A artrose do joelho é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo, marcada pelo desgaste da cartilagem, tecido que reveste a extremidade dos ossos, inchaço e deformidades.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a artrose é a quarta enfermidade que mais reduz a qualidade de vida dos cidadãos.
Apesar de ser considerada uma doença da terceira idade, o crescente número de casos nos atletas profissionais e populares, tem sido preocupante e tem despertado a atenção da ciência, levando a inúmeras investigações na área.
Eis dez perguntas frequentes sobre a artrose:
- Quem está sujeito a isso?
Todos nós podemos ter artrose em algum momento das nossas vidas. Estudos indicam que a obesidade, sedentarismo e fraqueza muscular, aumentam as hipóteses de uma pessoa desenvolver a lesão. - Já fui submetido a cirurgias no joelho. Isso aumenta a hipótese de ter artrose?
Sim. Estatisticamente, quem já foi submetido a cirurgias como a reconstrução do ligamento cruzado anterior, posterior e, principalmente, após a retirada parcial ou total dos meniscos, nossos principais “amortecedores”, tem mais hipóteses de desenvolver a artrose, mesmo que esta ocorra em apenas um ponto do joelho. - É verdade que as mulheres têm mais hipóteses em ter a doença?
Sim. Devido a fatores anatómicos, onde a pelve mais larga o fémur faz um ângulo maior do que no homem na vertical (em média, 17º na mulher e 14º no homem). Isso faz com que haja uma distribuição anormal de peso, com maior tendência de sobrecarga na região externa do joelho, principalmente na porção externa da patela. Alguns estudos mostram que mulheres atletas têm aproximadamente o dobro de propensão em comparação com os homens, e tratando-se de mulheres negras, essas têm o dobro de propensão à artrose no joelho em comparação com mulheres brancas.
- Se eu desenvolver a doença, o que sentirei?
A dor de caráter progressivo é normalmente, o primeiro sintoma. Geralmente, acentua-se com a atividade física (degraus, subida e descida de escadas, desportos de contato e movimentos repetitivos) e é diretamente proporcional ao excesso de peso.
O joelho inchado (derrame articular) é o segundo sintoma e é muito frequente em pessoas que têm a doença e praticam desporto. Outro sintoma marcante é a perda progressiva do movimento e rigidez articular. Os efeitos da artrose no desporto vão desde queixas moderadas com inchaço e dores leves após a prática desportiva, até à incapacitação plena a atividades da vida diária.
- Se eu parar de correr, isso vai proteger os meus joelhos?
Não. Com o passar dos anos, por motivos profissionais e familiares, muitas pessoas tornam-se menos ativas. Infelizmente, o sedentarismo leva a atrofia muscular, com perda da capacidade de absorção de energia cinética e redução da resposta neutro-motora dos movimentos com consequente sobrecarga articular e degeneração. Além disso, muitos estudos mostram que a corrida e outras modalidades, quando praticadas com moderação, aumentam a secreção de enzimas anti inflamatórias no joelho, protegendo-o
- Pratico desporto com regularidade. Isso acelera o desenvolvimento da artrose no meu joelho?
Esta é uma das questões mais intrigantes para a ciência e a resposta é depende!
Sabe-se hoje que os exercícios aeróbicos como a corrida, ciclismo e natação melhoram a saúde do coração e permitem que os músculos trabalhem de forma mais eficiente, protegendo os joelhos. Segundo a Sociedade Americana de Reumatologia, é recomendável, 30 minutos por dia durante cinco dias por semana – ou seja, 2,5 horas por semana. Espera-se melhoria dos sintomas após aproximadamente seis a oito semanas de exercícios regulares.
No entanto, as pessoas que praticam desporto sem uma prévia preparação, sem orientação e com um volume e intensidade acima da capacidade fisiológica individual têm enorme risco de acelerarem a degradação cartilaginosa, com consequente artrose precoce.
- Participo em corridas populares. Tenho mais hipóteses de desenvolver a doença em relação a outras modalidades?
Num estudo envolvendo 11 universidades francesas, realizado com corredores, foi revelado que, quanto maior o volume do treino, maior a concentração sanguínea de produtos da degradação cartilaginosa, também chamados biomarcadores da cartilagem. Isso, segundo os autores, indicaria uma maior propensão à degradação cartilaginosa e, talvez, mais hipóteses do desenvolvimento da doença entre os corredores.
Um outro estudo realizado na Baylor College of Medicine do Texas constatou, entretanto, menor incidência de artrite nos corredores, independentemente da idade, sexo e tempo na modalidade.
Tudo isso leva a crer que uma boa preparação física, volumes de treino adequados e respeito na recuperação, induziriam a uma resposta biológica de proteção articular
- A musculação protege os meus joelhos para o desenvolvimento da artrose?
Assim como qualquer atividade física, a resposta também é: depende!
Muitas pessoas que ingressam em ginásios, principalmente aquelas que começam a treinar sem orientação de um profissional de educação física, acabam por desenvolver lesões por sobrecarga no joelho, muitas vezes graves.
Exercícios praticados fora da chamada angulação de proteção, com aumento da carga acima dos limites fisiológicos, podem sobrecarregar a cartilagem e acelerar o seu processo degenerativo.
A musculação, no entanto, sendo bem prescrita e praticada, respeitando a resposta anabólica individual, tem sido uma das melhores ferramentas para a proteção articular.
- Como posso prevenir a doença?
O check-up desportivo é a melhor forma de se avaliar e prevenir o desenvolvimento da artrose. Testes funcionais e de equilíbrio muscular, como o discinético são muito importantes. Além disso, fatores como a anatomia individual, excesso de peso, história familiar de artrose, modalidade praticada, têm que ser analisados e bem orientados.
Finalmente, a criação de um canal de comunicação entre a equipa de saúde e o profissional de educação física deve ser estabelecido para a prescrição do treino, respeitando a capacidade fisiológica individual.
- Tenho artrose no joelho. Devo parar de praticar desporto?
Felizmente, graças aos recentes avanços em medicina desportiva, a resposta tem sido cada vez mais, não!
Procedimentos como a infiltração do joelho com acido hialurónico parecem ter efeito benéfico sobre a cartilagem. Pesquisas publicadas nos últimos anos em revistas científicas médicas, mostraram efeitos como a redução da ativação de células inflamatórias responsáveis pelo desencadeamento da cascata inflamatória que causa destruição articular da artrose, estímulo da produção do próprio acido hialurónico (endógeno), com melhoria da viscosidade do liquido sinovial e ação direta e recetores de dor articular causando analgesia prolongada.
A sua indicação varia de paciente para paciente e a composição do produto e pelo grau da artrose. É importante ter em mente que nunca deve ser instituída como terapia única e sim, associada sempre a um boa reabilitação, seguida de fortalecimento e reequilíbrio muscular. Este procedimento deve ser entendido como adjuvante à reabilitação tradicional e nunca como monoterapia (terapia com um medicamento de cada vez).
Para os casos mais avançados da doença, técnicas cirúrgicas como a osteotomia, artroscopia e a subcondroplastia têm tido excelentes resultados. Quando aliadas a uma boa reabilitação, auxiliam um retorno seguro ao desporto.