25 anos depois da vitória olímpica de Fernanda Ribeiro, o Gold Gala Fernanda Ribeiro, realizado na pista da Maia, fica marcado por uma surpreendente prova de 10000 m femininos, na qual duas atletas africanas se estrearam na distância e ascenderam logo aos 5º e 7º lugares no ranking mundial de sempre! A etíope Gudaf Tsegay, recordista mundial de 1500 m em pista coberta e 3ª na distância no Mundial de ar livre de 2019, ganhou com 29.29,42, seguida de Kalkdan Gezahegne (Bahrein), campeã mundial de pista coberta em 1500 m em 2010 (há 11 anos!), que agora gastou 29.50,77. Emília Pisoeiro (4ª com 33.58,05) e Carla Martinho (5ª com 34.43,38) foram as melhores portuguesas. Uma curiosidade: a marca de Tsegay é a melhor jamais obtida em pistas nacionais, substituindo… Fernanda Ribeiro, que detinha a melhor marca (30.48,06) desde a Taça da Europa de 10000 m de 1998!
Na prova masculina, a grande figura foi o queniano Rhonex Kipruto, de 21 anos, medalha de bronze no Mundial de 2019, com um recorde pessoal de 26.50,16 e que, sem adversário à altura, obteve agora 27.11,01, a segunda melhor marca mundial do ano, a menos de um segundo da melhor. E, claro, a melhor marca jamais obtida em Portugal na distância (antes: Fabian Roncero, Espanha, 27.14,44, também na Taça daa Europa de 1998). O segundo foi Shadrack Koech, com 27.59,19, e o primeiro português, após quatro africanos, foi João Almeida, com 29.58,86.
As presenças portuguesas valeram essencialmente pelas marcas no meio-fundo curto, com alguns jovens a confirmarem os seus progressos. Foi o caso nos 1500 m, com um despique cerrado na reta final entre dois atletas sub’23 e vitória de Isaac Nader, que aguentou bem o ataque final de Nuno Pereira: 3.40,22 para o vencedor, a 25 centésimos do seu melhor; e 3.40,35 para o segundo, recorde pessoal por quase dois segundos (tinha 3.42,10 em pista coberta). Nos 1500 m femininos, ganhos pela experiente Salomé Afonso, com 4.15,17, duas juniores conseguiram recordes pessoais: Rita Figueiredo, com 4.24,74 (tinha 4.29,30 em pista coberta), e Camila Gomes, com 4.26,76 (4.32,85 em pista coberta). Depois, nos 3000 m obstáculos, ganhou o espanhol Alejandro Quijada, com 8.37,02, e Etson Barros teve uma progressão notável, de 8.59,12 em 2019 para 8.42,84, derrotando André Pereira (8.44,99). Recorde pessoal também para Miguel Mascarenhas (8.53,75).
Nas restantes corridas, há a registar os 10,59 (v:-1,0) do regressado Carlos Nascimento, folgado vencedor dos 100 m; a vitória de Lorène Bazolo (11,61) sobre Rosalina Santos (11,65) nos 100 m (v:-1,2); o recorde pessoal de Ericsson Tavares nos 400 m (48,09 contra 48,17 em pista coberta), ganhando com mais de dois segundos de vantagem; a vitória folgada de João Vítor Oliveira nos 110 m barreiras, com 14,17 (v:-1,2); e novos progressos de Catarina Queirós nos 100 m barreiras, de 13,91 em 2020 para 13,70, derrotando Olímpia Barbosa (13,89) e Fatoumata Baldé (14,05). Vera Lima ganhou os 400 m em 58,40.
No salto em comprimento, Tiago Pereira (7,49/-0,4 – recorde pessoal por 2 cm) derrotou Ivo Tavares (7,30/-0,7) e André Pimenta (7,20/-0,3); e Evelise Veiga ganhou no setor feminino, com 6,22, mais sete centímetros que Agate Sousa. Na altura, triunfos folgados de Gerson Baldé (2,13 e com 2,16 não distantes) e Ana M. Oliveira (1,74).
Em suma: um meeting bastante positivo e com uns sensacionais 10000 metros femininos.
A Atleta em causa não é Queniana.
Tem razão, é etíope. Obrigado pela chamada de atenção.
Manuel Sequeira