Caster Semenya deu uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, fazendo várias críticas a quem a impede de correr na sua prova favorita, os 800 metros onde ela se sagrou bicampeã olímpica, devido ao seu problema de hiperandrogenismo.
“Querem que destrua o meu próprio sistema. Não estou doente, não preciso de drogas”, disse. A atleta sul-africana recusa-se a tomar medicamentos para baixar os seus níveis de testosterona, achando que os seus títulos conquistados devem-se ao seu trabalho nas pistas. “Treinei como uma escrava para ser a melhor. Vi Usain Bolt a treinar e os seus treinos são impressionantes, tal como os meus. Nasci com altos níveis de testosterona mas tive de trabalhar para ser a melhor. É aí que entra a formação e o conhecimento”.
Semenya deu ainda o exemplo de outros desportistas de sucesso: “Os braços de Michael Phellps são largos o suficiente para ele fazer o que quiser, os pulmões dos nadadores são diferentes de uma pessoa normal. Os jogadores de basquetebol, como LeBron James, são altos. Se proibisse os jogadores altos de jogarem, o basquetebol seria o mesmo? O Usain Bolt tem músculos incríveis, também vão impedi-lo de correr? Os meus órgãos são diferentes e posso até ter a voz grossa, mas sou uma mulher”.
Semenya criticou ainda o presidente da World Athletics: “Estão a matar o desporto. As pessoas querem ver atuações extraordinárias. Eu, se fosse um líder, daria às pessoas o que querem. Sebastian Coe tem de atuar no interesse de todos os desportistas”.