A 1ª maratona de Manuel Sequeira foi em Dezembro de 1983, no Autódromo do Estoril. Terminou em 3h37m13s, tempo melhorado depois para 3h11m07s, em Londres.
1 – Idade: 69 anos
2 – Corre há quantos anos? Há 41
3 – Quando começou a correr, pensava algum dia fazer uma maratona? Nunca! O objetivo era apenas um dia, poder participar numa prova com poucos quilómetros.
4 – Como surgiu a ideia de correr uma maratona? A “culpa” foi da Revista Spiridon. Assinei a revista e comprei os números atrasados, só me falta a nº 1. Uma vez, vi a classificação de uma maratona nacional, com poucos participantes. Mas reparei na classificação dos escalões dos veteranos e pensei: “se eles com 50 e 60 anos, são capazes de fazer a maratona, eu mais novo, também sou”.
5 – Data e local da primeira maratona? 18 Dezembro de 1983, no Autódromo do Estoril, tal como Fernando Andrade, o primeiro a deixar aqui o seu depoimento.
6 – Como correu a prova? Correu bem até à última volta (eram oito voltas e meio), quando apareceu o célebre “muro”. Baixei o ritmo mas consegui correr sempre até cortar a meta. Ainda tive o apoio durante umas largas centenas de metros do Ferreirinha, pai do Ernesto Ferreira, que andava a ajudar os mais aflitos na última volta.
7 – Qual o tempo que demorou? Esteve dentro das expetativas? 3h37m13s. Sim, completamente dentro das expetativas. O único objetivo era acabar bem e ser maratonista. Fui dos últimos, o 161º entre 176 classificados, com o último a fazer 4h06m28s.
8 – Continuou a correr maratonas? Se sim, quantas mais completou? Fiz mais 24 maratonas. Estava com 23 e desde 2008, não fiz nenhuma. Ambicionava terminar com 25 e então, em 2014, fiz duas com intervalo de 15 dias: Médoc e Berlim.
9 – Qual a maratona que lhe deixou melhores recordações? Houve três que merecem um lugar especial nas minhas recordações. A primeira, a de Londres, em 1993. Fui através da Xistarca que organizou uma deslocação com algumas dezenas de atletas. Na altura, era praticamente a única forma de poder correr em Londres. Poder lá estar e completar os 42.195 metros, foi para mim, atleta popular, como se tivesse ido aos Jogos Olímpicos na qualidade de atleta profissional.
Depois, incluo a Maratona do Sahará, em 25 de Fevereiro de 2002. Aqui, a “culpa” maior voltou a ser da Revista Spiridon. O Mário Machado tinha ido em tempos correr ao deserto e fez um artigo. Fiquei admirado pela forma entusiástica como ele descrevia a sua experiência no deserto, correr quilómetros e quilómetros, só a ver areia. Uma vez, perguntei-lhe qual era o prazer e ele respondeu-me: “só indo lá”. Tive a oportunidade de ir com um grupo de dezenas de portugueses correr a maratona e não a desperdicei. Foi uma experiência fascinante, o contato com aquele povo oprimido e a viver em condições muito difíceis (racionamento de água, de comida, etc) mas extremamente simples e simpático. E gostei muito de correr na areia, o Mário Machado tinha razão. Foi muito difícil, apanhámos muita areia solta mas acabei em 4h52m30s. Fiquei em 66º lugar entre 130 classificados.
Finalmente, a Maratona de Médoc, que corri em 2008 e 2014. Ambiente único, de festa carnavalesca onde quem não vai mascarado, até parece mal. Milhares e milhares de espetadores ao longo do percurso, grande parte dele em vinhas senhoriais. Havia abastecimentos de vinho, na primeira vez, só bebi aos 39 km porque tive medo do seu possível efeito (que foi nulo). Na segunda vez, bebi 12 copos, comi entrecosto, queijo, presunto, ostras. E tirei 60 fotografias! Demorei 5h2m54s e fiquei em 2003º lugar entre 10.196 classificados. Ali, vai-se correndo nos intervalos da festa, das comidas e das bebidas, a festa é quem mais ordena.
10 – Recorde pessoal na maratona? Onde e quando foi? Foi em Londres, em 18 de Abril de 1993, com 3h11m07s, tempo oficial. Deu para ficar em 3067º lugar entre 24.604 classificados.