Courtney Dauwalter, de 35 anos, é considerada a rainha do ultra trail, o equivalente feminino ao espanhol Kilian Jornet.
Um insólito caso de resistência e força de vontade levou esta professora de ciências a mudar-se dos esquis de fundo para as corridas de montanha.
A sua vida no Colorado, um dos estados mais montanhosos dos Estados Unidos, aproximou-a da natureza. Foi aceitando desafios cada vez mais exigentes, das maratonas às 50 milhas, depois aos 100 km e mais tarde, às 200 milhas.
Corridas lendárias no mundo do trail pela sua dureza como a Moab 240 (383 km) ou a Western States (161 km) têm inscrito o nome de Courtney Dauwalter na lista dos vencedores.
Ela raramente falha. Terminou no pódio em três de cada quatro provas que disputou na última década, desde que começou em 2011, e mais impressionante ainda, ganhou mais de metade (38). Em 13 dessas vezes, chegou à frente dos homens! Em 2017, ganhou 14 das suas 20 corridas. Em 2018, venceu o mítico Ultra Trail do Mont Blanc com mais de uma hora de avanço da segunda classificada e completando os 170 km com um desnível positivo de 10.000 metros em pouco mais de um dia: 24h34m.
Como consegue Courtney semelhantes feitos? Em horas e horas a treinar e um corpo que aceita morfologicamente esse castigo. Mas há algo mais, que está na sua cabeça. “Ao princípio, não sabia como enfrentar mentalmente as corridas de 100 milhas, retirei-me destroçada na primeira delas. Agora, quando a dor aperta, ela passa sempre, recordo-me a mim mesma que a minha cabeça manda, se não me rendo e continuo a avançar, posso dominar a dor física”.
Nem sempre assim, porque Courtney Dauwalter, como ser humano que é, tem limites. Conheceu-os no seu último desafio, o Colorado Trail, prova com 500 milhas (804 km) e mais de 27.000 m de desnível nas Montanhas Rochosas. Um desafio extremo que tem Bryan Williams como recordista em 8 dias e 30 minutos.
Courtney tentou mas teve de abandonar a meio da prova. Tinha então quase um dia de vantagem sobre o recorde mas uma bronquite aguda acabou com ela no hospital, onde se detetou uma séria deterioração do seu sistema imunológico. Quando ela recuperar, irá certamente enfrentar novos desafios.