O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) decidiu hoje que Caster Semenya, não poderá competir mais internacionalmente em provas até à milha.
A decisão, anunciada após três juízes terem passado a maior parte do último mês debatendo sobre o complexo caso, é em última instância desportiva. Assim, se ela quiser competir nas provas de 800 e 1.500 m, terá que tomar medicamentos para reduzir a sua testosterona. Na semana passada, ela venceu o campeonato sul-africano nos 5.000 metros. Nesta distância, ela não precisa de baixar as suas taxas de testosterona para poder competir.
Em Abril de 2018, a IAAF impôs uma regra que determinava que atletas com “diferenças de desenvolvimento sexual”, as chamadas DSD, deveriam reduzir a taxa de testosterona para poder participar em competições internacionais em provas até 1.500 m. Na argumentação da IAAF, as taxas de testosterona influenciam sobretudo em corridas dessas distâncias, porque aumentam a explosão muscular. Semenya possui hiperandrogenismo, condição caracterizada pela produção excessiva de andrógenos como testosterona, o hormónio masculino.
A corredora argumenta que o seu caso é diferente do que acontece com atletas transgéneros, já que nasceu e vive como mulher. A sul-africana acusa a IAAF de discriminação. Para Semenya, Sebastian Coe, presidente da IAAF, abriu velhas feridas com os seus comentários sobre o género da sul-africana.
A IAAF divulgou uma nota agradecendo ao TAS a resposta rápida e detalhada ao recurso pedido por Semenya. Segundo a entidade, a regulamentação entrará em vigor dia 8 deste mês, onde todos os atletas relevantes que desejam competir numa prova feminina internacional, precisam de respeitar as condições de elegibilidade prevista na cláusula.
– “Atletas relevantes têm uma semana a partir de hoje (1 de Maio de 2019), para reduzir os níveis de testosterona dentro dos níveis regulamentares, então teriam que iniciar o tratamento supressivo o mais rapidamente possível”, diz o comunicado da IAAF.
Minutos após a decisão do TAS, Semenya postou uma mensagem nas redes sociais: “Ás vezes, a melhor reação é não reagir”.