Abdi Abdirahman é o atleta norte-americano mais velho a fazer parte de uma equipa olímpica. Com 44 anos de idade, vai estar nos seus quintos Jogos Olímpicos, correndo a maratona.
Nas seletivas olímpicas disputadas em 2020, ele surpreendeu ao terminar em 2h10m03s, garantindo uma das três vagas.
Como o seu próprio nome indica, ele é mais um emigrante africano naturalizado norte-americano. Quando era adolescente, Abdirahman e a sua família decidiram mudar-se para os Estados Unidos, fugindo da guerra civil na Somália.
“Olhando para trás, era uma bela vila onde eu jogava com os meus amigos. Era um bairro normal, jogávamos futebol, íamos à escola. Fizemos as coisas normais que as crianças normais fazem.”
“Quando se tem uma vida normal, emprego, casa, comida, tem-se tudo o que sempre se quis. Então, tivemos que deixar tudo.”
“Então, não se sabe para onde estamos a ir, não temos um plano. Não sabemos onde estaremos amanhã, ou mesmo cinco anos. Isso foi o mais difícil.”
Quando Abdirahman chegou aos Estados Unidos, ele tinha um histórico desportivo mínimo, especialmente nas corridas. Ele utilizou inicialmente o desporto como uma forma de fazer amigos. “Eu só queria encaixar-me com os meninos.”
Conheceu pela primeira vez Dave Murray, que era um treinador assistente da Universidade do Arizona. “Ele não era um grande corredor para ganhar uma bolsa de estudos, mas havia algo nele que eu gostava”, disse Murray.
Depois de ter visto Abdirahman correr apenas algumas vezes, Murray arriscou e recrutou-o e em boa hora o fez. Em 1998, ele foi nomeado o Atleta Masculino do Ano da Conferência Pacific-10 de Corta-Mato.
O ano de 2000 foi talvez o melhor de todos eles. Ele tornou-se um cidadão americano, classificou-se para os seus primeiros Jogos Olímpicos e conseguiu o seu primeiro grande contrato de patrocínio.
Todas as estradas levam a Tóquio e à maratona
Quando ele fez a sua estreia nos Jogos em Sydney 2000, classificou-se em 10º lugar nos 10.000 metros. Em Atenas 2004 e Pequim 2008, ele terminaria em 15º lugar. Na maratona de Londres 2012, Abdirahman não conseguiu finalizar, devido a uma lesão no joelho, e também perderia o Rio 2016 por lesão.
Mas agora, Tóquio espera por ele e é motivado por aqueles que duvidam dele. “Eles nunca pensaram que eu iria entrar para a equipa olímpica, achavam que eu era muito velho, já havia passado do meu auge há muito tempo atrás. E estou feliz que eles digam isso, porque eles apenas me motivam, eles dão-me aquele pequeno fogo.”
Depois de ter sido terceiro nas seletivas dos Estados Unidos, ele espera superar as expectativas mais uma vez, quando correr em Tóquio.