No julgamento que decorre em Paris, onde o tribunal interrogou ontem o antigo conselheiro jurídico de Lamine Diack, Habib Cissé, acerca de uma nota encontrada no seu domicílio, o ex-presidente da IAAF falou durante cerca de meia hora.
Diack só devia ser ouvido hoje. O senegalês de 87 anos, procurou defender o seu balanço à frente do organismo (presidente entre 1999 e 2015). “A minha função era universalizar o atletismo”, disse ele.
Num dia quase todo dedicado a Habib Cissé e às questões relacionadas com uma nota encontrada no seu domicílio que detalha as remessas de dinheiro para que os atletas escapassem às sanções disciplinares, Diack agitou a assistência, um dia antes de explicar o seu verdadeiro papel em todo este processo.
Quanto a Habib, ele explicou ter reagido com “estupefação e espanto” ao receber aquela nota, porque aquele que aparece como seu autor, o treinador russo Alexei Melnikov, “não conhecia uma palavra de inglês”. Antes de acrescentar: “Eu nunca tinha imaginado que este plano de mentiras estivesse contra mim”.
Na nota em causa, pode ler-se: “S. Kirdyapkin (700 000 euros)”, “Y. Zaripova (600 000 euros)”, deixando supor que alguns atletas suspeitos de doping sanguíneo beneficiaram de uma proteção.
Habib Cissé, encarregado de gerir o caso do doping russo a partir de finais de 2011, explicou ainda uma troca de mensagens com Papa Massata Diack, onde este último lhe pede para entregar 50 mil euros referentes ao caso Shoboukhova (valor enviado por ela para deixar de fazer parte da lista das atletas positivas). Habib ter-lhe-á respondido que tinha tempo para pagar o valor. “Eu mandei alguns milhares de euros para que isso parasse… eu não devo nada, jamais recebi um cêntimo de Shoboukhova”.