Ele fala pouco, corre muito e chama a atenção nas ruas. Magro e barbudo, corre diariamente 30 km sem nenhuma pretensão desportiva, sem perseguir recordes, sem querer aparecer. Keith Boissiere, de 64 anos, sai diariamente pelas ruas de Baltimore fazendo o que mais gosta.
Essa rotina repete-se há pelo menos dez anos em Baltimore, mas já são três décadas de corrida livre. Tempo mais que suficiente para Boissiere ser conhecido como “O homem que corre”. Nenhum nome definiria melhor esse ex-carpinteiro nascido em Trinidad Tobago.
No entanto, em 2008, “o homem que corre” levou um susto. Uma doença afastou-o da corrida e quase o levou à morte. Desde então, ele está na lista de espera para um transplante de rim.
O que é que a doença mudou na sua rotina? Pouca coisa. É o que conta o fotógrafo Patrick Smith, da agência AFP e autor de um perfil de Boissiere feito recentemente em texto e fotos. Foram quatro meses convivendo com o ex-carpinteiro para tentar descobrir alguma coisa sobre essa personagem intrigante.
Segundo Smith, Boissiere continua correndo por recomendação médica. A única restrição é quanto aos horários: ele agora tem visitas frequentes ao hospital, intervalo em que é obrigado a ficar sem correr. No restante do tempo, o “homem que corre” honra seu apelido.
Mesmo sendo uma figura simples e conhecida de todos, Boissiere não escapou à violência de Baltimore. Em 2014, foi atacado por alguns homens e levou socos no rosto. Não sofreu nenhuma lesão grave e fez questão de continuar correndo nas redondezas onde mora, na junção de dois bairros perigosos.