Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, a maratona foi vencida pela norte-americana Joan Benoit. Mas houve uma atleta que ficou célebre pelo seu final penoso, tendo levado mais de quatro minutos para completar os 400 metros finais na pista do estádio.
Foi ela a suíça Gabriele Andersen-Schiess, que então aos 39 anos, disputou a primeira maratona feminina na história dos jogos Olímpicos. Ela terminou a prova em 37º lugar com 2h48m42s, a quase 24 minutos de Joan Benoit.
Gabriele é até hoje, mais lembrada do que a vencedora. As imagens da suíça completando a prova a cambalear, ficaram eternizadas na memória olímpica como prova de resiliência, garra e determinação.
Agora com 74 anos de idade, Gabriele reconhece que não tinha ideia de que aquelas imagens finais dela na pista, a tornassem tão famosa.
“Eu nem me dei conta de que receberia tanta atenção por causa daquilo. Eu sabia que não estava entre as favoritas para vencer. A televisão só focava as maiores candidatas, e ninguém prestava muita atenção em mim, a não ser os meus amigos. Só fui perceber o tamanho daquele momento naquela noite, quando pessoas do Comité Olímpico Internacional me disseram que eu precisava de ir à conferência de imprensa, porque havia um interesse mundial. O Comité queria que eu aparecesse na televisão para que as pessoas pudessem atestar que eu estava saudável e não tive alguma sequela ou algo do tipo. No dia seguinte, fui a outra entrevista coletiva e comecei a notar reportagens em jornais, em que eu não era a protagonista de uma chegada qualquer, que havia algo especial ali”, disse Gabriele.
Para a então atleta, o que importava era poder participar nos Jogos Olímpicos, nem sequer aspirava a ficar nos dez primeiros lugares.
“Acho que aquela chegada mostrou que não apenas os vencedores, mas pessoas que apenas se classificam para os Jogos Olímpicos podem ser corajosas, determinadas e completar uma prova e ser bem-sucedidas, tanto quanto, os atletas medalhados. No dia a dia, tentamos fazer o melhor e dar tudo de nós, não desistir se aparecem obstáculos”, comentou.
E ela considerava ainda mais importante ter chegado nos Jogos Olímpicos por não se ter dedicado cedo ao atletismo. Gabriele, nascida em Zurique, só passou a ter mais contato com o desporto quando se mudou para os Estados Unidos.
“É algo especial, porque eu nunca sonhei que aquele momento fosse durar tanto tempo e que as pessoas se iriam lembrar dele. Até pessoas que eram jovens ali, em 1984, ainda se lembram daquilo. É algo realmente especial. Eu sinto-me muito honrada e surpreendida que este momento dure tanto tempo e provavelmente entrou para a história”, afirmou.
A terminar: “Mesmo sem ser a melhor, não significa que não devesse tentar o máximo. E não desistir. Por isso, acho que aquela imagem se eternizou. Não importa o que você faz, se faz com afinco tudo faz sentido”.