A época de 2021, no que ao setor masculino diz respeito, foi positiva. Teve como ponto alto, o título olímpico de Pedro Pichardo, com recorde nacional do triplo, à beira dos 18 metros (17,98), mas há a salientar ainda os recordes nacionais do dardo batidos pelo ainda sub’23 Leandro Ramos e as nada menos de 26 mexidas no top’10 das várias especialidades. Num ano ainda marcado pela Covid’19, pandemia que reduziu muito a atividade em 2020 e ainda terá tido alguns reflexos na preparação da época de 2021, os rankings nacionais acabaram por ser positivos, não se diferenciando muito dos de 2019, que haviam sido os melhores de sempre. As corridas conseguiram as melhores médias top’10 desde 2004. Os saltos e lançamentos ficaram um pouco aquém dos últimos anos e registaram-se recordes nas médias dos 110 m barreiras (top’10 e top’20) e martelo (top’20).
Uma curiosidade: 2021 foi um ano excelente relativamente às marcas top (como já vimos relativamente às alterações nos top’10 de sempre): das 18 provas habitualmente consideradas, apenas em três (200 m, 400 m, comprimento) os líderes de 2019 fizeram melhor que os de 2021 e na altura houve igualdade. Mas se formos ver a profundidade dos rankings, e considerando as nossas habituais marcas limite, verifica-se que em 2019, são 841 os atletas que integram os rankings, contra apenas 718 em 2021. Efeitos da pandemia?
Vejamos as pontuações dos últimos 10 anos (e as melhores de sempre) das 10 e 20 melhores marcas:
10 MARCAS MASCULINAS | ||||
Corridas | Saltos | Lanç. | Total | |
2012 | 991,3 | 963,5 | 871,5 | 956.6 |
2013 | 990,3 | 976,7 | 877 | 960,3 |
2014 | 1000,3 | 985 | 875 | 967,2 |
2015 | 994,6 | 993,7 | 869,2 | 964,9 |
2016 | 986,8 | 985,5 | 871 | 859,3 |
2017 | 995,8 | 985 | 878,2 | 965,6 |
2018 | 1015,3 | 1007,2 | 900 | 986,3 |
2019 | 1015,4 | 1015 | 912,5 | 991,1 |
2020 | **** | 1000,2 | 885,7 | **** |
2021 | 1022,8 | 994 | 896 | 986,2 |
Melhor | 1030,8 | 1015 | 912,5 | 991,1 |
Ano | -2000 | -2019 | -2001 | -2019 |
20 MARCAS MASCULINAS | ||||
Corridas | Saltos | Lanç. | Total | |
2012 | 942,3 | 906,2 | 787,5 | 897,4 |
2013 | 941,7 | 913,2 | 794,5 | 900,4 |
2014 | 949,2 | 925 | 793 | 906,7 |
2015 | 946,9 | 931 | 788,7 | 905,9 |
2016 | 942,9 | 921,2 | 791 | 902,1 |
2017 | 949,4 | 920,2 | 798,5 | 907,1 |
2018 | 973,6 | 940,2 | 804,5 | 925,9 |
2019 | 971,1 | 947,7 | 821,5 | 930,4 |
2020 | **** | 929,5 | 799,7 | **** |
2021 | 967,9 | 934,7 | 810 | 922,9 |
Melhor | 983,8 | 947,7 | 821,5 | 930,4 |
Ano | -1992 | -2019 | -2019 | -2019 |
Nota: não se consideram as provas de 10000 m, marcha e decatlo, devido à sua escassa profundidade
Poderá ver todas as médias e pontuações, prova a prova, desde 1946, em http://atletismo-estatistica.pt/anuais/medias-e-pontuacoes/
Leandro Ramos e Tiago Pereira completam o pódio
Em termos internacionais – e para além dos Jogos de Tóquio e o Europeu de pista coberta, a época ficou marcada pela honrosa (embora algo modesta) presença portuguesa na Superliga do Europeu de Seleções, agora reduzida a oito equipas (que foram sete neste caso). Portugal foi naturalmente último, regressando à “sua” I Liga.
A nível nacional, o Benfica somou sem surpresa, o 11º título consecutivo, com 19 pontos de vantagem sobre o Sporting. O SC Braga voltou a fechar o pódio, pelo 4º ano consecutivo.
PÓDIO
1º PEDRO PICHARDO (BENFICA)
Campeão olímpico por boa margem e com recorde nacional à beira dos 18 metros (17,98), campeão europeu, vencedor da final da Liga de Diamante, dominou por completo o panorama mundial do triplo.
2º LEANDRO RAMOS (BENFICA)
Ainda sub’23 (e continuará a sê-lo em 2022), bateu por cinco vezes o já seu recorde nacional do dardo, progredindo quase cinco
metros (77,52-82,44) e passando pela primeira vez dos 80 metros, marca que ultrapassou em quatro competições. Foi 2º no Europeu Sub’23.
3º TIAGO PEREIRA (SPORTING)
“Tapado” por Pichardo, não deixou de brilhar no triplo, ao progredir de 16,60 até 17,11 (foi 2º no meeting da Liga de Diamante de Gasteshead). Foi 2º no Europeu de Seleções e ganhou lugar na final da Liga de Diamante (5º). Subiu a 3º de sempre no triplo.
MENÇÕES HONROSAS
Aos 45 anos, João Vieira também merecia um lugar no pódio, pelo seu 5º lugar nos 50 km marcha olímpicos. Soma e segue… Francisco Belo, acima dos 21 metros no peso (21,28 em pista coberta) continua a progredir e foi 4º no Europeu de pista coberta e 2º na Taça da Europa de Lançamentos. Embora algo irregulares ao longo da época, João Vítor Oliveira (13,58 nas barreiras) e António Vital Silva (74,16 no martelo) são terceiros de sempre, tal como o decatlonista Abdel Larrinaga (7472 p.). Nesta especialidade, os jovens Edgar Campre (7452) e Manuel Dias (7400) continuam a progredir bem. Outros jovens a progredir bem são Isaac Nader (1.47,93-1.46,42 nos 800 m e 3.39,97-3.37,01 nos 1500 m) e Etson Barros (ver Confirmação), parecendo dar nova vida ao meio-fundo nacional, no qual Samuel Barata (13.31,90 e 28.03,94) continua a destacar-se. Mas também se destacaram o velocista Delvis Santos, surpreendente líder nos 200 m, com 20,74; os “quatrocentistas” João Coelho (progrediu de 46,81 para 46,29), Mauro Pereira (47,48-46,41) e a revelação Ericsson Tavares (48,25-46,61); o varista Carlos Pitra (4,95-5,30); e o martelista Rúben Antunes (69,85-71,66), numa época rica em marcas de top.
A CONFIRMAÇÃO: ETSON BARROS (BENFICA)
Já dera nas vistas em épocas anteriores (3º em Europeus de juvenis e juniores) mas neste seu primeiro ano como sub’23, registou grandes progressos, sagrando-se vice-campeão europeu de sub’23 e progredindo de 8.59,12 para 8.38,00 nos 3000 m obstáculos.
A REVELAÇÃO: JOÃO FERNANDES (AD NOVAS LUZES)
Ainda juvenil de primeiro ano, progrediu no dardo/700 g de 53,22 para 67,77 (no Olímpico Jovem), com outra marca de 66,27 (no Nacional de Juvenis), ameaçando o recorde juvenil de Tiago Aperta (69,84) e fazendo já melhor que Leandro Ramos enquanto juvenil (67,39).
OS PÓDIOS ANUAIS DA REVISTA ATLETISMO
1998 | 1º António Pinto | 2º Rui Silva | 3º Carlos Silva |
1999 | 1º António Pinto | 2º Rui Silva | 3º Luís Novo |
2000 | 1º António Pinto | 2º Mário Aníbal | 3º Carlos Calado |
2001 | 1º Carlos Calado | 2º Rui Silva | 3º Mário Aníbal |
2002 | 1º Francis Obikwelu | 2º Rui Silva | 3º João Vieira |
2003 | 1º Rui Silva | 2º Alberto Chaíça | 3º João Vieira |
2004 | 1º Francis Obikwelu | 2º Rui Silva | 3º Alberto Chaíça |
2005 | 1º Rui Silva | 2º Francis Obikwelu | 3º Paulo Bernardo |
2006 | 1º Francis Obikwelu | 2º Nelson Évora | 3º João Vieira |
2007 | 1º Nelson Évora | 2º Rafael Gonçalves | 3º Arnaldo Abrantes |
2008 | 1º Nelson Évora | 2º António Pereira | 3º Marco Fortes |
2009 | 1º Nelson Évora | 2º Marco Fortes | 3º José Moreira |
2010 | 1º João Vieira | 2º Marco Fortes | 3º Francis Obikwelu |
2011 | 1º Marco Fortes | 2º Nelson Évora | 3º Marcos Chuva |
2012 | 1º Marco Fortes | 2º João Vieira | 3º João Almeida |
2013 | 1º João Vieira | 2º Marcos Chuva | 3º Rasul Dabo |
2014 | 1º Vítor Ricardo Santos | 2º Yazaldes Nascimento | 3º Marco Fortes |
2015 | 1º Nelson Évora | 2º Yazaldes Nascimento | 3º Tsanko Arnaudov |
2016 | 1º Tsanko Arnaudov | 2º Nelson Évora | 3º Paulo Conceição |
2017 | 1º Nelson Évora | 2º Tsanko Arnaudov | 3º Francisco Belo |
2018 | 1º Nelson Évora | 2º Vítor Ricardo Santos | 3º Tsanko Arnaudov |
2019 | 1º João Vieira | 2º Pedro Pichardo | 3º Francisco Belo |
2020 | 1º Paulo Conceição | 2º Tiago Pereira | 3º Gerson Baldé |
2021 | 1º Pedro Pichardo | 2º Leandro Ramos | 3º Tiago Pereira |
POSITIVO DA ÉPOCA
- O título olímpico de Pedro Pichardo e o 5º lugar de João Vieira
- A vitória de Pedro Pichardo e o 4º lugar de Francisco Belo no Europeu de pista coberta
- O 2º lugar de Francisco Belo e o 3º (sub’23) de Rúben Antunes na Taça da Europa de Lançamentos
- A vitória de Isaac Nader na Superliga do Europeu de Seleções
- As medalhas de Etson Barros (2º), Leandro Ramos (2º) e Isaac Nader (3º) no Europeu de Sub’23
- Os recordes nacionais de Pedro Pichardo e Leandro Ramos e o nível geral das marcas top da época
NEGATIVO DA ÉPOCA - A presença modesta no Europeu de Seleções, apesar do último lugar ser inevitável
- Fraca presença na Taça da Europa de 10000 m
- Bem menos atletas a atingirem as marcas para integrarem os rankings nacionais, facto a que não será alheia a pandemia do Covid’19.
RECORDES DE PORTUGAL BATIDOS EM 2021
Dardo | Leandro Ramos (Benfica) | 78,44 | Lisboa-N2 | 21-02-2021 |
Dardo | Leandro Ramos (Benfica) | 79,01 | Vagos | 17-04-2021 |
Dardo | Leandro Ramos (Benfica) | 80,81 | Vagos | 17-04-2021 |
Dardo | Leandro Ramos (Benfica) | 81,32 | Maia | 23-06-2021 |
Dardo | Leandro Ramos (Benfica) | 82,44 | Castelo Vide | 31-07-2021 |
Triplo | Pedro Pichardo (Benfica) | 17,98 | Tóquio | 05-08-2021 |
ALTERAÇÕES NO TOP’10 NACIONAL DE SEMPRE
1º | Pedro Pichardo | SLB | triplo | 17,98 |
1º | Leandro Ramos | SLB | dardo | 82,44 |
2º | Francisco Belo | SLB | peso | 21,28pc |
3º | João Vítor Oliveira | SLB | 110 bar. | 13,58 |
3º | Tiago Pereira | SCP | triplo | 17,11 |
3º | António Vital Silva | SLB | martelo | 74,16 |
3º | Abdel Larrinaga | GDE | decatlo | 7472 |
4º | Décio Andrade | SLB | martelo | 73,57 |
4º | Edgar Campre | SLB | decatlo | 7452 |
5º | Delvis Santos | SLB | 200 m | 20,74 |
5º | João Coelho | IND | 400 m | 46,29 |
5º | Isaac Nader | SLB | 800 m | 1.46,42 |
5º | Isaac Nader | SLB | 1500 m | 3.37,01 |
5º | Rúben Antunes | SCP | martelo | 71,66 |
5º | Manuel Dias | U. TOMAR | decatlo | 7400 |
6º | Mauro Pereira | CPTSC | 400 m | 46,41 |
6º | Abdel Larrinaga | GDE | 110 bar. | 13,81 |
6º | Otoniel Badjana | SLB | peso | 18,16 |
7º | Edson Gomes | SLB | 110 bar. | 13,85 |
7º | Emanuel Sousa | SLB | disco | 58,85 |
8º | Carlos Pitra | SCP | vara | 5,30 |
9º | Ericsson Tavares | CAS | 400 m | 46,61 |
9º | João Pedro Buaró | GDE | vara | 5,25 |
9º | Daniel Santiago | SCP | peso | 17,20 |
10º | Francisco Barreto | SCB | altura | 2,15 |
10º | Ilírio Nazaré | SCP | dardo | 69,30 |
Manuel Dias é atleta do União Tomar.
OBRIGADO PELA RETIFICAÇÃO.