Dezenas de atletas portugueses publicaram ontem um extenso comunicado nas redes sociais, deixando muitas críticas à Federação Portuguesa de Atletismo relativamente ao estado lastimável em que se encontra a modalidade.
Entre o grupo de atletas de alta competição que pediu a demissão da atual Direção da FPA estão Rui Pinto, Sara Moreira, Jéssica Augusto, Dulce Félix, Emanuel Rolim, Hermano Ferreira, Ana Cabecinha, Solange Jesus, Licínio Pimentel, Carla Salomé Rocha, Sara Catarina Ribeiro, José Moreira, Rui Pedro Silva, Salomé Rocha, Doroteia Peixoto, Tsanko Arnaudov, Vera Barbosa, Ricardo Ribas, Marisa Barros, Fernando Serrão, Susana Godinho, Laura Taborda, Hélio Gomes e Cátia Azevedo.
Eis o comunicado na íntegra:
“Vimos por este meio, face aos múltiplos acontecimentos, sejam os mais recentes, bem como outros, que ao longo dos vários anos têm afetado a nossa modalidade (atletismo), chegou o momento de dizer basta e mostrar de uma forma clara e transparente, todo o nosso desagrado. O atletismo atual não é aquele que queremos para nós atletas, nem é o mais indicado para o sucesso desportivo, a nossa modalidade vem sendo fustigada por mau dirigismo e está a seguir para um caminho sem retorno.
Queremos com isto dizer, que chegamos a um ponto em que verificámos que este não é o rumo que a nossa modalidade deveria seguir, infelizmente verificamos que esta direção continua sem demonstrar as competências necessárias para dirigir uma Entidade tão importante como a Federação Portuguesa de Atletismo.
Os mais recentes casos são: a falta de capacidade organizativa de um Campeonato Nacional, a qual, além de prejudicar a prestação dos atletas nela presentes, teve consequências na classificação individual e coletiva. Vários dias se passaram e um silêncio ensurdecedor se mantem sobre este caso, mais uma vez demonstrando que o Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo apenas surge nos bons momentos, não dando a cara quando a Federação que representa prejudica atletas e clubes, passando uma má imagem para toda a comunidade desta modalidade e não só. Por fim, enquanto atletas, custa-nos entender como é possível uma Federação publicar critérios de Seleção onde a nota dominante é a falta dos mesmos, indicando com isso a falta de organização e entendimento que reina dentro da própria instituição, assim como não é compreensível não se apostar no Campeonato da Europa com o preenchimento de todas as vagas disponíveis, pois entendemos que só dessa forma é que podemos proporcionar contatos internacionais aos nossos jovens, para que eles possam crescer como atletas e melhorar o seu nível competitivo.
Ao contrário do que possam pensar, esta Federação não foi escolhida por nós, sabemos que recentemente venceram umas eleições e esse será o argumento que os atuais responsáveis utilizarão para se defenderem, contudo, apesar de existir uma Associação de Atletas de Alta Competição, a qual deveria ser a representação de nós atletas, que também foi democraticamente eleita mas com impossibilidade de voto nas últimas eleições, temos conhecimento, que este direito lhes foi negado.
Relembrando que, os membros da anterior Associação, a qual nunca exerceu funções, apenas se serviu do direito de voto para eleger estes órgãos sociais da Federação, aproveitando inclusive para alguns desses elementos fazerem parte da mesma.
Este é apenas mais um ponto em que verificamos que a escolha dos Órgãos Sociais da instituição que nos deveria representar, não é de todo séria e isso está à vista de todos. O ponto fulcral de tudo isto, centra-se exatamente aqui, quem vota são as associações, não se preocupando com desagrado geral dos atletas, fica impossível não pensar que este jogo não esteja viciado, pois a cada quatro anos, com uma opinião geral de desagrado, esta direção mantêm-se.
Assim entendemos que, os votos das Associações Distritais não representam o mais importante desta modalidade, que somos nós Atletas.
Como tal, fazemos um apelo, para que as associações se preocupem não só em ouvir os clubes mas também os atletas. Nos momentos de decisão, façam-no com a consciência e responsabilidade de quem se está a preocupar com todos nós. O atletismo é uma modalidade com história e merece um tratamento diferente. Nós atletas merecemos um atletismo diferente, um atletismo melhor.
Lembrem-se que a Federação Portuguesa de Atletismo está ao serviço dos Atletas, Treinadores e Clubes e não o contrário como tem demonstrado nos últimos tempos.
Deste modo, solicitámos que reflitam sobre o assunto, e se sentirem que já deram tudo à modalidade e que não têm condições para alterar este paradigma, então certamente chegarão à conclusão, que só vos resta uma opção, a demissão.
Queremos gente séria, com ideias e vontade de trabalhar, para nos proporcionarem um futuro melhor. Queremos uma modalidade inovadora, com valores e que possa servir os nossos jovens, dando-lhes assim as condições necessárias para verem no atletismo um caminho para a concretização dos seus sonhos.
Gratos pela atenção dispensada,
Com os melhores cumprimentos,
Os atletas”