Muitos opinam sobre as razões para o domínio dos atletas africanos nas provas de média e longa distância. Apresentamos um interessante artigo de Rodrigo Langeani, onde ele aborda os segredos dos atletas africanos.
Muito se especula sobre o domínio dos corredores quenianos nas provas de estrada. Existem muitas teorias a este respeito, a velha discussão da influência da genética e do treino sobre a performance. A maioria dos corredores quenianos de destaque nasceu e cresceu em grandes altitudes. Correr em grandes altitudes, aumenta supostamente a capacidade pulmonar porque os corredores crescem acostumados com o ar rarefeito. Mas se a altitude fosse o único determinante da performance, os sherpas nepaleses seriam os melhores maratonistas do mundo.
A minha opinião para a razão dos corredores quenianos aponta para outros dois fatores: o tipo de treino e a economia de movimento.
A técnica de corrida dos quenianos
A técnica de corrida dos quenianos tem quatro pontos principais:
- postura ereta com o corpo levemente inclinado para a frente,
- uma cadência alta de passadas (por volta de 180 por minuto),
- pisada com o meio do pé e joelhos levemente flexionados
- passos curtos, carinhosamente chamados de “passinho da avó”. Não que os quenianos corram as provas com passadas curtas, pelo contrário, as suas passadas são grandes, mas o paradigma encontra-se aí, treinar com “passinhos da vovó” desenvolve a correta mecânica da passada. Dessa forma, os quenianos usam menos energia para correr e conseguem aliviar o impacto sobre os joelhos. Tente adotar essa técnica gradualmente, experimentando correr com passos mais curtos e cadência de passadas altas. Tenha em mente que dessa forma, o esforço passa para os músculos dos gémeos, glúteos e para os músculos posteriores de coxa.
O treino dos quenianos
O grande segredo do treino na minha opinião, está na forma como eles treinam. Já deve ter assistido a várias provas onde os quenianos se colocam no meio do pelotão e quando decidem imprimir o seu ritmo, ninguém aguenta acompanhá-los. Eles usam uma estratégia simples, dividem a sua prova negativamente.
O que é isto? Isto, nada mais é, do que fazer a segunda metade da prova mais rápida do que a primeira. A maioria dos recordes mundiais no atletismo de fundo foi batida dessa forma, correndo a segunda metade da prova mais rápido do que a primeira metade.
O negativo, na verdade, é bem fácil de ser treinado. Basta que durante as suas séries de treino intervalado (ou séries) tente fazer com que ao longo do treino, aumente a velocidade das séries. Por exemplo, se for fazer 5 séries de 1km e quiser manter o ritmo de 5m/km (12 km/h) faça ao longo da série o seguinte: as 2 primeiras séries em 5m10s/km (um pouco mais lentos), a 3ª e 4ª série para 5m/km e tente fazer a última série para 4m40s-4m50s/km. Na média, acaba correndo no tempo que queria mas dividindo a série dessa forma, “ensina” o seu corpo a conseguir correr forte mesmo quando cansado.
Era como o Lopes, Mamede, Leitāo e o resto dos portugueses faziam