Quase seis anos depois de ter sido 4º nos 20 km marcha do Mundial de Pequim’2013 – a maior proeza da sua bem longa carreira – João Vieira foi “promovido” a terceiro classificado, com direito a medalha de bronze! O vencedor, o russo Aleksandr Ivanov, foi desclassificado, por doping!
João Vieira também já subira de terceiro para segundo (de bronze para prata) no Europeu de 2010, por desclassificação de outro russo. Agora, foi no Mundial, no qual ele participou já com 37 anos (!), tendo surpreendido todos com o seu 4º lugar. Fez uma prova cautelosa, com andamento muito regular. Era 20º aos 5 km (mas apenas a dois segundos do 6º); era 18º aos 10 km; 10º aos 15 km; e terminou em 4º lugar, ultrapassando cinco atletas na légua final (e beneficiando ainda de uma desclassificação). Aos 15 km, estava a 25 segundos do 4º classificado! Ivanov, com apenas 20 anos, fora um surpreendente campeão (agora sabe-se como…), à frente do campeão olímpico, o chinês Ding Chen (de 21 anos), e do espanhol Miguel Angel Lopez (25 anos), que acabaram por ganhar as medalhas de ouro e prata.
“Foi surpreendente”, referiu ele após a prova. “Sabia que estava muito bem, que estava mesmo a valer o recorde nacional, mas com estas condições de calor era impossível fazer bons tempos. E o importante nestes campeonatos é a classificação. Não contava é que pudesse ser tão boa. Com os meus 37 anos, bati-me com miúdos de 22/23”, acrescentou na altura, em Pequim.
Seis anos depois, em declarações à Agência Lusa, refere que está “triste por não ter subido ao pódio naquela altura”, acrescentando: “é uma amargura que posso ter, mas não posso fazer nada contra isso, já estou habituado. Já esperava isto há algum tempo, pela quantidade de atletas russos apanhados nos últimos anos. Mais vale tarde do que nunca.”
O russo Ivanov, agora desclassificado (vai cumprir três anos de suspensão, a partir de maio de 2017), ganhara com 1.20.58, seguido de Ding Chen (1.21.09) e do espanhol Miguel Angel Lopez (1.21.21). João Vieira gastou 1.22.05.
Portugal passa a somar seis medalhas de ouro, seis de prata e nove de bronze em Campeonatos do Mundo, sendo esta a terceira na marcha, depois do bronze de Susana Feitor em 2005 e do ouro de Inês Henriques em 2018.