Em vésperas do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e numa altura em que as comitivas dos diferentes países já começaram a rumar à cidade, as notícias que nos vão chegando do outro lado do Atlântico não são nada animadoras e fazem-nos antever, desde já, que serão uns “Jogos” que ficarão para a história mas, infelizmente, não pelas melhores razões.
Desde há muito que vêm sendo relatadas pela comunicação social diversas peripécias e incidentes que põem em causa a qualidade organizativa do evento, mas com a proximidade das datas da sua realização essas notícias vão ganhando dimensão e contornos que se traduzem numa verdadeira preocupação.
Já se sabia há muito tempo que a Baía de Guanabara não iria ser despoluída a tempo dos desportos náuticos que ali terão lugar, pudessem ser disputados em condições de salubridade mínimas, ou que a Dengue e o Zika irão ser uma ameaça constante para todos aqueles que se deslocarem ao Rio de Janeiro, com a finalidade de participar ou assistir aos “Jogos”. No entanto, agora que as equipas se começaram a instalar, soube-se também que a aldeia olímpica, apresenta problemas graves de limpeza e de falta de água, entre outras lacunas, o que se traduz como sendo um perfeito sinal de desleixe.
Desportivamente, e no que diz à organização das provas, há sempre a esperança de que o jeitinho brasileiro para a improvisação e desenrascanço (em muito herdado dos portugueses) possa ter um papel importante e decisivo na ultrapassagem dos inúmeros problemas que, seguramente, irão surgir. Sabe-se também que, a este nível, vai ser necessário um esforço suplementar pois na sequência da desqualificação do laboratório de análise antidoping do Rio de Janeiro, as amostras recolhidas vão ter de ser enviadas para os Estados Unidos e Suíça, esperando-se que exista um enorme rigor nesse particular, especialmente depois dos problemas suscitados pelas equipas russas.
À margem das questões desportivas e organizativas, existem muitos outros problemas externos da responsabilidade do Estado do Rio de Janeiro que, devido a dificuldades financeiras não conseguiu concluir as acessibilidades projetadas para o evento, o que irá dificultar (e muito) as deslocações para os locais de competição por parte dos atletas e publico, traduzidas em longas horas de espera nas filas do trânsito.
Além disso, há que ter ainda em atenção os problemas de segurança, não só ao nível da pequena criminalidade, que são sempre uma constante na “cidade maravilhosa”, mas muito especialmente às ameaças de atentados por parte de simpatizantes do chamado Estado Islâmico, tendo já sido presos para interrogatório 15 suspeitos de estarem a preparar um ataque, havendo outras investigações em curso.
Por tudo isto, participar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, afigura-se como uma verdadeira aventura, onde os resultados desportivos parecem ser o menos importante. Em todo o caso, vamos ver como os nossos 93 heróis (23 no atletismo) se irão comportar. À partida já têm alguns alibis a seu favor…