O Chaves Running Team existe desde 2017 e tem o conhecido ultramaratonista João Oliveira como seu presidente. Conta atualmente com 92 praticantes em 12 secções, dos quais 34 no atletismo.
O Chaves Running Team – Associação Desportiva Dragões de Chaves, foi fundado em 4 de Julho de 2017. Mas muito antes dessa data, mais concretamente no ano 2000, havia em Chaves vários clubes de atletismo com os seus atletas a juntarem-se aos domingos no parque de estacionamento em frente ao Regimento de Infantaria N.º 19, para fazerem um treino em conjunto.
Com os cortes dos apoios aos clubes, a maioria deles acabou por desaparecer. Alguns atletas mantiveram o hábito de se reunirem ao fim de semana para treinar e nove deles começaram a participar em provas populares nos concelhos dos arredores de Chaves e na vizinha Espanha. Ao longo dos anos, o grupo aumentou ligeiramente para 13 atletas.
Em Fevereiro de 2014, o grupo criou um nome que os identificava, Chaves Running Team, utilizando um símbolo simples com o nome do grupo, que perdurou até Abril 2017. O grupo foi crescendo com alguns dos atletas a destacarem-se em subidas ao pódio em provas entre os 5 e os 21 km.
Houve então a necessidade de uma melhor organização e em 14 de Abril de 2017, realizou-se a primeira Assembleia, que elaborou e determinou a criação dos seus próprios estatutos e um novo símbolo identificativo.
Aprovado por unanimidade, o clube passou a utilizar um novo símbolo, criado através de simbologia da cultura e das raízes da história do povo flaviense.
Finalmente, em 4 de Julho de 2017, registou-com a designação de Chaves Running Team-Associação Desportiva Dragões de Chaves.
12 Secções em funcionamento
O conhecido ultramaratonista João Oliveira é o presidente do clube que tem neste momento 92 sócios, todos eles praticantes numa das 12 Secções, e que pagam uma quota anual de 12 euros.
O clube tem a sua sede, movimentando atualmente as seguintes Secções: 1. Atletismo em Estrada e Trail; 2. Ciclismo (Estrada e BTT); 3. Natação; 4. Duatlo; 5. Triatlo; 6. Pentatlo; 7. Orientação; 8. Canoagem; 9. Futebol; 10. Rugby, 11; Desportos motorizados; 12. Caminheiros.
A Secção de Atletismo é a mais concorrida com 34 atletas que participam em provas de estrada, trails e até de pista em ultra distância. Tem ainda muitos caminheiros.
“Todos os atletas são em si especiais e fundamentais, devido a que o sucesso de uns, depende muito da interajuda dos demais do grupo ao longo dos treinos”
Orgulho nos seus atletas
João Oliveira mostra-se orgulhoso nos atletas do clube, “desde as suas pequenas conquistas internas (incentivar atletas à prática desportiva, conseguindo que muitos adiram à caminhada, vendo a sua evolução ao longo do treino participando em provas de atletismo de 10 km, em meias maratonas, maratonas e Ultras Maratonas, quer das conquistas externas de ter atletas que conseguiram pódios na geral em provas de prestígio nacional e internacional”.
Para si, todas as conquistas internas e externas, são recebidas com igual emoção e satisfação, “não existindo superioridade ou inferioridade nas conquistas realizadas. Todos os atletas são em si especiais e fundamentais, devido a que o sucesso de uns, depende muito da interajuda dos demais do grupo ao longo dos treinos”.
“Apesar de ser um clube, torna-se em muitas das vezes, a segunda família dos associados”
Atletas em destaque
Entre os muitos triunfos já obtidos, João Oliveira salienta Céu Costa e os atletas com mais de 70 anos, Norberto Costa e Alexandrina Oliveira, que têm subido ao pódio no seu escalão. Referiu ainda as vitórias a nível nacional e internacional, por si obtidas em Ultra Maratonas e não se esqueceu do facto de sendo um clube recente, já ter colocado os atletas Daniel Dias e João de Oliveira a representar a seleção nacional no Mundial de 24 h, que decorreu em Albi, na França.
Outro nome referido foi o de José Carreira, atleta quase invisual, cego de um olho e que tendo somente 22% de capacidade visual no outro, tem sempre acompanhado o clube nos treinos e participado em provas de trail e estrada.
Objetivos para esta época
Para João Oliveira, os objetivos do clube para com os seus atletas serão sempre a igualdade e o espirito de união, salientando que “apesar de ser um clube, torna-se em muitas das vezes, a segunda família dos associados que compõem o clube. Realização de treinos e criação de percursos orientados, como a elaboração de provas de trail e de estrada na região de Chaves”.
Como treinar sem treinadores
O clube não tem treinadores, sendo os treinos orientados em grupo, com diferentes andamentos. A regra é ninguém ficar para trás. Os atletas sabem na sua maioria o percurso e os mais rápidos voltam para trás, apanhando então os mais lentos e assim sucessivamente até ao final do treino.
Por vezes e dependendo do tipo de treino, o grupo divide-se em dois, o mais rápido com um percurso maior e o mais lento com um menor, mas de modo a que todos terminem ao mesmo tempo.
Chaves Running Team – Associação Desportiva Dragões de Chaves
Concelho: Chaves
Presidente: João Oliveira
Sócios: 92
Atletas: 34
Técnicos: 0
Sem orçamento definido
Segundo João Oliveira, as secções não têm um orçamento definido. “Devido ao tesouro do clube ser muito reduzido, os orçamentos disponibilizados são ainda atualmente para o financiamento antecipado para o pagamento de despesas iniciais dos eventos organizados”.
O clube tem recebido apoios da Camara Municipal, e da Junta de Freguesia, quando organiza eventos de atletismo (trail e estrada) e na cerimónia de entrega de troféus na Gala dos Dragões de Chaves.
Tem recebido ainda alguns apoios de algumas empresas e conta naturalmente com as quotas dos sócios e com os lucros obtidos na organização dos eventos.
Os atletas pagam do seu bolso todas as despesas com deslocações e inscrições nas provas. O clube tenta fazer acordos com as organizações das provas, procurando descontos nas inscrições para os seus atletas.
O apoio neste tipo de desporto, está a anos-luz de distância face às ajudas dadas aos clubes de futebol pela parte das entidades governamentais”
Organizador de eventos
O clube organiza vários eventos como o “Gládio dos Castelos de Chaves”, o “Chaves Trail”, a São Silvestre de Chaves e as 12 h Portugal em circuito. Os atletas têm vindo a aderir em número crescente a estas provas, sendo a São Silvestre aquela que tem mais participantes.
Falta de uma pista de atletismo
João Oliveira salienta a falta de uma pista de atletismo e acessórios desportivos em Chaves, “o que dificulta muito o desenvolvimento da prática desportiva em muitas das modalidades e a cativação de atletas. O apoio neste tipo de desporto, está a anos-luz de distância face às ajudas dadas aos clubes de futebol pela parte das entidades governamentais”.
“Em provas, cada um corre pelo seu clube, mas a camaradagem e a interajuda sempre que é necessária, permanece”
Andar perdido 70 km numa Ultramaratona com 900 km
Não faltam estórias aos atletas do Chaves Running Team. Uma delas passou-se na Ultramaratona da Transpirynea, com 900 km de distância. O atleta do clube que liderava a prova, perdeu-se por volta do km 17. Andou perdido mais de 70 km mas conseguiu retomar o trilho, recuperando vários lugares e terminando em 9.º lugar, com mais de cinco dias de antecedência do tempo limite para o evento. Foi um feito conseguido com uma capacidade de superação em termos psicológicos.
Quando os camelos roeram as placas de sinalização do percurso!
Outra estória passada com o mesmo atleta, teve lugar na Ultramaratona da Transomania de 300 km no deserto de Omã. Os camelos roeram as placas de sinalização do percurso, arrastando-as noutras direções, deixando o atleta desorientado e perdido no deserto. Mas a sua persistência falou mais alto e conseguiu vencer a prova, ao lado do sueco Johan Steen.
Disfarçado de romano na Ultra Geira Romana
Esta passou-se na Ultra Geira Roma, quando o mesmo atleta correu os 50 km do percurso com um capacete de metal, escudo de metal, uma espada e uma capa, “revivendo o esforço e glória das legiões romanas”. Mesmo assim, conseguiu ser 12º na meta.
Quando um atleta correu 13 km meio descalço!
Esta passou-se com um outro atleta. Teve o azar de perder um sapato num percurso cheio de lama, ainda tentou encontrá-lo mas para não perder lugares, concluiu os restantes 13 km somente com um sapato.
Cumprimenta um adversário ao cortar a meta e perde o pódio!
Acontecimento caricato e não tão divertido para o atleta, passou-se numa meia maratona. Mesmo em cima do tapete de cronometragem, o atleta parou, virou-se para trás, esperou uns segundos e cumprimentou o outro atleta que tinha ultrapassado 200 metros antes. No entanto, o chip do outro atleta registou primeiro o fim da prova, devido ter dado mais um passo, classificando-se no 3.º lugar no seu escalão. Assim, o atleta do Chaves Running Team ficou fora do pódio! “Sentimento este que apesar dos anos terem passado, ainda permanece como arrependimento. Situação que muito se repete em atletas do Chaves Running Team, é a interajuda para com outros atletas, em que por vezes sabendo que o pódio nessa prova não é alcançado, ajudam outros atletas, que por vezes até chegam a ganhar um pódio no seu escalão, o que torna grande satisfação por parte dos outros atletas o gesto”.
Interajuda e espírito de união
A terminar, João Oliveira quis referir a interajuda e o espírito que une o clube, na sua opinião, “uma das maiores façanhas que tem perdurado até aos dias de hoje. O clube não tem religião, ou partido, seguiu sempre linhas de igualdade. Recebe atletas nos seus treinos de outros clubes ou até individuais, tratando-os como membros da família CRT. Em provas, cada um corre pelo seu clube, mas a camaradagem e a interajuda sempre que é necessária, permanece”.
Emblema do clube
Descrição: Utiliza como emblema, um timbre de forma vertical, em fundo branco, preenchido por um Dragão, de cor azul e branco, cuja cauda entrelaça uma espada de cor preta, com um Elmo sobreposto de cor vermelha, que sobrepõem a imagem da ponte do Trajano, com o nome da Associação inscrito no canto inferior do lado direito, Chaves Running Team.
Simbologia:
– Dragão, figura principal do emblema, significado histórico da Força de Elite outrora criada na praça de Chaves em 1709, a Cavalaria, cujo nome se conhecia como “Dragões de Chaves”. As cores de azul e branco, simbolizam as cores da cidade de Chaves.
– Espada, simboliza o poder militar na cidade.
– Elmo, simboliza o histórico da presença das legiões romanas na fundação da cidade, de cor vermelha, com o significado do sangue derramado em sua defesa.
– Ponte do Trajano, símbolo identificativo da Cidade de Chaves.