(Foto de arquivo)
A equipa masculina do Benfica sagrou-se campeã nacional da I Divisão não ganhando apenas três das 18 provas realizadas – um recorde. E foram melhoradas cinco marcas na competição deste sábado. Eis dois dos factos salientes deste campeonato, realizado em cinco pistas diferentes e que, no setor feminino, confirmou a larga superioridade do Sporting que, mesmo com alguns pontos menos fortes, continua a ganhar com larga vantagem.
Foram cinco as melhores marcas do ano nesta última competição nacional da época: Cláudia Ferreira no dardo, com o seu recorde nacional sub’23 de 54,66 – a melhor marca do dia; Marta Pen nos 3000 m, com 9.11,28 (embora aquém dos 9.02,56 de Mariana Machado em pista coberta); João Coelho nos 400 m, com 46,81 (não considerando os 46,45 do luso-suíço Williams Reais); Samuel Barata nos 3000 m, com 8.01,05; e Diogo Ferreira na vara, com 5,20 (mas ainda longe dos seus 5,50 em pista coberta).
Mas a competição foi essencialmente clubística, pelo que iremos analisar a atuação das 16 equipas, uma a uma.
MASCULINOS
1º BENFICA, 140,5 p.: Larga superioridade, falhando a vitória em apenas três das 18 provas e numa delas (1500 m) porque o campeonato foi disputado em diversas pistas e a prova de Lisboa foi demasiado tática. Trata-se de um recorde de pontos, já que, anteriormente (embora sobre 21 provas), o máximo de pontos perdidos era de quatro: o Sporting em 2000 e o Benfica em 2014. Oficialmente, o Benfica perdeu agora 3,5 pontos mas o meio ponto dos 800 metros deve-se ao regulamento “original” desta competição: o benfiquista José Carlos Pinto ganhou o 800 m (por milésimos) mas, sendo o tempo (em centésimos) igual, a pontuação foi dividida com o sportinguista Nuno Pereira…
2º SPORTING, 117 p.: Ganhou apenas duas provas (disco e marcha) e meia (800 m) e ficou abaixo do 2º lugar em cinco outras, com destaque negativo para o 5º lugar nos 400 m barreiras e para o 6º no comprimento, acabando a largos 23,5 pontos do Benfica. E o corte orçamental que se anuncia para a secção faz prever que a situação se possa agravar.
3º SC BRAGA, 75,5 p.: subiu ao pódio pelo 3º ano consecutivo, mas desta vez com pontuação inferior (média aproximada de 5 pontos por prova em 2018 e 2019 e de 4,2 p. agora), em função das más classificações em várias provas: últimos lugares em três delas (110 m barreiras, vara e comprimento) e sextos em quatro outras. Pontos altos foram a vitória de Francisco Rodrigues nos 1500 m e o 2º lugar (repartido) de Francisco Barreto na altura.
4º J. VIDIGALENSE, 73,5 p.: Depois de sete presenças no pódio (3º lugar) entre 2011 e 2017, foi agora quarto pela terceira vez, mas a escassos dois pontos do SC Braga. Pontos altos foram o 2º lugar de André Pimenta no comprimento e os terceiros lugares em quatro provas (três delas lançamentos). Negativos os sétimos lugares em nada menos de seis provas. A equipa foi menos desequilibrada que a do SC Braga, mas não chegou…
5º JARDIM DA SERRA, 63 p.: na sétima presença consecutiva na I Divisão, repetiu a melhor classificação de sempre do ano passado. Paulo Neto, surpreendente segundo nos 110 m barreiras, foi decisivo no desempate com o Grecas, que somou os mesmos pontos mas teve “apenas” como melhor classificação um terceiro lugar. Destaque ainda, na melhor formação madeirense, para as terceiras posições de Bernardo Pereira nos 400 m e de Ricardo Pereira nos 1500 m, este na rápida série de Guimarães. No polo oposto, a última posição em três provas.
6º GRECAS, 63 p.: Regressou à I Divisão sete anos depois para a sua 5ª presença, repetindo a melhor classificação de sempre (6º posto) de 2001 e 2004. A principal figura da equipa foi Tomás Silva, terceiro nos 800 m e 2000 m obstáculos. Terceiro foi ainda Celso Almeida, na vara. Mas em sete provas a equipa foi última (3) ou penúltima (4).
7º C BF FARO, 61 p.: Depois de cinco anos na II Divisão, entre 2005 e 2009 (vencedor em 2006 e 2007), o clube regressou em 2018 e voltou a vencer em 2019. Agora estreou-se na I Divisão e evitou o último lugar por 6,5 pontos. Destaque para André Costa (2º nos 200 m e 3º nos 100 m), André Sá (2º nos 400 m barreiras) e Danilo Almeida (3º no comprimento). No polo oposto, os últimos lugares em cinco provas.
8º ÁGUA DE PENA, 54,5 p.: Repetiu o 8º lugar das duas anteriores presenças na I Divisão, em 2013 e 2019. A equipa só conseguiu um lugar entre os três primeiros, através do marchador João Olim (3º) e foi última quatro vezes. Faltou-lhe primeiras figuras como teve a Casa do Benfica de Faro…
FEMININOS
1º SPORTING, 134 p: 25º título nos últimos 26 anos (a exceção foi 2010 face a um FC Porto com maioria de estrangeiras) e desde 2013 sempre com mais de 20 pontos de vantagem. Mas, este ano, com um setor de meio-fundo curto fragilizado: das 18 provas só não ganhou as de 800 m (3º), 1500 m (2º), 3000 m (2º), 2000 m obstáculos (5º) e marcha (3º). Para além do recorde sub’23 de Cláudia Ferreira, destaque para o duplo triunfo de Lorène Bazolo sobre Arialis Martinez (Benfica) nos 100 e 200 metros, sendo pena que o vento em excesso tenha impedido as melhores marcas nacionais do ano.
2º BENFICA, 101 p.: Com uma média de pontuação por prova inferior à da época passada (5,6 p. contra 6,4 p.), embora melhor que a de 2018, a equipa só em sete das 18 provas foi primeira (Carina Gomes nos 800 m e Marta Pen nos 1500 m) ou segunda (em cinco provas), descendo à segunda metade no dardo (5º), altura (6º), vara (7º) e 400 m barreiras (8º).
3º J. VIDIGALENSE, 94,5 p.: No pódio pelo 9º ano consecutivo (foi 2º em 2015 e 2016), não ficou longe do Benfica (a 6,5 pontos). Foi uma equipa muito equilibrada, com destaque para os segundos lugares nos 400 m barreiras (Sofia Lavreshina) e 2000 m obstáculos (Lília Martins). Apenas em quatro provas a equipa ficou na segunda metade e nunca abaixo do 6º posto: três vezes quinta e uma só vez sexta.
4º SC BRAGA, 78 p.: Repetiu o 4º lugar do ano passado, mas à tangente (meio ponto) e longe da J. Vidigalense. É uma equipa bastante desequilibrada: ganhou nos 1500 m (Mariana Machado) e marcha (Vitória Oliveira) e foi segunda nos 400 m (Carina Pereira), 800 m (Carla Mendes) e dardo (Marlene Araújo), mas foi penúltima nos 400 m barreiras, última nos 100 m barreiras, peso e disco e não teve varista…
5º JARDIM DA SERRA, 77,5 p.: Repetiu o 5º lugar das duas últimas épocas, a meio ponto de igualar o quarto posto de 2017, o ponto alto do clube, o melhor da Madeira também no setor feminino. Equipa equilibrada, teve uma vitória (Joana Soares nos obstáculos) e dois segundos lugares (Sara Pereira na vara e Catarina Queirós no triplo) e, no polo oposto, dois sétimos lugares (400 m e marcha) e um último (100 m).
6º GD ESTREITO, 62,5 p.: a 15 pontos do Jardim da Serra, esta equipa madeirense, que desde 2002 só duas vezes não esteve na I Divisão (chegou a ser três vezes quarta, entre 2005 e 2009) há sete anos que oscila entre o 5º e 7º lugares (7º em 2019). A equipa teve como pontos altos os segundos lugares de Lucinda Gomes (comprimento) e martelo (Ângela Silva) e foi três vezes sétima e outras três oitava.
7º ÁGUA DE PENA, 55 p.: Em estreia na I Divisão (só em 2015 começou a aparecer nos Nacionais), esta terceira equipa madeirense conseguiu um segundo lugar na marcha (Adriana Ornelas) e um terceiro na altura (Cláudia Rodrigues). Mas foi quatro vezes sétima e outras quatro oitava.
8º GRECAS, 43,5 p.: Nesta sua quinta presença consecutiva na I Divisão (já havia estado antes), desceu para o último lugar destacado. Ficou na primeira metade apenas em duas provas e através da mesma atleta, Vera Lima, 3ª nos 400 m barreiras e 4ª nos 400 m planos.
Amanhã: balanço das II e III Divisões