Na sequência do trabalho sobre os treinos durante a pandemia que iniciámos no dia 5 deste mês, publicamos hoje o depoimento de Paulo Bailão.
1 – Idade: 49 anos
2 – Corre há quantos anos: Há 19 anos
3 – Clube: SS CGD
4 – Como tem procedido desde que foi decretado o estado de emergência até agora? Sempre fui de poucos treinos e menos ainda se for sozinho, como aconteceu nesta fase. (desta forma, é mais fácil arranjar uma desculpa para não ir treinar). Em todo o caso, não digo normalmente, mas continuei a treinar de forma regular duas vezes por semana (falta a corrida do fim de semana que seria o terceiro treino). Nas primeiras semanas do estado de emergência, durante os treinos que fazia na Expo, cheguei a contar 10 pessoas no máximo que se cruzavam comigo, o ambiente era de facto desolador. Nunca treinei em casa.
5 – Tem participado nas Corridas Virtuais? Confesso que tenho muita dificuldade em compreender este modelo….. Isto não é um treino solitário, de determinada distância? Mas isto já faço eu….. apenas falta o upload final da informação para determinada plataforma. É como ir ver teatro num ecrã de cinema. Nunca participei. A iniciativa tem o seu mérito pela mobilização que provoca em alguns atletas, mas para mim, a expressão “corrida” implica presença física, convívio, troca de emoções e incentivos mútuos.
6 – Quando pensa que as provas poderão recomeçar? E em que condições? Tudo depende da evolução da pandemia durante os próximos meses. Mas enquanto não houver uma vacina ou tratamento eficaz, como é que se vai concentrar 1.000 pessoas num espaço de 300 m2 para efetuar uma partida? Para não falar em provas com maior número de atletas e nos contactos e trocas de materiais provocados pela prova em si (Kits, dorsais, abastecimentos). Na hipótese de se poder fazer uma prova sem Kits, dorsais ou abastecimentos, como é que se vai resolver a questão da concentração humana?
Em tempos existiam provas em contra-relógio. No entanto, por questões logísticas, elas não permitem a participação de centenas de atletas e voltamos à questão do treino solitário ou corrida virtual. Atualmente, antes da pandemia, julgo que não existia nenhuma prova em contra-relógio, compreende-se porque será.
Penso que a retoma acontecerá com provas de menor dimensão, até 100 ou 200 participantes, fora de centros urbanos, corta-matos ou trails. Com este número de participantes, não se pode pagar cortes de trânsito. Arrisco em dizer que na próxima prova com milhares de participantes, nos moldes pré-pandemia, já estaremos todos vacinados ou a população já atingiu uma percentagem de imunização superior a 60 ou 70%. Em Março, despedi-me de alguns colegas com a expressão “até à São Silvestre da Amadora”, agora digo “até à Corrida de Santo António 2021”.