Christian Coleman, de 23 anos, foi apenas um suplente da estafeta 4×100 m nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. Mas em três anos, a situação mudou radicalmente. Já na final dos 100 m do Mundial de Londres em 2017, Coleman derrotou Usain Bolt, ficando apenas atrás de Justin Gatlin por milésimos de segundo. Não parou de evoluir e passou a ser o melhor velocista da atualidade. Com 9,82 em 2017 e 9,79 em 2018, Coleman surge como o principal favorito ao trono deixado pelo jamaicano e quer bater os recordes de Bolt.
“Eu não quero ser o próximo Usain Bolt. Quero ser o Christian Coleman e começar o meu próprio legado. Eu quero ser o melhor da história e acho que não se deve tentar qualquer desporto se esse não for o seu objetivo. Quero um dia poder dizer que eu sou o melhor que já pisou uma pista de atletismo”.
Fugir aos 2 anos do aspirador em casa
Coleman nasceu em Atlanta, na Geórgia. Diz que descobriu na infância, o dom de correr através de uma brincadeira. Ele fugia então do aspirador na casa dos pais. “É claro que eu não me lembro disso, mas os meus pais contam que quando eu tinha dois anos de idade, eu tinha medo do aspirador, então os meus pais ligavam o aspirador, e eu saia correndo de fraldas. E os meus pais achavam graça de como eu corria depressa. Era uma tortura, pois eu só tinha dois aninhos. Eu ficava assustado e corria como se fosse para salvar a minha vida”.
Não ao futebol americano
O americano também mostrou as suas qualidades noutros desportos. No Tennessee, chegou a pensar em jogar futebol americano. No combine de 2017 da NFL, mostrou que as suas credenciais eram impressionantes ao correr as 40 jardas em 4,12 s. Mas a altura nunca ajudou para dedicar-se ao futebol americano. Dedicou-se então de vez ao atletismo.
A importância de ter estado nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro
Foi nos JO do Rio de Janeiro 2016 que ele percebeu que tinha realmente a possibilidade de ir longe. Na estafeta 4×100 m, correu a eliminatória, mas depois foi apenas suplente na final. A experiência no Rio de Janeiro fez Coleman guardar boas memórias do Brasil. “Definitivamente, o Brasil foi aquele momento em que eu me descobri, porque cresce-se assistindo aos Jogos Olímpicos pela TV, a cada quatro anos, e classificar-me para a equipa olímpica é algo que não acontece a qualquer um. Eu cheguei lá com 20 anos, era o mais novo da equipa, e estar na mesma equipa de atletas que eu admirava, então esse foi o ponto crucial da minha carreira. Foi o clique. Eu realmente sou bom, e Rio de Janeiro, terá sempre um espaço no meu coração”, disse Coleman.
O céu é o limite
No ano passado, além de correr em 9,79 s, melhor tempo mundial desde os 9,74 de Justin Gatlin em Doha 2015, Christian Coleman bateu o recorde mundial dos 60 m em pista coberta no Mundial de Birmingham com 6,34.
Dados da IAAF mostram que nos 60 m, os corredores levam entre 1,7 a 1,8 s para cobrir os primeiros dez metros. As marcas colocam-no como o principal favorito para o Mundial de Atletismo deste ano, no Qatar.
Os números mostram que o americano continua a evoluir. O seu técnico Tim Hall garante que o céu é o limite. E tem a certeza de que o recorde de Usain Bolt de 9,58, desde 2009, será superado.
“Sim. Definitivamente o recorde virá. Todos esses treinos podem dar resultado ainda este ano. Em Setembro, tem o Mundial em Doha e pode guardar esse rosto agora, porque o Christian Coleman tem um futuro brilhante pela frente”.
Menos peso e menos altura que Bolt
Com Coleman seguindo os passos de Bolt, é impossível não fazer uma comparação entre os dois. O jamaicano tem 1,95 m e 94 kg. Coleman tem 1,75 m e 72 kg. A diferença de altura é compensada com passadas mais largas para alguém para a sua altura e a força que aplica contra o solo. Ele tem duas características que fazem dele um excecional corredor. Sprinters menores são mais rápidos no início. Eles atingem o pico de velocidade mais rapidamente. Mas também desaceleram mais rapidamente. Coleman tem uma grande capacidade de aplicar força contra o solo e isso faz com que ele mesmo sendo pequeno, consiga ter passadas relativamente grandes.
Vitória sobre Bolt é marco na carreira
Passados mais de dois anos do triunfo sobre Usain Bolt na final do Mundial de Atletismo, Christian Coleman consegue ter uma noção do que isso significou. “Foi um grande momento. As pessoas perguntam-me sempre como é vencer o Bolt. Ele é o maior da história, do desporto. Ele foi um atleta único e alguém que sempre me inspirou. Era a última corrida dele”.
Melhores tempos do mundo em 2018 nos 100 m
Nome | País | Tempo | Data |
Christian Coleman | (EUA) | 9,79 | 31 de agosto |
Roonie Baker | (EUA) | 9,87 | 22 de agosto |
Noah Lyles | (EUA) | 9,88 | 22 de junho |
Michael Rogers | (EUA) | 9,89 | 21 de junho |
Zharnel Hughes | (GBA) | 9,91 | 9 de junho |