A espanhola Ana Peleteiro, especialista do triplo-salto deu uma interessante entrevista ao jornal Marca. Pelo seu interesse, reproduzimos a parte respeitante à sua presença no Mundial de Doha.
Como viveu no estádio a escassa afluência de público? O público foi vergonhoso, muito triste. Deu-me pena mas foi um campeonato que se decidiu com o anterior presidente. O público aliás, não percebia nada de atletismo. Pedias palmas e não sabiam que tinham de o fazer.
Num país onde as mulheres têm restringidos muitos direitos, como se sentiu? Não estava por gosto. Na pista, estávamos mal mas na rua… não é uma experiência que vá repetir.
Teve algum problema por esse motivo? Bom, um par deles. No hotel por exemplo, havia gente local e um dia estava com roupa curta e vi que um homem qatari me gravava em vídeo. Tentei adequar-me à sociedade, aos seus costumes. Noutro dia, esqueci-me da acreditação para entrar no estádio e tive que ser acompanhada por um polícia. Estive quase uma hora para poder entrar. O mesmo se passou com um rapaz, procuraram-no numa base de dados e deixaram-no entrar sem problemas.
Houve muitas críticas pela designação de Doha como sede do Mundial… O atletismo é um dos desportos mais igualitários. E por isso, resulta contraditório que no desporto se defenda tanto a mulher e depois se organize uma competição num país como o Qatar.