “Com a massificação do trail, surgiram muitas provas, um pouco por todo o lado, mas penso que a maioria tenderá a desaparecer e permanecerão apenas as que forem escolhidas pelos atletas, cada vez mais exigentes e conscientes do que procuram”.
De uma caminhada para o pódio
Não faltam estórias a Cristina. A primeira passou-se no Ultra Trail de São Mamede. Inscreveu-se para a caminhada na distância de 8 km mas a poucos dias do evento, decidiu mudar-se para a prova de 28 km. Correu-lhe tão bem que acabou por ir ao pódio. “Completamente inesperado!”.
7 km com um gato embrulhado num buff
A outra estória passou-se num trail de 21 km. Cerca do sétimo quilómetro encontrou um gatinho desnutrido, cheio de pulgas e sem um olho. Cristina não conseguiu ficar indiferente e transportou-o consigo. No abastecimento seguinte, pediu para o deixar e que lho entregassem na meta. Disseram-lhe que o ideal seria entregar o gato no próximo PAC. Fez cerca de 6/7 km com ele embrulhado num buff, a tentar saltar cá para fora, a miar desalmadamente e praticamente a passo de caracol…. “Entregaram-me o gatinho na meta e eu achei que seria mais um para juntar à minha extensa lista de gatinhos recolhidos da rua com múltiplas deficiências e problemas, mas um coração generoso acabou por o adotar”