Agora que terminou a série The Last Dance do basquetebolista norte-americano Michael Jordan, chegou a vez do etíope Kenenisa Bekele estrear o seu documentário, ainda que num formato mais modesto, num único episódio e que pode ser visto no YouTube do NN Running Team.
Trata-se de um revisitar dos momentos mais importantes da sua carreira: desde o primeiro ouro olímpico até à sua faceta atual de maratonista.
Quem é o melhor fundista da história? A esta pergunta curta, existem vários atletas capazes de levantar imediatamente a mão.
“Estou muito forte e vejo-me capacitado para vencer a quem quer que seja. Estou certo de que baterei o recorde do mundo da maratona”. Um aviso de Bekele, há 19 épocas instalado no lugar mais alto do atletismo mundial.
Aos 37 anos, ainda se sente com “muita força” para conseguir esse desiderato, depois de ter ficado a escassos dois segundos do recorde mundial (2h01m39s) de Eliud Kipchoge, na última edição da maratona em Berlim. Isto depois de um ano antes, o terem considerado como acabado para a alta competição, após a desistência na maratona de Amesterdão em 2018, com uma fratura de stress no quadril.
“Foi a corrida mais triste da minha vida. Todo o mundo disse que a minha carreira tinha acabado. Quero demonstrar-lhes que todavia, não cheguei ao meu fim”, disse Bekele ao recordar essa prova.
Bekele não se deixou vencer pela adversidade e recuperou o sabor das vitórias graças a um minucioso plano físico, com trabalho específico de fisioterapia e uma elaborada estratégia nutricional.
Desde que deixara as pistas de tartan em 2014, o etíope passou a dedicar-se à distância da maratona e passou pelos momentos mais difíceis da sua carreira, devido às lesões.
“Estou de volta”, assegura Bekele este ano. De volta para recuperar o seu lugar no trono de melhor fundista da história. Para muitos, os seus êxitos já são suficientes para o considerar o corredor mais forte de todos os tempos. Para os mais céticos, só lhe falta coroar-se na maratona.
Desde 2001, quando conseguiu uma medalha de prata no Mundial de corta-mato em Ostende, o seu palmarés cresceu de forma imparável. Na pista, obteve três ouros olímpicos e uma prata, seis títulos mundiais, 19 triunfos na Liga Diamante e dois recordes do mundo ainda atuais: o de 10.000 m em 26.17,53 (2005) e o dos 5.000 m em 12.37,35 (2004). Fora das pistas de tartan, foi 11 vezes campeão do mundo de corta-mato e venceu três maratonas: duas em Berlim e uma em Paris.
Bekele dirige um hotel em Adis Abeba com 130 empregados, põe ordem num complexo de atletismo que lhe custou mais de milhão e meio de dólares e atende um grande número de pedidos comerciais e de imprensa. Com tantas obrigações, ele levanta-se às 5h30m para cumprir o seu plano de treinos na pista de Sululta. Correr deixou de ser a sua única prioridade.
Agora, quer deixar o selo do seu regresso com objetivos bem definidos, dos quais sobressaem dois: obter a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e bater o recorde mundial da maratona. Será capaz?