Aos 33 anos, a americana Allyson Felix tem 16 medalhas em Mundiais de Atletismo, mais duas que Usain Bolt
Allyson Felix tem 33 anos e já subiu ao pódio 16 vezes em Mundiais de Atletismo, superando Usain Bolt, que encerrou a carreira em 2017 com 14 medalhas. Nascida em Los Angeles, Allyson Felix estará em Doha, onde procurará ampliar a sua hegemonia. Apelidada de Chicken Legs (Pernas de Galinha) na infância devido às suas pernas finas e longas, a americana coleciona histórias marcantes como a polémica com o seu patrocinador Nike, após a sua gravidez.
Quando regressou à competição em 2018, após dar à luz a sua filha Camryn, a corredora acusou a empresa de ter reduzido os valores do seu contrato em cerca de 70%. A polémica da atleta estendeu-se a todos os atletas de alta competição, ganhando coro após um artigo publicado por si em Maio no jornal The New York Times.
– “As nossas vozes são poderosas. Nós atletas, sabemos que essas histórias que estão a ser contadas são verdadeiras, mas temos muito medo de o dizer publicamente: se tivermos filhos, corremos o risco de os nossos patrocinadores nos cortarem (dinheiro) durante a nossa gravidez e depois”, afirmou Allyson.
A americana voltou a competir no final de Julho. Devido ao imbróglio, Allyson terminou o contrato com a Nike, assinando com a desconhecida marca Athleta, que nunca havia patrocinado desportistas de alta competição.
Apesar do fim da parceria, a corredora pôde saborear uma vitória em prol da causa feminina. Em Agosto, a multicampeã foi às redes sociais divulgar uma carta recebida do vice-presidente de marketing global da empresa, John Slusher, anunciando uma nova política não discriminatória.
– “Se a atleta ficar grávida, a Nike não pode aplicar nenhuma redução relacionada com o rendimento (se for o caso) por um período consecutivo de um ano e meio, começando nos oito meses anteriores à data do parto. Durante esse período, a Nike não pode rescindir nenhum contrato se a atleta não competir devido à gravidez”, revelou Allyson Felix.
Filha de pastor e início precoce no atletismo
De família cristã protestante, Allyson Felix é filha de um pastor e professor do Novo Testamento em Sun Valley, na Califórnia. Influenciada pelo irmão, campeão americano júnior nos 200 metros, a norte-americana começou a praticar atletismo na adolescência, conseguindo rapidamente bons resultados.
Em 2003, Allyson recebeu o prémio de “Atleta do Ano do Ensino Secundário”, dado pela revista especializada em atletismo Track & Field News. Nesse mesmo ano, na Cidade do México, ela correu os 200 m em 22,11 s, o mais rápido tempo na história para uma velocista ainda em idade escolar. O feito tornou-a um fenómeno, apesar de a marca não ter sido validada devido à ausência do exame antidoping pelos padrões da IAAF.
O sucesso meteórico levou Allyson a iniciar a sua carreira olímpica aos 18 anos. Em 2004, ela competiu nos Jogos de Atenas, quando conquistou a prata nos 200 m. Após a estreia promissora, a corredora amealhou outras oito medalhas olímpicas. Na Rio de Janeiro 2016, Allyson integrou as equipas campeãs nas estafetas 4×100 m e 4×400 m. Ela foi ainda prata nos 400 m.
As medalhas no Rio de Janeiro tiveram um sabor de superação para a corredora. No início daquele ano, ela sofreu uma queda durante exercícios numa barra suspensa, torcendo o tornozelo direito e rompendo vários ligamentos. A lesão afetou o desempenho de Allyson nos meses seguintes. Devido a esse problema, a corredora não conseguiu classificar-se na seletiva americana dos 200 m.
– “Fiquei muito desapontada por não defender o meu título nos 200 m, mas faz parte do desporto, temos que lidar com isso”, disse Allyson antes de competir nos Jogos Olímpicos do Rio.
Nos Mundiais de Atletismo, Allyson Felix possui um currículo ainda mais vitorioso. A sua estreia foi em Helsínquia 2005, quando foi ouro nos 200 m. Desde então, foram mais 15 pódios em Mundiais, com 11 ouros, três pratas e dois bronzes. Um reinado que pode ser ainda mais ampliado em Doha, já que Allyson compete nos dias nos dias 5 e 6 de Outubro na estafeta 4×400 m femininos.