Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional, afirmou que a Organização se comprometeu a realizar os Jogos de Tóquio “bem-sucedidos e seguros” neste ano, descartando as conversas sobre o cancelamento como “especulação” – mas admitiu pela primeira vez, que os Jogos poderão não ter público a assistir.
“Não estamos a perder tempo ou energia com especulações … sobre se os Jogos vão ocorrer”, disse o presidente do COI à comunicação social numa videoconferência.
“Estamos a trabalhar para definir como serão os Jogos. A nossa tarefa é organizar os Jogos Olímpicos, não cancelar os Jogos Olímpicos … e é por isso que não vamos adicionar lenha a essa especulação.”
Paciência
Bach disse que a complexidade dos Jogos se multiplicou na pandemia e anunciou um “manual” de medidas, incluindo distanciamento físico e potenciais quarentenas, destinadas a hospedá-los com segurança.
“Estamos totalmente concentrados e comprometidos com o sucesso e a segurança dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio 2020”, disse ele.
“Só temos que pedir paciência e compreensão, é a mensagem principal … Acho que é muito cedo para decidir qualquer outra coisa”, acrescentou.
Mas Bach, que em Novembro disse estar “muito, muito confiante” em fazer os JO com espetadores, admitiu que agora eles podem realizar-se sem público.
“Isso, eu não posso dizer”, disse ele, quando questionado se os espetadores poderiam assistir aos Jogos. “A nossa prioridade é garantir Jogos Olímpicos seguros e faremos o que for necessário para organizar Jogos Olímpicos seguros.”
As dúvidas aumentaram sobre os Jogos, já que a pandemia continua presente em muitos países e com grande parte do Japão, incluindo Tóquio, em estado de emergência.
O primeiro evento-teste olímpico de Tóquio neste ano, uma competição artística de natação marcada para Março, foi adiado por dois meses devido a restrições de viagens.
“Não existe um plano, estamos a aprender todos os dias”, disse Bach. Ele disse que percebia como as pessoas que viviam confinadas e talvez incapazes de sequer visitar um restaurante por causa das restrições da Covid-19, podiam achar difícil imaginar a realização dos Jogos.
“A responsabilidade do governo (japonês) e do COI é olhar além dessa situação”, acrescentou Bach. “Estamos em posição e em condições de oferecer contra-medidas relevantes”, disse ele.
No entanto, ele ressaltou que os atletas não devem ter prioridade para receber as vacinas contra o coronavírus. “Sempre deixámos claro que não somos a favor de atletas que saltam a fila”.
Bach alertou ainda que falar sobre o cancelamento dos Jogos prejudica os atletas que querem preparar-se, física e mentalmente. “Toda esta especulação está a prejudicar os atletas na sua preparação, que já superaram os desafios do dia a dia dos seus treinos e competições com todas as restrições que enfrentam”, afirmou.