O alemão Johannes Vetter, de 28 anos, é o grande candidato à medalha de ouro olímpica no lançamento do dardo. Campeão mundial em 2017 e 2019, detém um recorde pessoal de 97,76 m, muito próximo do recorde mundial que pertence ao checo Jan Zelezny com 98,48 desde 1996.
Ele mostrou-se agora muito crítico para com o controlo antidoping desde o início da pandemia. Em 2020, as habituais 25 ou 30 coletas que fazia durante uma época, caíram para menos de 15. Outros companheiros da modalidade sentiram a mesma diminuição do número de testes.
“A situação está muito difícil de gerir. Soube de vários atletas que disseram ter sintomas de Covid para dispensar o funcionário de controlo que faz a coleta das amostras de urina e sangue. Pelo protocolo, nesses casos o funcionário tinha simplesmente de ir embora. Eu sou 100% limpo, nunca diria algo assim para um funcionário nem jamais lhe mentiria, dizendo que estou a tossir ou com febre. Mas, ainda assim, eu tive menos controles de doping do que em anos anteriores”, disse Vetter.
Ele também ouviu relatos de atletas de todo o mundo – ele não cita nomes – que escapavam dos testes obrigatórios usando a Covid-19 como pretexto.
Vetter teme que esta situação inédita causada pela pandemia beneficie os batoteiros nos JO de Tóquio. “Não quero falar mal de outras nações, até porque não sei como funcionam os sistemas delas a 100%. Mas tenho a certeza de que os atletas que querem dopar-se, que são sujos, encontram sempre uma forma de burlar o sistema. E em 2020 e até agora em 2021, o trabalho deles foi muito facilitado”.
Vetter afirmou ainda que pediu a Thomas Bach, presidente do COI, mais zelo com o controlo antidoping antes dos Jogos Olímpicos. “Ele comprometeu-se a promover Jogos Olímpicos limpos. Disse que haveria mais testes entre seis a oito semanas antes dos Jogos. Mas isso não faz sentido para mim, porque os atletas que se dopam de maneira profissional, começam muito mais cedo. Talvez tenham tomado um monte de coisas durante a preparação e limparam-se oito semanas antes dos Jogos. É assim que funciona”.