O Quénia é conhecido no mundo do atletismo pela qualidade dos seus atletas no meio-fundo e fundo. Mas nos JO de Tóquio, dois sprinters quenianos conseguiram uma vaga nos 100 metros e esperam mudar a imagem atual. São eles, Ferdinand Omanyala e Mark Otieno, que acreditam que podem surpreender, numa prova agora mais aberta, órfã de Usain Bolt.
Será a primeira vez que o Quénia terá sprinters nos 100 m em Jogos Olímpicos. “A maioria das pessoas no mundo não acredita que os quenianos possam correr, mas estamos a mudar isso lentamente”, disse Omanyala, que detém o recorde nacional com 10,01s e garantiu uma vaga em Tóquio nas seletivas olímpicas do Quénia.
“Não é só para os jamaicanos e os Estados Unidos, eles não são de aço, não usam gasolina. É só a cabeça. Mude a cabeça e tudo muda”, acrescentou.
No entanto, o percurso de Omanyala para Tóquio não foi fácil. Ele cumpriu uma suspensão de 14 meses por ter acusado positivo numa análise antidoping, imposta em 2017 pela Agência Antidopagem do Quénia e teve que lutar contra as autoridades do país para superar as suas regras que proíbem a seleção olímpica de ter atletas dopados.
Otieno, que tem um recorde pessoal de 10,05s, também está convencido de que chegou o momento de derrubar o habitual domínio dos jamaicanos e norte-americanos.
Otieno disse que planeia abordar a prova enfrentando cada etapa de cada vez. “Estou ansioso para chegar à final e ver quem vai levar as medalhas”.
Por sua vez, Omanyala espera baixar dos 10 segundos nos Jogos. “Não importa que tipo de sub-10 será 9,60, 9,50, eu vou fazê-lo”, disse ele. O recorde mundial de Bolt é de 9,58.
Otieno disse que olhou para o norte-americano Trayvon Bromell como inspiração e mostrou admiração de como ele foi capaz de recuperar de lesões e voltar à luta olímpica.
Bromell fez esta época 9,77 s, melhor marca mundial da época, é o favorito à medalha de ouro, mas Omanyala afirmou que a prova pode ser vencida por outro.
“Não tenho medo de ninguém”, disse ele. “Vou para essa prova sabendo que também sou igual a eles, todos nós nos classificámos”, disse ele. “Eu posso ganhar, por que não?”