Geraldino Silva é aos 62 anos um maratonista do mundo. Atleta do Porto Runners, já correu 66 maratonas em 29 países e 49 cidades. Já chegou a correr 13 maratonas num ano, todas elas na Primavera e Outono. Das seis Majors, só lhe falta a de Tóquio. E este ano, vai com quatro maratonas!
Geraldino Silva nasceu na Maia e tem 62 anos. O atletismo apareceu na sua vida em 1981, quando cumpria o serviço militar em Cascais. Para atingir os objetivos a que se propôs e como a aptidão física era uma componente importante para a avaliação final, dedicou-se a sério a várias vertentes como a corrida.
Cumprido o serviço militar e de regresso à vida “civil”, manteve o hábito saudável da corrida com 2/3 treinos semanais entre 8 a 10 km. Não com o objetivo de participar em provas, apenas para cuidar da saúde. Mesmo assim, não evitou as “bocas” tipo “se fosse para trabalhar, não corrias tanto…”. Quem correu nos princípios da década de 80, lembra-se certamente desse tipo de comentários, refletindo a mentalidade da época.
Geraldino só decidiu participar numa prova aos 49 anos, em Abril de 2006. Houve um dia em que decidiu ir treinar para o Parque da Cidade do Porto, que ainda não conhecia. Cruzou-se com um grupo de atletas, tendo um deles sugerido que se juntasse ao grupo para treinar com eles. Desafio lançado/desafio aceite!
Estreia na Meia Maratona de Matosinhos para recordar
Duas semanas depois, Geraldino estreou-se na sua primeira Meia Maratona em Matosinhos. “Sem fazer qualquer ideia no que iria ‘meter-me’/fazer”! Mas lá foi e nunca mais se esqueceu onde se tinha metido. “Foi das experiências mais duras alguma vez tida, pois que correr para simples manutenção e/ou simplesmente correr para cuidar da saúde, é uma coisa. Outra coisa bem mais exigente é ‘competir’ mesmo que o competidor se diga ‘amador’, sendo este desafio muito mais exigente e duro quando ainda não se está minimamente preparado para tal, e 15 dias não é tempo algum para algo do género!”
Geraldino enfrentou o desafio lançado por Pedro Amorim, do Porto Runners e ganhou-o. “Terminei a prova, junto com vários colegas muito mais experientes do que eu nestas andanças, com o registo de 1h45m (5 min/km, na altura nem fazia ideia do que isso era), sofri como nunca, pois por quatro vezes perdi o contacto dos colegas e por outras quatro, os fui buscar. Mas só foi a cabeça a conseguir esse ‘feito’, pois o corpo nem pouco mais ou menos estava nessa altura preparado para aceitar um desafio sequer a 6 m/km, quanto mais a 5 m/km!”
Desafiar o “prazo de validade” para as corridas
Geraldino passou por duas fases distintas e que tiveram a ver com as lesões. Uma antes e outra após 2012/2013. Nestes dois anos, esteve sem competir devido a lesões ao nível do menisco em ambos os joelhos e reação negativa pós cirúrgica a um deles, com posterior fratura dupla de stress na tíbia e perónio. Chegaram a propor-lhe uma segunda operação a um dos joelhos, tendo-lhe sido dito que “o seu prazo de validade para as corridas já terminou”. Geraldino não aceitou a operação e respondeu: “olhe que não, ainda irei fazer o triplo do que já fiz até hoje”. Palavras sábias, como se podem comprovar com o número de maratonas posteriormente concluídas.
“Uma das coisas mais importantes reside na aprendizagem e treino em saber ‘ouvir’ e atender o que o corpo pede, respeitando sempre as condições atmosféricas do dia da prova”
66 maratonas em 29 países e 49 cidades
Assim, entre 2006 e 2011 (antes da lesão), correu 75 provas entre os 10 km e a meia maratona e ainda, 14 maratonas:
2006 – (1): Porto; 2007 – (1): Londres; 2008 – (3): Estocolmo, Berlim e Porto; 2009 – (3): Roma, Paris e Porto; 2010 – (3): Sevilha, Berlim e Nova York; 2011 – (3): Paris, Budapeste e Porto.
Depois de Abril de 2014 e até agora, foram mais 70 provas entre os 10 km e a meia maratona e “apenas” 52 maratonas. 8 a 13 por ano, tendo feito 37 em 37 meses, entre Abril 2014 e Maio 2017! É o 13º atleta nacional com mais maratonas na lista coordenada mensalmente por António Belo. Tem como recorde pessoal, 3h13m47s, feito alcançado em Sevilha 2010.
2014 – (6) Paris, Salzburgo, Varsóvia, Amesterdão, Porto, Valência;
2015 – (12) Sevilha, Barcelona, Viena, Genève, Riga, S. Petersburgo, Helsínquia, Oslo, Budapeste, Veneza, Porto, Florença;
2016 – (13) Roterdão, Londres, Praga, Copenhaga, Estocolmo, Reykjavik,Tallin, Moscovo, Kiev, Frankfurt, Atenas, San Sebastian, Pisa;
2017 – (9) Marselha, Zurique, Hamburgo, Cracóvia, Riga, Edimburgo, Vilnius, Palermo, Málaga;
2018 – (8) Milão, Londres, Belfast, Rio de Janeiro, Berlim, Chicago, Lausanne, Nova York;
2019 – (4) Telaviv, Limassol, Boston, Londres
Geraldino não tem um treinador mas tem por hábito elaborar um plano de treinos adequado a cada desafio que se propõe enfrentar. Para tal, alia a experiência à leitura de artigos específicos em revistas da especialidade e aos conhecimentos adquiridos num curso de treinador de grau I, tirado em 2012 na Federação Portuguesa de Atletismo, quando estava lesionado. “Foi um excelente complemento, extremamente enriquecedor de toda a experiência já vivida até essa altura como competidor amador”.
Difícil conciliar vida profissional com as corridas
Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, é atleta do Porto Runners e é com dificuldade que consegue conciliar os treinos e corridas com a sua atividade profissional.”Exige um enorme rigor e disciplina no desempenho da atividade profissional cujos timings muitas vezes, são alterados à ultima hora, provocando desacertos com colegas de treino. Por isso, desloco-me sempre munido de mochila com equipamento preparado para duas situações de treino possíveis, “in door”/ginásio ou ao ar livre, cerca de 50% cada”.
O famoso “muro” na estreia na maratona no Porto
A estreia nos 42.195 metros deu-se na 3ª edição da Maratona do Porto, em 2006. Passou logo pelas duas sensações mais antagónicas que os maratonistas costumam experimentar. “Uma autêntica euforia e sensação única de facilidade e prazer na primeira parte da corrida, até à 1h30m/2h, em que sentimos nada ir contrariar o nosso firme objetivo e até sentimos que não está a custar mesmo nada (enorme libertação de endorfinas). Depois, erros de ‘aprendiz’/falta de experiência que poderiam ter impedido de concluir a prova. Aquando do km 25, por distração não aproveitei o abastecimento disponível e ao km 30, tentei fazê-lo mas o mesmo já não estava disponível”.
Como consequência, o famoso ‘muro’ apareceu ao km 32. “Não tinha quaisquer forças para continuar, o meu ‘combustível’ tinha chegado ao fim mas eu não sabia nem percebia o que se passava. Só sabia que queria correr mas as pernas não obedeciam, foi um autêntico suplício entre os 32 e os 36 km, com várias paragens e virado para o Rio Douro, sem saber o que fazer. Nessa altura, eramos apenas pouco mais de 300 atletas e quer olhasse para a frente, quer para trás, não encontrava quase ninguém. Até que um colega que acompanhava a prova de bicicleta, me facultou um pouco de água, tendo sido o suficiente para repor um nível mínimo de ritmo e poder terminar a prova”.
A maratona é a prova que mais respeito e humildade deve merecer… Ao mesmo tempo é a prova mais desafiante e motivadora pela dificuldade extrema que nos pode apresentar…
Maratonas de Roma e Veneza, as suas eleitas
Como é natural, os 42.195 metros são a sua distância preferida. “É a prova que mais respeito e humildade deve merecer, sempre que nos apresentamos na partida de qualquer delas. Nunca podemos estar seguros à priori de a conseguir concluir, pois são tantos os percalços e possíveis imponderáveis que durante a mesma podem ocorrer, que poderão pôr em causa e condicionar por completo esse nosso objetivo”.
Se a maratona merece respeito e humildade, ela é também um desafio. Geraldino vai mais longe na sua análise aos 42.195 metros: “Ao mesmo tempo, é a prova mais desafiante e motivadora pela dificuldade extrema que nos pode apresentar, sempre única e diferente em cada local, dependente de vários fatores como as condições atmosféricas, altimetria, condições do piso, logística de deslocação e tempo de espera para conseguir comparecer na partida, organização e disponibilidade de abastecimentos corretos e outros apoios necessários, para além da nossa própria forma em cada momento para a abordar”.
Para quem já correu 66 maratonas em 29 países e 49 cidades, não deve ser fácil referir quais as suas preferidas. “Todas as provas de Maratona têm aspetos positivos e outros menos positivos… Mas emoções sentidas inexplicáveis e momentos únicos vividos nalgumas, fazem-me relevar as seguintes”:
- Maratona de Roma 2009 – a “levitar”
“Para além da partida emocionante ao som de ‘Chariots of Fire’ dos Vangelis, junto ao Coliseum onde também ocorre a chegada, esta cidade histórica fez-me sentir algo inexplicável que nunca mais voltei a sentir noutro qualquer lugar. Na passagem do km17 ao km19, senti-me como que a ‘levitar’, uma ‘energia’ imensa envolvente e transcendente em redor de mim que me transportava e fazia-me sentir não estar a despender esforço físico algum, tal era a facilidade com que me deslocava(m). Não fazia qualquer ideia em que parte do percurso me encontrava pois não tinha tido sequer a preocupação de me identificar previamente com o mesmo, o facto é que estava a aproximar-me e a passar ao lado da Praça de S. Pedro/Vaticano”.
Geraldino recorda outro “fenómeno” passado consigo em Roma. Apresentou-se na partida devidamente barbeado mas quando terminou a prova (em 3h19m), tinha “barba de dois dias”! “Algo surpreendente e inédito, talvez devido ao imenso suor e fluxo sanguíneo produzido no corpo por variações significativas de temperatura durante a prova, que terá provocado a dilatação dos poros da pele mais que o habitual, dando origem a um crescimento mais rápido dos folículos capilares da barba por suposto menor obstáculo!”
- Maratona de Veneza 2015 – ao lado do Adriático
Aqui, lembra os últimos 2/3 km corridos ao lado e mesmo nível do Mar Adriático. “Foram únicos e inesquecíveis, porque nem sempre possíveis de poderem ser disfrutados deste modo, porque muito dependente das condições atmosféricas do dia da prova”.
Atenas e Edimburgo, as menos agradáveis
Já Atenas e Edimburgo foram as maratonas que lhe deixaram recordações menos agradáveis. Em Atenas, “pela sua extrema dificuldade e dureza e altura em que a enfrentei, pois já tinha uma carga significativa sucessiva acumulada de muitos quilómetros nas pernas, apesar da beleza da sua chegada ao Estádio Olímpico”.
Em Edimburgo, porque foi a única em que correu sem qualquer objetivo associado. Tinha acabado há 15 dias em Riga de correr a sua 50ª maratona e 36ª em 36 meses. Geraldino tinha reservado Edimburgo apenas para a hipótese de algum contratempo que colocasse em risco o referido objetivo. “Por isso, também foi a prova que mais tempo fiz esperar quem sempre por mim espera, e tendo originado preocupações acrescidas pelo timing de chegada bem mais tardio que o habitual”.
“Já não sou nenhum menino e quando olho para trás, por vezes até nem dá para acreditar no que já foi feito”
Saber ouvir o corpo
Geraldino quis deixar ainda o seu alerta, baseado na experiência de quem já passou por situações de desidratações extremas com calor de 31º C em Estocolmo’2008 e frio de 3º C em Nova Yorque’2010: “A todos os praticantes jovens e não só, com menor experiência neste tipo de provas de resistência, uma das coisas mais importantes reside na aprendizagem e treino em saber ‘ouvir’ e atender o que o corpo pede, respeitando sempre as condições atmosféricas do dia da prova. Não tentar vencê-las pois é quase sempre uma batalha perdida e o limiar da consciência/inconsciência poderá ser algo que não conseguimos controlar, colocando a nossa vida em risco”.
“A corrida é uma das formas mais simples de reunir povos de diferentes raças, línguas, religiões e culturas”
Não aos trails
Geraldino, sendo um apaixonado pelas maratonas, nunca se aventurou nos trails. “Sempre considerei dois desafios totalmente distintos. Nessa primeira fase 2006/2011, eu adorava treinar para ‘estar em forma’ e desafiar-me ao melhor nível do que o treino me poderia proporcionar, bem como a elevada carga de adrenalina que o tipo de provas proporcionava. Julgava-las incompatíveis quando sobrepostas, ou se optava por umas ou por outras, caso contrário não disfrutaria tanto das primeiras”.
Nunca ninguém deve dizer nunca
Com tantas maratonas no curriculum, Geraldino já não pensa competir durante muito mais tempo. “Já não sou nenhum menino e quando olho para trás, por vezes até nem dá para acreditar no que já foi feito.” Compreensível para quem correu 37 maratonas em 37 meses, seis maratonas na Primavera e outras 6/7 no Outono, com intervalos de 15 dias e até duas em duas semanas seguidas! “Mas nestas coisas, nunca ninguém deve dizer nunca, apesar de ter consciência de já ter realizado algo impensável e só ter razões para estar grato por isso”.
Correu recentemente a Maratona de Boston, a sua 5ª World Marathon Major, fica-lhe a faltar apenas a de Tóquio, onde só poderá ir por sorteio. Esteve depois já este domingo na Maratona de Londres que concluiu em 3h39m05s. Para além de querer estar presente em Tóquio e completar então as seis Majors, resta-lhe para já o objetivo de chegar se possível em Setembro, aos 30 países/50 cidades distintas.
Quando deixar de competir, vai ficar a vontade de disfrutar do simples treino de manutenção e corrida saudável, “que é o mais aconselhável para todos, desde que a saúde o permita por mais algum tempo para o fazer”.
E se não estivesse no atletismo, que modalidade gostaria de ter seguido? Não refere uma em particular. Em jovem, praticou andebol mas também aprecia futebol, voleibol, basquetebol e natação. “Não tenho uma modalidade acima das outras que efetivamente quisesse ter apostado. O atletismo amador foi o desporto que se encontrava mais disponível e acessível, dependendo apenas de mim e da vontade em o querer praticar”.
“Qualquer paragem de 1/2 meses, implicam 3/4 meses para voltar ao ponto de partida”
Lesões, mal corrigido com novos métodos de treino
Costuma fazer exames médicos de rotina e tem os devidos cuidados com a alimentação. Quanto a lesões, foi muito fustigado por elas quando começou a correr em 2006 e até 2011. Quase tudo lhe apareceu, desde um esporão calcâneo, fascite plantar, contraturas diversas, rotura total de gémeo, distensão de isquiotibiais, “canelite”, fratura de “stress”, posturas/movimentos/desequilíbrios provocando nervo ciático “trilhado”, menisco, etc. Depois de dois anos ausente das competições, iniciou-se um novo período a partir de 2014, bem mais agradável com apenas uma distensão/contratura em 2017. O segredo esteve “apenas” na alteração substancial tida com o processo de treino. “Qualquer paragem de 1/2 meses, implicam 3/4 meses para voltar ao ponto de partida”.
Futuro sombrio para a modalidade
Geraldino encara com alguma apreensão o futuro do atletismo nacional. “Apesar das condições e facilidade em o praticar terem melhorado bastante, o facto é que o espírito de sacrifício de potenciais talentos que vão aparecendo, nem sempre é o suficiente e necessário para as exigências atuais”. Mas encontra mais razões como a dificuldade em potenciar ao máximo os melhores atletas e “a quebra acentuada na qualidade e quantidade de treinadores de excelência, em comparação com a existente no passado, que teve grandes vultos e figuras TOP prestigiados a nível mundial”.
Já quanto a sugestões para uma melhor organização das provas, é bem claro na sua análise. “Basta visitar algumas das provas que se realizam por todo o mundo e copiar o que de bom se faz lá fora”. Refere alguns exemplos: livre-trânsito em Genève nos transportes públicos para os participantes na prova; metro/comboio sem custos em Londres no dia da prova; “free-pass” para dois dias, véspera e dia da prova em Limassol; Veteranos + 60 anos em Cracóvia – isentos de custos na inscrição da prova.
Corrida, fator de união entre os povos
Com tantas maratonas internacionais, a corrida é para Geraldino, “é uma das formas mais simples de reunir povos de diferentes raças, línguas, religiões e culturas e conseguir um verdadeiro entendimento e cooperação de todos eles, quando colocados num espaço físico”. Dá como exemplo, na partida de uma qualquer prova internacional, “imaginarmos uma circunferência à nossa volta com um raio de 10 metros. No seu interior, encontramos representantes de largas dezenas de nações distintas, muitas delas provenientes de regimes não democráticos e mesmo assim, todos nos reconhecemos e conseguimos cooperar uns com os outros, porque todos integrados na mesma dificuldade e com o mesmo objetivo”.
Estórias de maratonista
Estórias não faltam ao nosso entrevistado. Aqui vão cinco, claro que todas elas passadas em maratonas.
- Chegada ao hotel às 2h30m da madrugada de domingo, no mesmo dia da prova em Tallin/Estónia, por atraso considerável do voo de ida no sábado. Valeu-lhe ter pedido previamente à organização a entrega do dorsal no hotel. Só assim pôde estar na partida da prova.
- Ter decidido o voo de regresso de Florença para as 15 horas de domingo, apenas duas horas após o tempo previsto na corrida- cerca de 3h30m (o que cumpriu). Conseguiu chegar ao aeroporto apenas um minuto antes do fecho das portas de embarque, com uma menina simpática a dizer-lhe “ já íamos fechar, só faltava o senhor”.
- Em 2015, minuto de silêncio emocionante, único e nunca testemunhado antes em qualquer outro local, pelo extraordinário rigor do silêncio arrepiante conseguido por milhares de atletas de diferentes países presentes na partida em Florença, devido aos atentados terroristas em Paris ocorridos dias antes.
- Em 2018, desvio e interrupção do voo para Detroit em detrimento do local de destino final que era Chicago, devido ao mau tempo. Geraldino passou a noite de 6ª feira para sábado no aeroporto por indisponibilidade de alojamento e conseguir chegar por meios próprios, ao local da prova, ainda a tempo de levantar o dorsal e correr a maratona.
- Em 2016, o frio e a chuva gelada em Kiev eram tão intensos que entre o km 32 e o 36, teve grandes dificuldades em estar certo de estar a pisar o solo. “Não o sentia nas passadas, obrigando-me a uma atenção/concentração máxima para não cair, tendo em conta o elevado grau de insensibilidade”.
Conceição Grare/Joan Benoit
A terminar, Geraldino quis deixar o seu reparo/lamento por em Portugal não se dar a devida importância a alguns autênticos talentos nacionais. “Nalguns países como por exemplo os EUA, eles seriam motivo de profunda admiração e mesmo notícia relevante de primeira página em vários órgãos de comunicação social”. Dá o exemplo da Maratona de Boston onde a ex-campeã olímpica Joan Benoit, de 62 anos, esteve presente e voltou a ser a primeira no seu escalão etário. “Seria interessante vê-la confrontar-se com uma nossa atleta amadora de nome Conceição Grare, de 65 anos e sem rival a nível mundial no seu escalão etário há quase cerca de duas décadas, primeira em Berlim em 2009 e 2010”.
Conceição Grare não se inscreveu a tempo em Boston, o que na opinião de Geraldino, “impediu de vermos citado/elogiado o nome do nosso país nos EUA por algo que os americanos dão imenso relevo e apreciam, nem imaginando que possa existir uma portuguesa na atualidade que consiga competir com a sua ex-campeã olímpica que muito veneram!”