Se alguém duvida do efeito dos novos sapatos de corrida, basta ver o que aconteceu na semana passada na Irlanda na distância dos 800 metros em pista coberta.
O recorde nacional feminino foi batido duas vezes, primeiro por Nadia Power e depois por Síofra Cléirigh-Buttner. O recorde masculino foi batido por Mark English.
De acordo com o twitter de Jon Mulkeen, da World Athletics, as atletas irlandesas obtiveram entre 30 Janeiro e 21 deste mês, os seis melhores tempos de pista coberta da história do país.
Claro que há logo que aponte tal sucesso aos novos sapatos que veem revolucionando a modalidade.
Durante algum tempo, a questão ficou confinada aos resultados na estrada, mas a nova tecnologia revolucionária também já chegou às pistas, como no Campeonato Mundial de 2019 em Doha.
São exemplo, os Nike Air Zoom Victory, sapatos que contêm uma placa de fibra de carbono e espuma ZoomX hiper-responsiva, e a Nike Dragonfly, usados por Joshua Cheptegei e Letesenbet Gidey para baterem os recordes mundiais dos 5.000 m no verão passado. Uma atleta de elite irlandesa estima que eles dão um benefício de dois segundos nos 1.500 m, o que se traduziria em sete segundos aos 5.000 m.
Até agora, as provas mais rápidas como os 100 metros, têm resistido a esta revolução tecnológica mas até quando? Por respeito a Usain Bolt?
Os Viperfly da Nike, projetados especificamente para os 100 m, não foram considerados elegíveis para o seu lançamento no ano passado devido a ter uma segunda placa externa que não estava totalmente presa ao sapato, mas é sabido que teve um efeito surpreendente nos tempos de contato com o solo nos testes, com fontes a sugerir que reduziu 0,3 vezes os tempos dos atletas nos 100 m. Uma nova versão modificada e legal poderá chegar ainda este ano ao mercado.
Mas não é apenas a Nike. A New Balance lançou no ano passado um espigão banhado a carbono que é substancialmente mais eficaz do que o anterior, e embora os atletas da Adidas tenham até agora corrido com espigões que são considerados ‘tecnologia antiga’, sabe-se que a marca está também a trabalhar no assunto.
Alguns fãs estão desagradados com a tecnologia, sugerindo que performances inovadoras são agora irrelevantes. Muitos atletas, por sua vez, ficam indignados e detestam a sugestão de que a tecnologia é a grande responsável pelo seu desempenho. Tudo evolui. Já lá vai o tempo das pistas de cinza.