Já se passou um ano desde que as corridas foram suspensas devido à pandemia. Neste espaço de tempo, teremos tido apenas algumas dezenas de provas devidamente autorizadas e respeitando as novas regras sanitárias.
Como têm passado os atletas estes longos meses? Têm treinado? Muito, pouco ou nada? Foram a alguma prova? Aderiram às provas virtuais?
A Revista Atletismo decidiu fazer um pequeno inquérito aos atletas populares que costumam participar nas provas de estrada e/ou montanha. Publicamos hoje o depoimento de Hélder Pinto.
Hélder Pinto
1- Idade: 44 anos
2 – Corre há quantos anos: 10
3- Clube: “’A Turma da Mónica”
4 – Como tem procedido desde que foi decretado o estado de emergência?
Neste último ano, houve algumas fases, tal como o estado de confinamento. Se no começo, a falta do ginásio e o corte das deslocações foram tudo muito novo, deu para voltar a meter o meu rolo de bicicleta em funcionamento, munir o quarto com algum equipamento de musculação. Os primeiros meses foram de adaptação, com as corridas curtas ao pé da casa a complementar o treino. Rapidamente, senti que faltava intensidade e tempo de treino, o meu corpo começou a ganhar peso, o Vo2 desceu.
No desconfinamento, claro que entrei nas provas virtuais, assim também para poder meter alguns quilómetros, praticar mais a orientação por GPS e assim tentar recuperar um pouco. Cheguei mesmo a participar no TranspenedaGeres com a Ana Santos (sua companheira), mas a falta de preparação fez-nos retirar a meio, aos 90 km. Até podíamos ter ido até ao fim, mas seria dar cabo de nós e já não há nada a provar, estas provas mesmo em forma, bem não fazem e mal preparados, ainda pior. Parar foi a melhor decisão.
Quando entrou este último confinamento, bem muito mais preparado, já andava na serra mesmo sem provas e sem provas virtuais, criando mesmo percursos inovadores. Em casa, um ginásio já mais apetrechado, o qual já conseguia ser mais intenso, consistente, produtivo. Claro que falta ritmo, serão precisos dois meses para o conseguir, para então desta feita voltarmos ao TranspenedaGeres, mas agora com o peso de volta, o Vo2 mais alto, vamos ver…
5 – Tem participado nas Corridas Virtuais?
Sim.
6 – Críticas à Associação de Trail Running Portugal
A terminar o seu depoimento, Hélder Pinto abordou outra questão não colocada por nós mas que não deixamos de publicá-lo e que tem a ver com o funcionamento da ATRP.
Apesar de participar em algumas provas de estrada, sou mais virado para o trilho. Quando comecei e passei da estrada para o trilho, além da diferença da envolvência com a natureza, também no trilho a pouco e residual garra pela competição, era visível. Quando em 2013 se criou a Associação de Trail Running Portugal, eu e mais outros 400 atletas do pelotão fomos na ideia, ajudámos a criar o projeto, sobe várias diretrizes, regulamentar as provas de Trail e supervisionar para dar segurança aos atletas e também criar um campeonato e fazer uma seleção nacional. Infelizmente ao longo destes anos, as duas diferentes lideranças acabaram por fazer mais do mesmo, investir tudo em prol da seleção, criar circuitos para cativar organizações. Neste momento, os amadores de Trail estão completamente abandonados. Nada é feito para eles(nós). Acho que tudo o que se passado neste último ano, tem devolvido alguma chama do passado, infelizmente digo que há males que vêm por bem.
Podia ter entrado para um clube. Ter pago ao ATRP a verba para participar na Taça, é assim já podia fazer a prova. Mas não o fiz e anda muito boa gente e muita organização a pagar do belo para correr.
Lastimo ver tantos circuitos no trail e tantos campeões, e lá fora nada, nicles…
Deveriam acariciar os amadores e não andar a tapar os olhos, infelizmente chegou a hora da FPA de agarrar no trail e entrar no ATRP ou desmembrá-lo. A FPA consegue pensar em todos e sabe que sem os amadores, não há profissionais.