O Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro foi fundado em 1978 e tem atualmente 43 atletas. Armindo Bernardo é o presidente do clube que conta com vários atletas internacionais e campeões nacionais.
O Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro (NDJL) está localizado no concelho de Almada. Nasceu em 27 de Outubro de 1978 e na sua origem, estiveram 4/5 pessoas que pertenciam à Secção Juvenil de um outro clube da região, que como ainda acontece com boa parte dos clubes, só se preocupava com o futebol.
Armindo Bernardo, que esteve na origem do novo clube, conta-nos como foi: “Críamos o clube numa reunião com os pais dos miúdos desse clube e nesse fim de semana, fomos logo a um torneio de disciplinas técnicas na extinta pista do antigo Estádio da Luz”.
Armindo Bernardo é o presidente do NDJL desde a sua fundação, sendo ainda o responsável da Secção de Atletismo e coordenador dos treinadores.
O clube tem uma sede num espaço cedido pela Câmara Municipal de Almada e conta atualmente com cerca de 50 sócios que pagam quotas entre um e dez euros mensais. Os não-atletas pagam um euro e os atletas, pagam entre 2 a 10 euros.
Vários atletas internacionais e olímicos e campeões nacionais
O NDJL tem esta época 43 atletas inscritos, dos quais, 32 federados. A Secção de Atletismo existe desde a fundação do clube e é por agora, a única em atividade. Conta com sete treinadores: Armindo Bernardo, Joaquim Neves, Rui Santos, Carlos Cunha, Vanda Santos, Domingos Santos e Adriano Diogo.
Os seus atletas participam em provas de estrada, corta-mato e pista, com Armindo Bernardo a mostrar-se muito satisfeito com a prestação dos atletas ao longo dos anos. Dário Manso, Carla Tavares, Arnaldo Abrantes e Afonso Jantarada foram atletas internacionais quando eram atletas do Núcleo. Carlos Silva e Sílvia Cruz, nascidos no clube, foram mais tarde internacionais quando representavam o SL Benfica e o Sporting CP. Teve ainda três atletas que chegaram a olímpicos, Carlos Silva, Arnaldo Abrantes e Sílvia Cruz.
Teve sete campeões nacionais: Carlos Silva, Dário Manso, Carla Tavares, Souskay Varela, Arnaldo Abrantes, Diana Spencer e Cecília Rebocho. Ainda como recordistas nacionais enquanto atletas do Núcleo, tem Paula Oliveira, Carlos Silva e Arnaldo Abrantes.
Dos atuais atletas, o clube tem um atleta, João Oliveira, que está no Projeto de Esperanças Olímpicas. Conta agora com três campeões nacionais (Márcio Horta, João Oliveira e Eduardo Neves) e três atletas internacionais: (Márcio Horta, Inês Diogo e João Oliveira). Um recordista nacional (Márcio Horta) e um regional (João Oliveira). Armindo salienta que nenhum destes atletas pertence à área do meio-fundo ou fundo.
“O apoio da Câmara é muito diminuto, sem o apoio da Junta de Freguesia, já tínhamos fechado”
Objetivo de chegar ao pódio nos Campeonatos Nacionais
Os objetivos para esta época passam pela participação nos Campeonatos Nacionais individuais, tentando o maior número de pódios e se possível, um título nacional. Tem por agora, sete atletas com mínimos nacionais, dos quais, quatro são mínimos do escalão sénior.
Um Torneio Internacional de Lançamentos e outro de Salto em Altura
Atualmente, o clube organiza duas provas com um excelente lote de participantes, ambos em colaboração com a Junta de Freguesia do Laranjeiro e Feijó, que assume os custos: o Torneio Internacional de Lançamentos e o Salto em Altura em Sala, este já com sete edições e uma média de 83 participantes, tendo já chegado aos 105.
O Torneio de Lançamentos teve cinco edições com uma média de 101 participantes e 129 no máximo. Este ano, o dardo contou com a participação de Keshorm Walcott, de Trinidad e Tobago (81,26 m) e Leandro Ramos (79,27 m). No peso, de Tsanko Arnaudov (19,61 m) e do ucraniano Roman Kokoshoko (18,21 m). Em 2018, Jéssica Inchude bateu o recorde nacional do peso com 17,46 m.
“A pista (da Sobreda) está a precisar de manutenção, já vai fazer 25 anos”
Orçamento de 15 mil euros
O orçamento anual ronda os 15 mil euros. A sede deve-se à Câmara Municipal e há um protocolo estabelecido com a Junta de Freguesia. Segundo Armindo, “O apoio da Câmara é muito diminuto, sem o apoio da Junta de Freguesia, já tínhamos fechado”.
A nível privado, o clube tem contado nos últimos anos com um importante apoio da Farmácia Ideal que tem patrocinado os equipamentos completos. “Tem sido uma ajuda enorme”.
Os subsídios são naturalmente insuficientes para fazer face às despesas. Vale a quotização e as dádivas de alguns pais. E poupar sempre que possível. Por exemplo, quando os atletas fazem viagens longas para os Campeonatos Nacionais, divide-se sempre que possível as despesas de transporte com os Amigos de Atletismo da Charneca da Caparica. As dificuldades financeiras levam por exemplo a que o clube não participe em Campeonatos Nacionais de Clubes.
Nos apoios aos atletas, estes quando entram para o clube, pagam a sua inscrição inicial e a quota. Depois, o clube paga os equipamentos, as inscrições para as provas, transportes e alimentação. Os atletas que têm mínimos nacionais, recebem prémios monetários simbólicos. Há que destacar ainda o facto de os treinadores trabalharem gratuitamente.
Dificuldade no acesso à Pista da Sobreda a precisar de obras urgentes
Armindo fala-nos das principais dificuldades na prática da modalidade. Para além da necessidade de mais apoios financeiros, refere-nos a dificuldade no acesso e alguma degradação da Pista Municipal da Sobreda. “Só temos dois dias por semana para os lançamentos, ao final da tarde e durante muito pouco tempo. E é para todos os clubes ao mesmo tempo”. E acrescenta: “A pista está a precisar de manutenção, já vai fazer 25 anos”.
Núcleo Desportivo Juvenil do Laranjeiro
Concelho: Almada
Ano fundação: 1978
Presidente: Armindo Bernardo
Sócios: 50
Atletas: 43, sendo 32 federados
Técnicos: 7
Orçamento: 15 mil euros
Treinar em pandemia
Com o aparecimento da pandemia em 2020, muitas atividades tiveram que ser suspensas, um pouco por todo o lado. Foi o que se passou com o NDJL. “Parou tudo na fase mais crítica. Mas depois, os atletas começaram a treinar ao ar livre e mais tarde, na pista. Este ano, chegámos a treinar num espaço exterior dos AA da Charneca da Caparica. Como os ginásios estavam encerrados, chegámos a levar alguns equipamentos para a casa de dois jovens”.
“É importante tirar os jovens da rua. Não queremos que eles fiquem apenas pelos jogos de computador”
Medronhos em excesso no Parque da Bela Vista
Estórias não faltam aos atletas do NDJL. A primeira passou-se numa prova de corta-mato. “Tivemos um atleta que foi a uma prova no Parque da Belavista em Lisboa. Ele comeu medronhos em excesso lá no Parque, sentiu-se mal na viagem e chegou a vomitar”.
Cortar a meta sem um sapato
Noutra prova de corta-mato disputada na Amadora, um jovem perdeu um sapato durante a prova. Fez o resto do percurso com um pé descalço e no final, voltou atrás para buscar o sapato que ainda estava no mesmo sítio.
Onde está o frango?
Esta passou-se numa prova em Coimbra. “Levámos três atletas, como não havia dinheiro para irmos a um restaurante, comprámos frangos. O que sobrou, ficou para o lanche. Mas depois quando fomos ver, eles já tinham comido o resto do frango”.
Desclassificado por provas em excesso
Finalmente, esta estória menos agradável para um atleta num Nacional de Juvenis em pista coberta. No triplo salto, ele fez um primeiro salto que o deixou à frente do concurso. Mas depois, veio o juiz árbitro a desclassificar o atleta porque já era a quarta prova em que ele participava e os regulamentos federativos apenas autorizava três provas.
Tirar os jovens da rua
A terminar, Armindo quis deixar uma mensagem: “Queremos continuar este trabalho, é importante tirar os jovens da rua. Não queremos que eles fiquem apenas pelos jogos de computador”.