Publicámos no dia 18, uma notícia referente a um relatório que revelou que algumas treinadoras britânicas eram vítimas de assédio sexual. O relatório criou natural mal-estar na modalidade na Grã-Bretanha. Divulgamos seguidamente um artigo de Laura Scott acerca deste tema.
Os treinadores considerados culpados de má conduta física ou sexual, devem receber uma suspensão vitalícia obrigatória da modalidade, diz a presidente da Federação de Atletismo do Reino Unido, Joanna Coates.
A presidente Coates diz que está empenhada em mudar as políticas da Federação para que sejam emitidas suspensões permanentes em casos de abuso e vai levantar a questão na próxima reunião do Conselho.
Atualmente, as suspensões vitalícias podem ser concedidas, mas não são aplicadas em todos os casos.
“Não posso liderar uma organização onde as pessoas não se sintam seguras”, disse Coates.
Isto aconteceu depois de numa intervenção recente, ter dito que era “inaceitável” que os treinadores que violaram os termos da sua licença, no contexto de má conduta física ou sexual, tenham suspensões mais curtas.
As atletas Anna Gordon, Kate Seary e Mhairi Maclennan escreveram uma carta aberta para ela – assinada por quase 2.000 pessoas – dizendo que os recentes casos destacaram os riscos desta política.
A Comissão Britânica de Atletas, Jazmin Sawyers, Hannah England e Adelle Tracey e alguns treinadores renomados, colocaram os seus nomes na carta.
“Definitivamente, vamos definir uma política de tolerância zero, sem sombra de dúvida”, disse Coates.
“Eu diria que se for conduta sexual imprópria, é uma suspensão vitalícia. Abuso físico, eu diria que é uma suspensão vitalícia. Se eles forem processados pelo sistema criminal, é uma suspensão vitalícia.” Coates disse esperar que a política possa ser alterada “dentro de quatro a seis semanas”.
Kate Seary, campeã galesa dos 1500 m em pista coberta em 2020, disse que ficou surpreendida com o nível de apoio que a campanha recebeu, acrescentando: “Não acho que agora, possa ser ignorado.”
Sobre as assinaturas de vários treinadores, ela disse: “Isso mostra uma mensagem real de que outros treinadores não vão mais aceitar isto e eles vão falar abertamente se a virem.”
Anna Gordon, 10 vezes campeã escocesa do salto com vara, retirada do atletismo, criou um site de proteção no ano passado, chamado Signpost to Safety.
Ela afirmou: “Acho que ninguém entendeu que os treinadores da nossa modalidade, alguns deles, já possam ter sido suspensos por prejudicar os atletas.”
Questionada sobre o que significaria se a política fosse alterada, ela disse: “Para mim, apenas saber que nenhuma outra jovem vai entrar numa pista de atletismo e ver o treinador que as prejudicou, a treinar novamente – saber que seria apenas incrível.”
A Federação disse que atualmente, é improvável que um treinador seja reintegrado após uma suspensão, mas Coates aceitou que precisa de mudar a política e a cultura para que todas as suas políticas sejam consistentes e não haja brechas.
Ela afirmou que é necessário haver alguma flexibilidade no sistema para haver a opção de uma sentença mais curta, nos casos em que a má conduta não seja sexual, agressiva ou física.
Mas para casos de abuso físico ou sexual, ela disse: “Vamos absolutamente mudar isso, vamos mudar a cultura, mudar as políticas e garantir que as pessoas recebam as sanções relevantes”.
“Eu sei que algumas pessoas estarão a olhar e a pensar: ‘Eles podem realmente fazer isso? Eles realmente querem dizer isso?’ Sim, realmente queremos dizer isso. “