A medalhada de prata olímpica da Namíbia, Christine Mboma, e a sua compatriota Beatrice Masilingi falaram sobre a proibição de poderem correr os 400 metros nos JO de Tóquio, descrevendo-a como “uma péssima experiência”, “bastante perturbadora” e “difícil de perceber”.
No início de Julho, a World Athletics detetou que elas tinham diferenças no desenvolvimento sexual (DSD) e elevados níveis naturais de testosterona. De acordo com as regras em vigor, elas deviam tomar medicamentos para reduzir a sua testosterona natural para poderem participar em provas entre os 400 m e a milha.
Tal, impediu as duas atletas de poderem competir nos JO de Tóquio na sua distância preferida, os 400m na sua estreia olímpica.
No início do ano, Mboma bateu o recorde mundial dos 400 m no escalão sub-20 em 48,54 s, enquanto Masilingi correu em 49,53.
Ambas optaram pelos 200 m em Tóquio, com Mboma a estabelecer novo recorde mundial sub-20 com 21,81 e a conquistar uma medalha de prata – a primeira medalha olímpica da Namíbia desde Atlanta 1996.
Masilingi registou um recorde pessoal de 22,28 s, terminando em sexto lugar.
De acordo com o jornal namibiano New Era , a dupla falou pela primeira vez sobre a polémica proibição de correrem 400 metros.
Masilingi disse que a suspensão dos 400 m foi uma grande fonte de frustração e que o foco nos 200 m exigia a curto prazo uma preparação muito diferente.
“Foi bastante perturbador no início, foi difícil de compreender mas com o passar do tempo, não tivemos escolha senão concentrarmo-nos no lado positivo das coisas”, comentou Masilingi. “Então, decidimos voltar o nosso foco e atenção para os 200 m e começámos a trabalhar nisso. Tivemos que nos ajustar rapidamente. Tal exigia que mudássemos rapidamente os nossos pensamentos, mentalmente e fisicamente, antes dos Jogos Olímpicos. Literalmente, tivemos que mudar a forma como fazemos as coisas na pista.”
Mboma concordou com os sentimentos de Masilingi, explicando o impacto da decisão sobre o treino para os Jogos Olímpicos. “Muito decepcionada”, admitiu Mboma.
“Foi uma má notícia porque o nosso foco esteve sempre nos 400 m e estivemos a treinar o tempo todo para os 400 m. Mas agora, dizem que não podes correr 400 m”.
“Não tínhamos a certeza se poderíamos realmente ir bem nos 200m, mas não tínhamos escolha. Foi uma péssima experiência”.
“Mas conversámos com o nosso treinador e decidimos fazer os 200 m. Sair dos blocos de partida durante o treino para os 200 m, foi um pouco problemático. Mas se acreditas em ti mesma, tudo é possível.”
Depois dos JO de Tóquio, Mboma venceu os 200 m do Campeonato Mundial de Atletismo Sub-20 disputado em Nairóbi, com Masilingi a ser medalha de prata nos 100 e 200 m.
Mboma também triunfou em dois meetings da Liga Diamante, em Bruxelas e Zurique e noutros dois meetings do World Athletics Continental Tour Gold, em Zagreb e Nairobi, também nos 200m.