O doping positivo da jovem patinadora russa Kamila Valieva e a decisão do TAS em deixá-la continuar a competir nos Jogos Olímpicos de Inverno que estão a decorrer em Pequim, continua a gerar indignação e polémica no mundo do desporto.
Um dos protestos mais enérgicos pertenceu à norte-americana Sha’Carri Richardson, que não pôde estar nos JO de Tóquio por ter sido suspensa durante um mês, depois de ter testado positivo para cannabis no Campeonato Nacional do seu país
Sha’Carri Richardson publicou uma série de tweets criticando a diferença de tratamento entre ela e Valieva, chegando a afirmar que a razão pela qual ela foi suspensa reside no facto de ser negra. “Alguém pode-me dar uma resposta sólida sobre a diferença entre a situação de Valieva e a minha? A minha mãe morreu e eu não pude concorrer e fiquei entre as três primeiras. A única diferença que vejo é que sou uma jovem negra. É tudo com base na cor da pele.”
A atleta norte-americana reiterou que a cannabis não é uma substância para melhorar o desempenho, revelando que logo após o teste positivo, o seu nome foi completamente enxovalhado. “A cannabis não é definitivamente uma substância que melhora o desempenho!!! Testei positivo em Dezembro e o mundo inteiro soube do meu resultado em menos de uma semana e meu nome e talento foram massacrados pelas pessoas.”
O Comité Olímpico Internacional já respondeu a Sha’Carri Richardson, afirmando que não há “grande semelhança” entre o seu caso e o da violação antidoping da patinadora Kamila Valieva.
O caso de Valieva, de 15 anos, está em andamento, com a menor, que compete pelo Comité Olímpico Russo (ROC), a ser autorizada a competir em Pequim, depois do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) ter suspendido a sua suspensão provisória, apesar das apelações.
A Agência Internacional de Testes, em nome do COI, a Agência Mundial Antidoping (WADA) e a União Internacional de Patinagem entraram com recursos para restabelecer a suspensão que teria proibido Valieva de participar em mais provas nos JO de Pequim.
Valieva testou positivo para a substância proibida trimetazidina, um medicamento geralmente usado para prevenir ataques de anginas e ajudar o fluxo sanguíneo para o coração.
A patinadora alegou que a sua amostra positiva veio da contaminação do medicamento para o coração do seu avô.
A amostra positiva de Valieva foi em 25 de Dezembro durante o Campeonato Russo de Patinagem Artística em São Petersburgo.
O TAS aprovou o levantamento da suspensão, o que significa que ela está autorizada a competir na patinagem livre, que determinará as medalhadas.
Se a jovem chegar ao pódio, a cerimónia da entrega das medalhas não ocorrerá até que o resultado do caso de doping de Valieva seja conhecido.
É o caso da prova por equipas, na qual Valieva venceu as duas provas femininas para ajudar o ROC a conquistar a medalha de ouro.