Já se passaram quase 49 anos desde que Anita Neil representou pela última vez a Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos de Munique’72. Nos JO do México’68, ela fez parte da estafeta de 4×100 m que bateu o recorde mundial. Em 1969, competiu no Campeonato Europeu em Atenas, onde conquistou medalhas de bronze nos 100 e 200 m e ainda, na estafeta 4×100 m.
Já se passaram mais de 40 anos desde que Anita Neil deu uma entrevista pela última vez. Ela falou agora em exclusivo para a Sportsmail. A primeira mulher olímpica negra da Grã-Bretanha caiu na obscuridade, embora não por escolha sua.
Anita Neil, de 70 anos, conteve-se até agora. “Não sei porque é que isso (ser a primeira mulher olímpica negra da Grã-Bretanha) não foi mencionado antes”, disse ela ao Sportsmail . – Fui ignorada, sem reconhecimento, sem nada. Eu abri o caminho, abri as portas para as meninas negras no atletismo. Inicialmente, não percebi o quão importante era ser a primeira.”
Nos JO do México, ela testemunhou um momento importante na história olímpica: a saudação do black power pelos sprinters norte-americanos Tommie Smith e John Carlos, que curvaram a cabeça no pódio e ergueram os punhos enluvados, para protestar contra o racismo nos Estados Unidos.
O estádio ficou em silêncio antes que Anita Neil ficasse estupefacta com os abusos racistas nas bancadas. “Com certeza (fiquei triste com o abuso racista), não foi bonito”, lembra Neil. “Foi injusto. Aprende-se desde muito cedo. Ter um pai negro e uma mãe branca, crescer nos anos 50 e 60 até neste país, foi às vezes difícil. Na época, a Grã-Bretanha não era tão preconceituosa como os Estados Unidos, eles (os EUA) estavam a passar por muita coisa nos anos 60.”
Ela continuou: ‘Eles (Smith e Carlos) foram derrubados, foi o fim das suas carreiras. Eles sacrificaram as suas carreiras para denunciar o que estava a acontecer nos Estados Unidos.
Depois de ser desprezada em 2012, quando a tocha olímpica chegou a Wellingborough , Anita Neil resignou-se a ser uma nota de rodapé na história do atletismo do seu país. É algo que continua a magoá-la.
“Aquela tocha passou por Wellingborough onde eu moro. Eu queria carregar a tocha para representar as minhas amigas da estafeta internacional que já faleceram: Lillian Board, Janet Simpson, Denise Ramsden e Donna Murray. Eles não me deixaram”.
“Eles nunca me deram uma resposta. Eu senti-me absolutamente destruída. Eu sou a única atleta olímpica nesta cidade em todos estes anos e esta tocha está a chegar à minha cidade. Eu senti-me ignorada. Foi horrível para mim”.