(Fotos FPA)
Sensacional a prova de João Vieira, medalha de prata dos 50 km marcha do Mundial de Doha aos 43 anos! Tornou-se o mais velho medalhado de sempre. Foi uma grande surpresa, compensando a desistência de Inês Henriques…
João Vieira começou cauteloso – era 21º aos 5km, 15º aos 15 km, 13º aos 25 km. E gastou 2.05.32 na primeira metade da prova, contra 1.59.27 na segunda! Foi depois dos 25 km que começou a grande recuperação: subiu de 13º para 7º dos 25 para os 30 km, aos 35 km já era quarto e aos 40 km 3º! Nos últimos 5 km, ultrapassou o chinês Wenbin Niu, que caiu para quarto, e aproximou-se a 39 segundos do novo campeão, o japonês Yusuke Suzuki, que estava em forte quebra. Gastou 4.04.59 contra 4.04.20 do japonês vencedor.
João Vieira fez na primeira metade cada légua acima dos 25 minutos e passou depois a fazê-las em 24.00 (30/35 km), 24.01 (35/40 km), 23.54 (40/45 km) e 23.11 (45/50 km). Mais rápido apenas o canadiano Evan Dunfee, que em dia de aniversário (este sábado, aquando da partida), fez a última légua em 22.29 e terminou em terceiro, a três segundos de João Vieira.
A primeira sensação da prova foi dada pela desistência do recordista e campeão mundial Yohan Diniz (França, com ascendentes portugueses), logo a seguir aos 15 km. Depois do meio da prova abandonou o campeão olímpico, Matej Toth (Eslováquia).
Na frente, o japonês Yusuki Suzuki isolou-se antes dos 15 km e chegou a ter mais de três minutos de vantagem a meio da prova (que cobriu em 2.01.07) e aos 35 km (3.34). Mas, depois, parou (ou quase) três vezes e a sua vantagem sobre os segundos foi diminuindo, até aos 39 segundos finais. Gastou 4.04.20.
Uma nota ainda para o honroso oitavo lugar do espanhol Jesus Angel Garcia (4.11.28), o atleta mais velho deste Mundial (a dias de completar 50 anos) e que está a disputar o seu 13º Mundial (já foi campeão em 1993 e segundo em 1997, 2001 e 2009).
Na prova feminina, Inês Henriques começou bem: esteve no grupo da frente até aos 20 km, altura em que passou a par com a chinesa Rui Liang, com 10 segundos de vantagem sobre a terceira (Maocu Li) e 20 segundos sobre a quarta (Eleonora Giorgi). Mas, depois, começou a quebrar um pouco e aos 25 km (que passou em 2h 15m 44s), já era quarta, a 40 segundos da chinesa que liderava. Mas a quebra maior deu-se entre os 30 e os 35 km, percorridos em 29m 12s (contra passagens anteriores na casa dos 26 minutos). Inês baixou para 5ª, já a 6.11 da primeira e a 2.19 do pódio. E, depois, deu-se a desistência.
Na frente, a chinesa Rui Liang, que se isolou antes dos 25 km e aos 40 km tinha uma vantagem de 1m 39s sobre a sua compatriota Maocuo Li, acabou folgada vencedora, em 4.23.26, contra 4.26.40 da sua compatriota e 4.19.13 da italiana Eleonora Georgi.
Entretanto, mais atrás, Mara Ribeiro foi fazendo a sua prova, ganhando lugares à medida que se iam registando desistências. Entre 23 concorrentes à partida, começou por ser 20ª até aos 20 km e terminou 15ª entre 17 atletas chegadas, com 4.58.44. Quebrou bastante na fase final: gastou 2.22.31 na primeira metade e 2.36.13 na segunda. Mas teve o grande mérito de completar a prova.
Os tempos finais dos vencedores (e da generalidade dos atletas) dizem bem das condições atmosféricas complicadas que se verificavam, apesar da hora tardia das provas (terminaram pouco depois das três e meia e quase às quatro da manhã locais, respetivamente! É inadmissível a escolha de Doha para sede destes Mundiais.
À tarde, Lorène Bazolo não esteve bem nas eliminatórias de 100 m. Foi 7ª na sua série, com 11,51 (v:-0,1), longe do seu nível habitual (tem 11,23 como melhor esta época e é recordista nacional com 11,21). Necessitava de fazer 11,31 ou melhor para ser uma das 24 semifinalistas. Obteve a 38ª marca entre as 47 concorrentes. Em grande plano estiveram três atletas, que baixaram dos 11 segundos, cada uma na sua série: Shelly-Ann Fraser-Pryce com 10,80, Marie-Josée Ta Lou, com 10,85, e Dina Asher-Smith, com 10,96 (ventos entre -0,1 e -0,3).