Devido ao adiamento dos Jogos Olímpicos para o Verão de 2021, o próximo Mundial de Atletismo, que seria disputado entre 6 e 15 de Agosto de 2021, em Eugene, foi adiado para 2022.
A competição é uma das maiores fontes de receita da World Athletics, envolvendo venda de bilhetes, transmissão televisiva e patrocinadores. Mas o seu presidente, Sebastian Coe garante que a boa administração da entidade permitiu que a decisão fosse tomada rapidamente.
“Não é uma situação ideal para se estar…Se olharmos de forma otimista para isso, nos próximos cinco Verões, teremos o atletismo no palco principal. Mover o Mundial em um ano, não vai causar uma dificuldade financeira indevida à Federação. Financeiramente, não somos um desporte rico, mas através da nossa boa administração, asseguramos que as nossas bases sejam fortes”, disse Coe numa entrevista por skype.
Mais da metade dos funcionários da World Athletics receberam licenças remuneradas até que sejam afrouxadas as restrições criadas pelo isolamento social.
Mas Coe foi cauteloso quando lhe perguntaram acerca da continuação da distribuição de subsídios para fomentar o atletismo nos vários continentes, uma das principais bandeiras da entidade.
“Claro que essa é a nossa ambição, mas não importa onde estamos no mundo, se estamos no desporto, nos negócios, em todos os lugares, estes são tempos muito incertos. Temos que tomar decisões prudentes, uma vez que ninguém sabe como será o futuro. Mas também sabemos que as nossas federações membros devem seguir com a oportunidade de desenvolver o desporto em mais de 200 países no planeta”.
Alinhamento com o COI nos bastidores
O anúncio do adiamento do Mundial de Eugene foi feito pouco depois de o Comité Olímpico Internacional ter divulgado as novas datas dos Jogos de Tóquio. Uma prontidão que refletiu o alinhamento das entidades e a proximidade dos seus dirigentes nos bastidores do desporto mundial.
Coe é amigo de longa data de Thomas Bach, presidente do COI. O então corredor e o esgrimista fizeram parte da primeira Comissão de Atletas do COI, nos anos 80, e após se terem retirado da alta competição, seguiram as suas carreiras como dirigentes. O britânico confirmou que, nos bastidores, a troca de informações entre os dois sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos, era intensa.
“Como presidente da federação do maior desporto dos Jogos Olímpicos, nós temos uma relação muito próxima com o Comité Olímpico Internacional, a todos os níveis…Nós tínhamos que lidar com o facto de que, apesar de estarmos a tentar manter as nossas competições ao longo do ano, estava a ficar muito óbvio que estávamos a perder essa batalha. Sentimos que era importante que o COI soubesse a nossa posição, e então ser tão flexível quanto possível. Uma vez que os Jogos foram transferidos de 2020 para 2021, não fazia sentido ter o nosso Mundial praticamente ao mesmo tempo”.
Entretanto, a Organização dos Jogos de Tóquio disse que não há um plano B para considerar um eventual novo adiamento. Coe não aceita essa possibilidade e qualquer possível reflexo no Mundial de Eugene.
“É muito importante que a gente dê estrutura para que os atletas saibam que as competições vão acontecer. Eu espero realmente que a pandemia seja contida. Tenho a certeza de que os Jogos Olímpicos vão poder acontecer no ano que vem…Estamos falando sobre um Mundial que será daqui a dois anos, e eu, genuinamente, acredito que nós poderemos manter esse objetivo”.