Com a 62ª edição prevista para este domingo, o Grande Prémio do Natal, iniciado em 1946, é a segunda prova nacional de estrada mais vezes disputada, só sendo batida pela Estafeta Cascais-Lisboa (já 80 edições) e a par da Volta a Paranhos, que teve este ano igualmente a sua 62ª edição. A Volta à Cidade do Funchal vai para a 61ª. Revitalizada nos últimos anos graças à parceria estabelecida entre a Associação de Lisboa e o Maratona Clube de Portugal, o Grande Prémio do Natal, que percorre as principais artérias da capital e termina na Praça dos Restauradores (onde antes se concentravam milhares de espetadores) tem uma rica história, da qual se destaca Carlos Lopes, seis vezes vencedor.
A prova começou por ser uma iniciativa do Sporting e de “A Bola”, foi posteriormente organizada pela Federação Portuguesa de Atletismo e, na fase mais recente, desde 1976, pela Associação de Atletismo de Lisboa. Pelo meio, a prova chegou a fazer-se num percurso de corta-mato, única forma de ultrapassar as dificuldades impostas pela autarquia devido ao trânsito, e nos anos setenta foi relegada para os Olivais e para a Cidade Universitária, pois o advento da então denominada “onda verde” – fórmula “revolucionária” de sinalização elétrica e coordenada do trânsito – impediu a utilização do eixo central da cidade. Até então, o Grande Prémio do Natal contava com a generalidade dos melhores fundistas portugueses, normalmente concentrados no Sporting e no Benfica. Nos anos mais recentes, a par do desaparecimento desses grandes despiques, a prova passou a contar com várias centenas de corredores populares e a realizar-se também para os escalões mais jovens, com partidas de diferentes pontos do percurso.
A primeira edição do Grande foi realizada em 1946 e nos primeiros anos, a partida deu-se da Calçada de Carriche, em direção ao Campo Grande, Saldanha, Marquês de Pombal e Restauradores. Em 1953 surgiram os primeiros problemas, com a proibição de realização da prova nas ruas de Lisboa por parte da Câmara Municipal. Para que a corrida não morresse, a Federação fê-la disputar, em 1954 e 1955, num percurso de corta-mato, convidando até uma equipa espanhola do Real Madrid no segundo desses anos. Mas o entusiasmo do público não era o mesmo e a prova acabou por ser cancelada, não se realizando ao longo de nove anos. Até que, em 1965, a Federação Portuguesa de Atletismo conseguiu efetuá-la de novo e no percurso tradicional, apenas com alteração do local de partida, que passou a ser em Telheiras. A última complicação deu-se a poucos dias da edição de 1971, quando a Câmara Municipal a voltou a proibir. A prova foi “desterrada” para a Cidade Universitária, com a novidade de se terem então realizado, a par da corrida principal, com 59 concorrentes, duas outras, para veteranos (sete presenças) e populares (22). Em 1972, a prova foi feita nos Olivais e em 1973 voltou à Cidade Universitária. Mas viria a ser novamente interrompida, para regressar em 1976, por iniciativa da Associação de Atletismo de Lisboa e de volta ao percurso tradicional. No ano seguinte (1977), realizou-se pela primeira vez uma corrida feminina e em 1984 a prova passou a partir das imediações do Estádio da Luz. E quando o Ases das Avenidas, pequeno clube de Lisboa, deixou de organizar, no dia de Natal, o seu grande prémio para os escalões jovens, a Associação passou a englobar provas para esses escalões, a par de provas de marcha.
Em 2015, a Associação de Lisboa estabeleceu uma parceria com o Maratona CP, que passou a ser responsável pela organização da prova, a qual mais que duplicou logo o número de concorrentes, que atingiram os 4360 classificados em 2017.
Carlos Lopes (seis triunfos, cinco dos quais consecutivos, entre 1969 e 1973) e Marisa Barros (que ganhou quatro vezes entre 2007 e 2010) são os atletas com mais triunfos. Seguem-se-lhes Fernando Couto, com quatro, e Rita Borralho, com três.
Poderá ver a lista completa de vencedores no site www.atletismo-estatistica.pt